Introdução
Até pouco tempo atrás restrito a círculos científicos, o termo aquecimento global passou a ser usado
por muita gente - mesmo por quem não entende plenamente o que ele significa. O
inverno foi quente? Culpa do aquecimento global. Caiu uma tempestade? É o
aquecimento global. O calor está de rachar? Aquecimento global. Mas o que é o
aquecimento global? É um aumento significativo da temperatura média
da Terra em período relativamente curto, em razão da atividade humana.
Uma elevação da temperatura do planeta de 1° Celsius ou mais ao longo de
100 ou 200 anos caracteriza o aquecimento global. Aumento de 0,4° C num
século já é algo considerável - e o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas avalia que ao
longo do século passado a temperatura média da superfície da Terra tenha subido
de 0,4° C a 0,8° C.
Neste artigo, aprenderemos o que é o aquecimento global, o que o causa e
quais são seus efeitos.
Para começar, vamos ver a diferença entre tempo e clima.
Tempo e Clima
Tempo é local e acontece em curto prazo. Se chover na sua
cidade na próxima quinta-feira, isto é o tempo. Clima
acontece em longo prazo e não tem relação com uma localidade pequena. O clima
de uma área é a média das condições de tempo em uma região
ao longo de um grande período. Se onde você vive há ventos frios e garoa, isso
faz parte do clima desta região. Os invernos têm sido frios desde quando se
começou a registrar o tempo, então geralmente sabemos o que esperar dele.
O longo prazo, em referência ao clima, é um período realmente longo.
Centenas de anos são um prazo curto quando se trata de clima. De fato, as
mudanças no clima às vezes levam milhares de anos. Isto quer dizer que se por
acaso houver um inverno não tão rigoroso quanto o de costume, ou mesmo dois ou
três invernos deste tipo em seguida, isto não indica mudança de clima. Isto é
apenas uma anomalia, um evento que foge do
costumeiro alcance estatístico, mas que não representa nenhuma mudança
permanente em longo prazo.
Também é importante entender que mesmo pequenas alterações no clima
podem ter efeitos maiores. Quando os cientistas falam sobre "a era
glacial", é provável que se visualize o mundo congelado, coberto de neve e
sofrendo com temperaturas baixíssimas. Na verdade, durante a era glacial (eras
glaciais acontecem aproximadamente a cada 50 mil ou 100 mil anos), a
temperatura média da Terra era apenas 5° C mais baixa do que as médias atuais
de temperatura.
Alterações naturais do clima
Milhares de anos podem passar até que a Terra esquente ou esfrie apenas
um grau. E isso, de fato, acontece de forma natural. Além dos recorrentes
ciclos de eras glaciais, o clima da Terra pode se modificar por causa da atividade vulcânica, das diferenças na
vida vegetal que cobre a maior parte do planeta, das mudanças na quantidade de
radiação que o Sol emite e das mudanças naturais na química da
atmosfera.
O efeito estufa
O aquecimento global é causado pelo aumento do chamado efeito estufa.
Ele sozinho não é ruim, já que permite que a Terra fique aquecida o suficiente
para que a vida continue.
É possível imaginar a Terra como um carro estacionado sob o Sol.
O carro fica sempre muito mais quente por dentro do que por
fora se permanecer exposto ao Sol por um tempo. Os raios do Sol
entram pelas janelas do carro, e uma parte de seu calor é absorvida pelos
assentos, painel, carpete e tapetes. Quando esses objetos liberam o calor, ele
não sai pelas janelas por completo. Uma parte é refletida de volta para o
interior do carro. O calor irradiado pelos assentos é de um comprimento de onda
diferente da luz do Sol que entrou pelas janelas. Então, certa quantidade de
energia entra, e menos quantidade de energia sai. O resultado é um aumento
gradual na temperatura interna do carro.
Quando os raios de Sol chegam à atmosfera e à superfície da Terra,
aproximadamente 70% da energia fica no planeta, absorvida pelo solo, pelos
oceanos, pelas plantas e outros. Os 30% restantes são refletidos no espaço
pelas nuvens e outras superfícies refletivas [referência - em inglês]. Mas mesmo os 70% que
passam não ficam na Terra para sempre (se isso acontecesse ela se tornaria
uma bola de fogo). As coisas em torno do planeta que absorvem o calor do Sol
eventualmente irradiam este calor. Um pouco vai para o espaço, e o resto acaba
sendo refletido para a Terra ao atingir certas coisas que ficam na atmosfera,
tais como dióxido de carbono, gás metano e vapor de água. O calor que não sai
pela atmosfera terrestre mantém o planeta mais quente do que o espaço sideral,
porque mais energia está entrando pela atmosfera do que saindo. Isso tudo faz
parte do efeito estufa que mantém a Terra quente.
A Terra sem o efeito estufa
Como seria a Terra se não houvesse o efeito estufa? Provavelmente ela se pareceria bastante com Marte. Marte não tem uma atmosfera grossa o suficiente para refletir o calor para o planeta, então lá fica muito frio. Alguns cientistas sugeriram a transformação da superfície de Marte enviando "fábricas" que exalariam vapor de água e dióxido de carbono no ar. Se pudéssemos gerar material suficiente, a atmosfera começaria a engrossar a ponto de reter mais calor e permitir a sobrevivência das plantas na superfície. Depois que as plantas se espalhassem por Marte, elas passariam a produzir oxigênio. Depois de algumas centenas ou milhares de anos, Marte poderia realmente vir a ter um meio ambiente em que os humanos pudessem sobreviver graças ao efeito estufa.
O aquecimento global
não é resultado de um aumento na atividade solar, mas da ação predatória do
homem sobre a natureza e o planeta Terra.
Aquecimento global: o
que está havendo?
O aquecimento global está diretamente relacionado ao chamado efeito
estufa, que é provocado por alguns gases - os mais importantes são descritos a
seguir.
Usinas de energia,
gado e automóveis estão entre os elementos que mais liberam gases do efeito
estufa, tais como dióxido de carbono e metano.
Dióxido de carbono (CO2)
É um gás incolor, subproduto da combustão de matéria orgânica. Ele
representa menos de 0,04% da atmosfera da Terra - a maior parte foi liberada
muito cedo na vida do planeta pela atividade vulcânica. Hoje, a atividade
humana bombeia enormes quantidades de CO2 na atmosfera, resultando
em aumento total na sua concentração [referência - em inglês]. O aumento de sua concentração
é considerado o fator primário no aquecimento global, porque o CO2
absorve radiação infravermelha. Como a maior
parte da energia que escapa da atmosfera da Terra sai na forma de radiação
infravermelha, o CO2 extra significa maior absorção de energia e um
aumento total na temperatura do planeta.
Concentração de CO2 em
Mauna Loa, Havaí.
As queimadas na
Amazônia colocam o Brasil como o quarto país mais poluidor do mundo. Sem essas
emissões o Brasil estaria em trigésimo lugar.
O Worldwatch Institute relata que as
emissões de CO2 em todo o mundo aumentaram de cerca de um
bilhão de toneladas em 1900 para cerca de sete bilhões de toneladas em 1995. O
Instituto também aponta que a temperatura média da superfície da Terra subiu de
14,5° C, em 1860, para 15,3° C em 1980.
O óxido Nitroso (N2O) é outro importante gás estufa. Embora as
quantidades liberadas pela atividade humana não sejam tão grandes quanto as de
CO2, o óxido nitroso absorve muito mais energia
do que CO2 (cerca de duzentas e setenta vezes mais).
Por esse motivo, os esforços para que sejam reduzidas as emissões de gás estufa
têm sido direcionados para o NO2 também [referência - em inglês]. O uso de muito fertilizante de
nitrogênio nas colheitas libera grandes quantidades de N2O, e ele também é um subproduto da combustão.
Metano é um gás combustível e o principal componente do
gás natural. O metano ocorre naturalmente, oriundo da decomposição de material
orgânico. Frequentemente é encontrado na forma de "gás de pântano".
Atividades desenvolvidas pelo homem produzem o metano de várias formas:
- com sua extração do
carvão;
- a partir de grandes rebanhos de gado (por
exemplo, gases digestivos);
- a partir da bactéria nas cascas do arroz;
- com a decomposição do lixo em aterros.
O metano age de forma semelhante à do CO2 na atmosfera, absorvendo energia infravermelha e
mantendo a energia do calor na Terra. Alguns cientistas até especulam que a
emissão do metano em larga escala para a atmosfera (como a liberação de grandes
pedaços de metano congelado presos no fundo dos oceanos) poderia ter criado
curtos períodos de intenso aquecimento global que levaram a algumas das
extinções em massa no passado distante do planeta.
Vapor de água, outro gás estufa
O vapor de água é o “gás estufa” mais abundante, mas é mais frequente
não como resultado das mudanças do clima e sim como resultado das emissões
causadas pelo homem. Embora o termo gás não se aplique a água em condições
normais, a presença de vapor de água na atmosfera e sua participação no efeito
estufa dão a ele o status de “gás estufa”. A água ou a umidade na superfície da
Terra absorve o calor do sol e de seus arredores. Quando calor suficiente tiver
sido absorvido, algumas moléculas podem ter energia para escapar do líquido e
começar a subir na atmosfera sob a forma de vapor. Enquanto o vapor sobe cada
vez mais alto, a temperatura do ar ao seu redor se torna cada vez mais baixa.
Eventualmente, o vapor perde calor para o ar ao seu redor, o que lhe permite
voltar sob a forma líquida. A atração gravitacional da Terra faz com que o
líquido "caia" de volta para a Terra, completando o ciclo. Este ciclo
é chamado de "circuito de retorno positivo". O vapor de água é mais
difícil de medir do que outros gases estufa, e os cientistas não têm certeza de
qual seria seu papel exato no aquecimento global. Mas o web site (em inglês) da NOAA diz o seguinte:
Enquanto o vapor de água aumentar na atmosfera, maior quantidade dele
irá se condensar em nuvens, que são mais capazes de refletir a radiação solar
(permitindo que menos energia chegue à superfície da Terra e a esquente).
Efeitos do
aquecimento global: nível do mar
Vimos que uma queda média de apenas 5° C ao longo de milhares de anos
pode causar uma era glacial; então o que irá acontecer se a temperatura média
da Terra aumentar alguns graus em apenas umas centenas de anos? Não há uma
resposta clara. Nem mesmo as previsões do tempo em curto prazo são perfeitas
porque o tempo é um fenômeno complexo. Quando se trata de previsões climáticas em
longo prazo, tudo o que podemos conseguir são adivinhações baseadas em nosso
conhecimento dos padrões climáticos ao longo da história.
Geleiras e placas de
gelo ao redor do mundo podem começar a derreter. De fato, isto já está
acontecendo. A perda de grandes áreas de gelo na superfície pode acelerar o
aquecimento global, porque menos energia solar será refletida para longe da
Terra. O resultado imediato do derretimento das geleiras seria o aumento do nível do mar. Inicialmente,
seriam apenas 2,5 ou 5 cm - no entanto, se a placa de gelo da Antártida
Ocidental derretesse e caísse sobre o mar, ela elevaria o seu nível em mais
de 10 metros, e muitas áreas costeiras iriam desaparecer completamente sob
o oceano. O nível do mar também se elevaria porque as águas do oceano ficariam
mais quentes, causando a expansão da água. Mesmo um modesto aumento no nível do
mar provocaria enchentes em áreas costeiras baixas. O IPCC estima que o nível
do mar tenha subido 17 centímetros durante o século 20. Projeções feitas por
cientistas mostram que até 2100 o nível do mar vai subir mais 18 a 55 cm. O
Brasil não está entre os 50 países mais ameaçados pela elevação do nível do
mar. Com
o aumento da temperatura global das águas, seriam mais numerosas e fortes as
tempestades formadas no oceano -
tais como tempestades tropicais, tsunamis e furacões, que extraem sua energia feroz e destrutiva
das águas mornas pelas quais passam.
Alguns dos efeitos
possíveis do aquecimento global é a inundação de ilhas baixas devido ao aumento
do nível do mar, maior frequência de fortes tempestades e o derretimento das
geleiras e calotas polares.
Efeitos do aquecimento global: estações e ecossistema
Em áreas temperadas com quatro estações, a estação de plantio e
germinação seria mais longa e com maior incidência de chuvas. Isto seria
benéfico de muitas formas para estas áreas. No entanto, partes menos temperadas
do mundo provavelmente veriam um aumento de temperatura e uma diminuição brutal
no índice de chuvas, causando longos períodos de seca e o surgimento de
desertos.
Os efeitos mais devastadores - e também os mais difíceis de ser
previstos - seriam os efeitos na biodiversidade.
Muitos ecossistemas são delicados, e a mais sutil mudança pode matar várias
espécies, assim como quaisquer outras que delas dependam. A maioria dos ecossistemas são interconectados, então a reação em
cadeia dos efeitos seria imensurável. Os resultados poderiam ser como uma
floresta morrendo gradualmente e se transformando em áreas de pasto ou recifes
de corais morrendo. Muitas espécies de plantas e de animais se adaptariam ou
mudariam com a alteração do clima, mas muitas se extinguiriam.
A Amazônia pode perder, por culpa do aquecimento
global, de 10% a 25% de sua área florestal, substituída por uma espécie de
savana.
O custo humano do aquecimento global é
difícil de ser calculado. Milhares de vidas seriam perdidas anualmente, já que
os idosos ou doentes sofreriam com o excesso de calor e outros
traumas relacionados a ele. As pessoas de baixa renda e as nações
subdesenvolvidas sofreriam os piores efeitos, já que não teriam recursos
financeiros para lidar com os problemas que viriam com o aumento da
temperatura. Uma quantidade enorme de pessoas morreria de fome se a diminuição
das chuvas limitasse o crescimento das colheitas. Elas morreriam também pelo
aumento de doenças, se as enchentes costeiras trouxessem as que são originadas
na água e se difundem rapidamente.
Podemos evitar o aquecimento global?
Há muitas coisas que podemos fazer para tentar deter o aquecimento
global. Basicamente, todas sugerem a redução na emissão de gases estufa.
Podemos ajudar gastando menos energia. Estas
são algumas formas de diminuir emissões de gases estufa:
- certifique-se de que seu carro está com o
motor regulado - isto permitirá que ele funcione com maior eficiência e gere
menos gases nocivos;
- caminhe ou ande de bicicleta quando puder -
dirigir o carro gera mais gases estufa do que praticamente qualquer outra coisa
que se faça;
- recicle - o lixo que não é reciclado acaba em
um aterro, gerando metano; além disso, produtos
reciclados requerem menos energia para ser produzidos do que produtos feitos do
zero;
- plante árvores e outras plantas onde puder -
as plantas tiram o CO2 do ar e liberam oxigênio;
- não queime o lixo - isto lança CO2 e hidrocarbonetos para a atmosfera.
Os carros queimam combustível fóssil, mas os carros com combustível mais
eficiente emitem menos CO2, especialmente os carros híbridos. Caminhe ou use sua bicicleta se possível ou
dê caronas a caminho do trabalho.
Para deter a emissão dos gases estufa é necessário que se desenvolvam fontes
de energia combustível não-fóssil. Energia hidrelétrica, energia solar, motores de hidrogênio, biodiesel e células de combustível poderiam criar
grandes cortes nos gases estufa se fossem mais comuns.
O Protocolo de Kyoto foi criado
para reduzir a emissão de CO2 e de outros gases
estufa em todo o mundo. Trinta e cinco nações industrializadas se comprometeram
a reduzir a emissão destes gases em graus variados. Infelizmente, os Estados
Unidos, principais produtores mundiais de gases estufa, não assinaram o
protocolo.
Curiosidades sobre o Aquecimento Global:
- 2 a 4,5 °C. De acordo com estimativas feitas pelo painel intergovernamental de mudança climática, essa é a faixa de elevação que deve sofrer a temperatura média global até o final deste século.
- 2.000 quilômetros quadrados. Todo ano, áreas desse tamanho se transformam em deserto devido à falta de chuvas.
- 40% das árvores da Amazônia podem desaparecer antes do final do século, caso a temperatura suba de 2 a 3 graus.
- 2.000 metros. Foi o comprimento que a geleira Gangotri (que tem agora 25 km), no Himalaia, perdeu em 150 anos. E o ritmo está acelerando.
- 750 bilhões de toneladas. É o total de CO2 na atmosfera hoje.
- 2050. Cientistas calculam que, quando chegarmos a esse ano, milhões de pessoas que vivem em deltas de rios serão removidas, caso seja mantido o ritmo atual de aquecimento.
- a calota polar irá desaparecer por completo dentro de 100 anos, de acordo com estudos publicados pela National Sachetimes de Nova Iorque em julho de 2005, isso irá provocar o fim das correntes marítimas no oceano atlântico, o que fará que o clima fique mais frio, é a grande contradição de aquecendo esfria.
- o clima ficará mais frio apenas no hemisfério norte, quanto ao resto do mundo a temperatura média subirá e os padrões de secas e chuvas serão alterados em todo o planeta.
- o aquecimento da terra e também outros danos ao ambiente está fazendo com que a seleção natural vá num ritmo 50 vezes mais rápido do que o registrado a 100 anos.
- de 9 a 58% das espécies em terra e no mar vão ser extintas nas próximas décadas, segundo diferentes hipóteses. (saberpensar)
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