Reciclagem do lixo eletrônico, o e- lixo, é oportunidade de
mercado
50 milhões de toneladas de resíduos são jogadas fora ao ano
no mundo.
No Brasil, empresas encontraram na reciclagem oportunidade de mercado.
O lixo eletrônico, também conhecido como e- lixo, é gerado
pelas constantes mudanças tecnológicas dos computadores e celulares. Cerca de
50 milhões de toneladas de resíduos eletrônicos são jogadas fora, todos os
anos, pela população do mundo. No Brasil, algumas empresas encontraram na
reciclagem de aparelhos descartados uma boa oportunidade de mercado.
Hoje existe mais de um celular por brasileiro. Toda hora
surgem modelos novos, toda hora as pessoas estão trocando os aparelhos. Mas o
que fazer com os velhos e ultrapassados? E não só celulares. TVs, sons,
computadores que a gente não quer mais. A solução é o descarte correto e a
reciclagem dos eletrônicos. Um lixo que vale dinheiro.
Computadores velhos, TVs e celulares descartados. Quando os
aparelhos eletrônicos ficam obsoletos, o empresário Marcus Oliveira entra em
cena, recolhe e trata o lixo eletrônico das empresas.
“Hoje, só no Brasil, a gente tem mais de um aparelho celular
para cada habitante. E além dos computadores, eletrônicos, tudo isso mais, a
cada dia vai sendo muito mais rápido descartado. E vai gerando um volume muito
grande”, afirma o empresário.
O negócio ganhou impulso com uma lei do governo federal de
2010, que obriga as empresas a cuidar do lixo eletrônico, para não contaminar o
meio ambiente. A lei estabelece que o consumidor deve devolver os produtos
usados nos mesmos lugares da compra. E as lojas que comercializam os produtos
são obrigadas a levá-los ao centro de triagem mais próximo.
“A lei é a Política Nacional dos Resíduos Sólidos que
institui diretrizes de como se destinar corretamente todo tipo de resíduos
sólidos no Brasil, entre eles, é citado na lei o resíduo eletroeletrônico. Ela
traz oportunidades para o negócio porque imputa sobre fabricantes, importadores
e grandes empresas, ou todo tipo de empresa, a responsabilidade de destinar
corretamente os seus resíduos eletroeletrônicos”, explica Ronilson Rodrigues
Freitas, da Associação Brasileira de Reciclagem.
A empresa de Oliveira cobra a partir de R$ 0,40 por quilo de
material recolhido. Se for para rastrear e destruir arquivos, esse valor pode
chegar a mais de R$ 2 por quilo.
Segundo o empresário, com R$ 50 mil dá para montar uma
pequena empresa de recolhimento de lixo eletrônico. O valor é para a estrutura
física do negócio e para obter a licença ambiental de funcionamento.
“Tem oportunidades para os novos pequenos empresários que
podem investir num negócio de manufatura reversa de equipamentos eletrônicos e
a gente pode inclusive, dar todo o apoio para essa empresa. De quer forma?
Adquirindo deles placas eletrônicas, por exemplo, que são fonte de receita”,
revela Oliveira.
Na empresa, o lixo eletrônico é desmontado a mão, peça por
peça. Depois, separado por categoria. Metais, plásticos, baterias. Eles são
entregues para empresas especializadas em reciclagem ou descarte.
Parte do lixo vale dinheiro. É o caso das placas eletrônicas
de computadores. Elas contem 17 tipos de metais. Alguns dá para ver fácil. Tem
o cobre, o alumínio, o ouro - uma camada bem fininha. Em uma caixa, por
exemplo, há mais de 30 gramas de ouro.
Marcus vende as placas eletrônicas para empresas na Europa,
que extraem os metais.
As carcaças plásticas dos eletrônicos são vendidas para uma
empresa nacional de reciclagem, e viram mais um negócio. São 230 toneladas por
mês de resíduos plásticos.
“Acredito que faça muita diferença para o meio ambiente,
porque imagina só um resíduo industrial, indo para um aterro, os aterros todos
superlotados, incineração também, muito difícil encontrar, custo muito caro,
acredito que 230 toneladas que a empresa faça hoje têm um retorno bem
significativo ao meio ambiente”, diz Eduardo Roberto Golçalves, da empresa de
reciclagem.
Os clientes querem matéria-prima com qualidade de nova e
preço de velha. Para isso, o essencial é não misturar plásticos variados. Entra
em cena uma mão de obra diferente: um especialista em cheiros.
“Raspando, a gente sente o odor do material. Esse aqui é
poliestireno. Esse é outro tipo de plástico é ABS. É usado na parte de
eletrônicos”, explica Rafael Batista, classificador de plástico.
O plástico separado é moído e depois limpo de resíduos.
Quanto mais puro, maior o valor. É uma caça às impurezas. Ela passa um imã pelo
plástico triturado em busca aos corpos estranhos. “É muita coisa. 50 quilos por
dia.”
O plástico segue para a próxima etapa, em um equipamento
chamado estrusora. É conhecida como máquina de fazer macarrão. Ela é bem
barulhenta. Derrete o plástico e solta em fios tipo espaguete, em temperatura
de 300 graus. Depois, mergulha na água e corre por uma banheira comprida, onde
o material esfria e endurece.
A secagem ocorre em vassouras improvisadas e vai para o
granulador, de onde sai o macarrão, em forma de grãos. Depois é só embalar e
vender. Depois do processo, o lixo de plástico vale R$ 4 o quilo e é muito
disputado pelo mercado.
O granulado é vendido para outra empresa onde, finalmente, o
lixo plástico volta a ser produto.
Ele é derretido e transformado em peças de comunicação
visual: acabamento para banners e cabos de bandeira. Com a matéria-prima
reciclada mais barata, os produtos custam até 50% menos que os feitos de
material virgem.
“É para empresa que quer comprar mais barato. E beneficia
nós também, os empresários, porque nós temos também um custo menor. Dá para ter
uma margem sim, mas beneficia tanto um quanto o outro”, relata a empresária
Vanda Guerra.
O mercado de reciclados é crescente. Por ano, o Brasil gera
mais de três quilos de lixo eletrônico por habitante. Agora, a lei força a
redução dessa quantidade e surgem as oportunidades de negocio.
“Nós não paramos de comprar eletroeletrônicos. Qualquer
consumidor não para de comprar. Quantos mais compramos, mais esse mercado vai
ter. A gente une os 2 mercados do futuro: informática e sustentabilidade,
unidos num mercado só. Então esse mercado é crescente e duradouro”, diz
Freitas, da associação de reciclagem. (g1)
Nenhum comentário:
Postar um comentário