A Terra perdeu uma
quantidade recorde de gelo marinho no Ártico em 2012 e emitiu níveis elevados
constantes de gases de efeito estufa resultantes da queima de combustíveis
fósseis, alertaram climatologistas em um relatório dia 06/08/13 [State of the Climate in 2012].
Enquanto isso, secas
e chuvas incomuns atingiram diferentes partes do planeta no ano passado, tendo
observada “a pior seca em pelo menos três décadas no nordeste do Brasil”,
ressaltou o relatório sobre o Estado do Clima divulgado anualmente por cientistas
britânicos e norte-americanos.
Segundo o documento,
o ano passado foi um dos dez com maiores registros de temperaturas globais em
terra e na superfície do planeta desde que começou a coleta de dados modernos.
“As descobertas são
impressionantes”, afirmou Kathryn Sullivan, encarregada da Administração
Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA, na sigla em inglês).
“Nosso planeta como um todo está se tornando um lugar mais quente”, declarou.
O relatório,
revistado por outras autoridades científicas, não abordou as causas por trás
destas tendências, mas especialistas afirmaram que o documento deve servir como
um guia para desenvolvedores de políticas públicas na preparação para os
efeitos da elevação do nível dos mares e do aquecimento global em comunidades e
infraestruturas.
Além disso, aponta
para um novo padrão segundo o qual eventos que registram recordes se tornam
típicos, particularmente no Ártico, onde a elevação da temperatura superficial
rapidamente supera a do resto do mundo, afirmaram cientistas.
Globalmente, 2012 é o
oitavo ou o nono ano mais quente desde que os registros começaram a ser feitos,
de meados para o final dos anos 1800, de acordo com quatro análises
independentes citadas no estudo.
“O ano esteve de
0,14°C a 0,17°C acima da média de 1981-2010, dependendo do conjunto de dados
considerados”, destacou o informe, publicado no Boletim da Sociedade
Meteorológica Americana.
Quanto ao gelo
marinho do Ártico, uma nova redução recorde foi registrada em setembro e outra
baixa absoluta para a cobertura de neve foi observada no Hemisfério Norte,
destacou o relatório.
“As temperaturas
superficiais no Ártico estão aumentando a uma taxa duas vezes mais rápida do
que no restante do mundo”, afirmou Jackie Richter-Menge, engenheiro civil da
Unidade de Engenharia do Exército Americano.
“No Ártico, os
recordes ou quase recordes registrados ano a ano não são mais anomalias ou
exceções”, acrescentou. “Realmente, para nós se tornou a regra ou a norma do
que vemos no Ártico e do que esperamos ver no futuro próximo”, acrescentou.
O degelo também está
contribuindo para aumentar o nível do mar. O nível médio global do mar atingiu
um recorde de alta em 2012: 3,5 centímetros acima da média de 1993 a 2010.
“Mais recentemente,
nos últimos sete anos, mais ou menos, aparentemente o degelo está contribuindo
mais que o dobro para a elevação global do nível do mar, em comparação com o
aquecimento das águas”, disse Jessica Blunden, climatologista do Centro de Dados
Climáticos Nacionais da NOAA.
Enquanto isso, as
temperaturas do permafrost, o solo permanentemente congelado, atingiram
recordes de alta no norte do Alasca e 97% da cobertura de gelo da Groenlândia
apresentou alguma forma de degelo.
Poluição
Além disso, as
emissões de dióxido de carbono a partir da queima de combustíveis fósseis
também alcançaram novas altas, depois de um declínio suave nos últimos anos,
que se seguiram à crise financeira mundial.
“Na primavera de
2012, pela primeira vez, a concentração de CO2 atmosférico excedeu as 400
partes por milhão (ppm) em sete das 13 estações de observação do Ártico”,
destacou o informe.
A média global de
dióxido de carbono alcançou 392,6 ppm, um aumento de 2,1 ppm com relação a
2011, acrescentou. “O Caribe registrou uma temporada seca muito úmida e o Sahel
teve a temporada de chuvas mais úmida em 50 anos”, acrescentou.
Sullivan afirmou que
as descobertas “nos advertem, talvez, para olharmos para um futuro possível em
que [eventos] extremos e a intensidade de alguns extremos serão mais frequentes
e mais intensos do que tínhamos considerado no passado”.
Um ponto positivo
destacado no relatório foi a permanência do clima na Antártica “relativamente
estável em termos gerais” e que, devido ao ar quente, foi observado o segundo
menor buraco na camada de ozônio das últimas duas décadas. (EcoDebate)
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