quinta-feira, 25 de julho de 2013

Fim da extrema pobreza até 2030?

Em setembro de 2000 os chefes de 147 governos prometeram que iriam reduzir pela metade a proporção de pessoas na Terra vivendo na mais terrível pobreza até 2015 (usando a taxa de pobreza, em 1990, de US$ 1,25 ao dia, como uma linha de base). Esta foi a primeira das oito metas de uma lista de metas chamadas de “Objetivos de Desenvolvimento do Milênio” (ODM). Muitos desses objetivos, tais como a redução da mortalidade materna em três quartos e da mortalidade infantil em dois terços, não foram ainda atingidas. Mas a meta de reduzir para metade a extrema pobreza foi realizada. De fato, com os dados atuais, foi conseguido cinco anos mais cedo do que o previsto.
Em 1990, 43% da população dos países em desenvolvimento viviam em situação de pobreza extrema e o número absoluto era de 1,9 bilhões de pessoas. Em 2000, a proporção caiu para um terço. Em 2010, a pobreza extrema foi de 21%, ou 1,2 bilhões de pessoas. A taxa de pobreza global, em termos relativos, foi cortada pela metade em 20 anos.
Agora, um grupo de alto nível da ONU liderado por Grã-Bretanha, Indonésia e Libéria propôs que as Nações Unidas (ONU) estabeleça o objetivo de erradicar a pobreza extrema no mundo até 2030. Segundo reportagem do G1, o relatório, entregue ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, propõe uma “nova aliança mundial para erradicar a pobreza e transformar as economias, por meio do desenvolvimento sustentável” como metas pós-2015.
O premiê britânico, David Cameron disse: “Esse relatório estabelece um mapa claro para erradicar a pobreza extrema até 2030. Precisamos de uma nova aliança mundial para terminar o trabalho dos atuais Objetivos de Desenvolvimento do Milênio”.
Atualmente o mundo discute a “CIPD além de 2014”, como avançar com os Objetivos do Desenvolvimento do Milênio (ODMs que vencem em 2015) e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), proposta da Rio + 20. Para tanto é preciso discutir a relação entre população e desenvolvimento sustentável e, sem dúvida, a erradicação da pobreza é um objetivo prioritário, assim como a equidade de gênero e a sustentabilidade ambiental.
A revista britânica The Economist, de maio de 2013, trouxe um estudo de Laurence Chandy, Natasha Ledlie e Veronika Penciakova – da Brookings Institution – com um olhar sobre a distribuição do consumo em países em desenvolvimento. Os autores mostram como ele mudou ao longo do tempo e como pode mudar no futuro. O estudo fornece uma projeção otimista. Se os países em desenvolvimento mantiverem seu desempenho pós-2000, o número de pessoas extremamente pobres em todo o mundo pode cair de 1,2 bilhão em 2010 para apenas 200 milhões em 2027.
Isso seria um feito notável, pois demorou 20 anos para se reduzir o número de pessoas absolutamente pobres de 1,9 bilhão em 1990 para 1,2 bilhão em 2010. A projeção citada mostra que haveria a retirada de um bilhão de pessoas da extrema pobreza em 17 anos. Desta forma, mesmo que a projeção da pobreza não fique em zero, o número de 200 milhões de pobres implicaria uma taxa de pouco mais de 3% da população dos países em desenvolvimento.
Na ausência de uma grande crise econômica internacional e de um agravamento dos problemas ambientais, um esforço adicional, conjugado com uma redução na desigualdade de renda, poderia erradicar a extrema pobreza até 2030.
Contudo, a crise do sul da Europa que se espalha para a Turquia, o Egito, a Síria, a República do Congo, o Brasil, etc. – conjugado com um agravamento dos problemas ambientais – pode inviabilizar o sonho do fim da extrema pobreza. (EcoDebate)

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