Cientistas de oito países medem impacto das mudanças
climáticas no oceano
Expedição partiu
de Fortaleza com destino à Namíbia, na África. Pesquisadores analisam
circulação das correntes marítimas entre os hemisférios e os reflexos disso no
clima do planeta.
Pesquisadores de oito
países buscam respostas para as alterações climáticas, com base em dados
coletados no Atlântico Sul. Até 28 de julho, eles navegam do Brasil à Namíbia,
para entender os reflexos do aquecimento global na dinâmica dos oceanos e as
consequências para os continentes. A pesquisa envolve 24 cientistas e é
comandada pelo Centro de Pesquisa Oceanográfica GEOMAR Helmholtz de Kiel, na
Alemanha.
O navio oceanográfico
Meteor M98 ficou atracado em Fortaleza, no Ceará, onde foi visitado por
pesquisadores e estudantes no final de junho. Em seguida, ele partiu em direção
a Walvis Bay, no continente africano. O objetivo da expedição é estudar a
circulação marítima do Atlântico Sul, com foco nas correntes de contorno que
passam ao norte do Brasil e ao sul de Angola.
O coordenador
científico da expedição, Peter Brandt, explica que estas correntes são mais
fortes do que o fluxo no interior do mar, tipicamente lento. “Elas são bons
indicadores da mudança de circulação do oceano e da variabilidade climática.
Quase todas as massas de água e calor que participam da troca inter-hemisférica
passam ao longo da plataforma do Brasil, e isso torna a região especialmente
interessante”, destaca Brandt.
Segundo o cientista,
o Oceano Atlântico desempenha importante papel na troca de massas de água entre
os hemisférios Norte e Sul. As massas de água quente formadas no Atlântico Sul
são transportadas através do Equador para suprir as correntes da Flórida e do
Atlântico Norte, que aquece a Europa.
Outro grupo de
pesquisa que integra o cruzeiro se concentra no estudo da troca de diferentes
gases, como dióxido de carbono (CO2) e óxido nitroso (N2O),
entre o oceano e a atmosfera. Segundo Brandt, essa transferência possui “alguma
relevância para a produtividade no oceano”.
Influências no clima
Enquanto atravessam o
Atlântico Sul, os pesquisadores instalam sensores para registrar dados como
temperatura, velocidade das correntes e salinidade da água. Os equipamentos
devem coletar informações até maio de 2014, quando um novo cruzeiro irá retirar
os sensores da água. Brandt acredita que devem ser feitos pelo menos outros
cinco cruzeiros até 2016 – nos moldes de expedições realizadas entre 2000 e
2004.
Os dados que estão
sendo coletados este ano serão comparados com as informações levantadas no
passado. Desta forma, será possível estimar os impactos gerados e as possíveis
consequências das mudanças climáticas para a vida marinha e o clima. “Poderemos
também determinar quantidades de água doce e calor ao longo da rota, que são
parâmetros importantes para determinar o clima tropical”, descreve o
coordenador da equipe, no primeiro relatório da expedição.
De acordo com a
projeção dos pesquisadores, a circulação das correntes marítimas entre os
hemisférios pode diminuir por causa do aquecimento global, trazendo
consequências para o continente europeu. Também pode atingir de forma
semelhante – ou com maior impacto – a distribuição de água quente nos trópicos
e gerar mudanças na incidência de vento e chuva nos países costeiros.
(EcoDebate)
Nenhum comentário:
Postar um comentário