Agroflorestas garantem água e biodiversidade na bacia do
Alto Paraguai
Municípios da Bacia
do Alto Paraguai estão desenvolvendo um projeto para a melhoria dos sistemas
produtivos da agricultura familiar através de cursos de capacitação e
elaboração de estudos que subsidiem a recuperação das Áreas de Preservação
Permanente (APPs). Na última semana, o Instituto Centro de Vida (ICV) realizou
um acompanhamento das atividades de manejo agroflorestal para a recuperação de
APPs em propriedades localizadas nos Projetos de Assentamento Capão Verde e
Peraputanga.
O objetivo foi
acompanhar as atividades nas áreas que integram o projeto, como a do Seu Adolfo
Quirino Oliveira e a do Seu Adão Martins Gouveia, e planejar os próximos passos
a serem executados.
O trabalho foi
realizado por João Gilberto Peixoto Milanez, educador em Práticas Sustentáveis
do ICV, em mutirão, com a participação de outros agricultores familiares que
desenvolvem iniciativas semelhantes. Durante os processos de manejo, Seu Adolfo
explicou que, apesar do trabalho ser árduo no começo, era muito satisfatório. “A
agroflorestal é muito importante, mas é preciso ter vontade, coragem e coração
para levar o trabalho adiante. Tenho muito orgulho do q ue foi realizado até
agora e que ficará para meus filhos e netos” disse o agricultor.
A recuperação da
floresta em torno do curso d’água permitiu a Seu Adolfo recuperar uma área que
estava totalmente degradada havia três anos, na qual cresce agora, mais de 35
espécies de árvores que oferecem frutos, sementes, sombras e abrigo para
animais e para as pessoas.
Seu Adão ressalta que
com o trabalho conseguiu evitar o assoreamento de um córrego presente na
propriedade, aumentando a disponibilidade da água para usos variados, como a
irrigação de plantios ou para a criação de gado, graças à uma roda d’água. Ele
relata que mesmo com tantos benefícios, a prática da recuperação de APPs ainda
é mal compreendida e menosprezada por ser considerada improdutiva ao trocar
pasto por árvores. “As pessoas, e até amigos meus, diziam que eu estava louco
de trocar grama por árvores. Mas graças a agrofloresta, agora tenho um rio que
já teria desaparecido e meu gado continua o mesmo. Não houve prejuízo algum, só
vantagens!”, afirma.
João Gilberto explica
que é necessário um trabalho constante de acompanhamento, realizado em várias
etapas, como a de plantio, a de poda e a de controle das espécies, para que os
resultados se consolidem. “O manejo das agroflorestas regular e constante é
fundamental para o sucesso da agrofloresta, e a consequente recuperação de
áreas degradadas” insiste o educador de práticas sustentáveis.
As atividades
desenvolvidas em municípios da bacia do Alto Paraguai fazem parte do Projeto
Conservação das cabeceiras do Paraguai, desenvolvido pelo ICV com apoio da
Ecossystem. (EcoDebate)
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