Pesquisa avaliará se a emissão de CO2 em maior
quantidade afetará a floresta amazônica
Inpa participará de
projeto que avaliará o resultado de fertilização por CO2 em floresta tropical.
O projeto Amazon FACE
(Free Air CO2 Enrichiment), a ser implantado na Reserva Biológica do Cuieiras
(ZF2), do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), avaliará o
potencial de fertilização de gás carbônico (CO2) no possível aumento na produção de
fotossíntese, eficiência do uso da água, o destino do carbono adicional nas
folhas, troncos e raízes, mudanças na composição da comunidade biológica e
impactos nos estoques de carbono e outros nutrientes do solo.
O projeto Amazon FACE
será composto de quatro áreas de controle – de tamanho aproximado de 700 m² –
isoladas por tubulações que irão borrifar gás carbônico para o interior das
áreas circulares de floresta natural da Reserva Biológica do Cuieiras (BR174
Manaus – Boa Vista, Km 50) onde será verificadas todas as reações da floresta
ao aumento da concentração desse gás.
Além do Inpa, a
Universidade Estadual Paulista (UNESP), o Oak Ridge National Laboratory (ORNL)
e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) participarão do projeto
que tem previsão de implantação em 2015.
O projeto
De acordo com o
pesquisador do Inpa e um dos responsáveis pelo planejamento do projeto, Antonio
Manzi, esse tipo de experimento já vem sendo realizado nas regiões temperadas.
“Agora queremos avaliar quais serão os efeitos nesta região onde o clima é
equatorial. Pretendemos aumentar a concentração de gás carbônico atmosférico em
40%, 50% da concentração atmosférica atual, em quatro áreas de mais ou menos
700 m², e assim verificar de que forma a floresta vai reagir a estas
condições”, avaliou Manzi.
“Nos experimentos
vamos simular até que ponto a floresta amazônica consegue absorver o excesso de
gás carbônico emitido pelas atividades humanas, e assim verificar os efeitos
que podem ser benéficos, como maior produção de biomassa e menor perda de água
das folhas. Agora se o efeito for fraco, significará que a floresta estará mais
suscetível ao aumento de temperatura e a maior variabilidade interanual dos
regimes de chuvas previstos pelos modelos climáticos”, explicou o pesquisador
da UNESP, David Lapola.
De acordo com os
pesquisadores envolvidos no projeto, essa quantidade excessiva de gás carbônico
na atmosfera pode ser benéfica para a floresta no processo de fotossíntese. “Em
geral quanto mais gás carbônico na atmosfera menos os estômatos – estrutura da
epiderme de parte aéreas das plantas responsável pelas trocas gasosas entre a
planta e ar atmosférico – precisam abrir para capturá-lo e, portanto perde
menos água por transpiração, o que significa uma melhora na eficiência do uso
da água, e isso pode ser um fator muito importante nos cenários futuros de
mudanças climáticas”, explica Manzi
Efeito estufa
Hoje em dia o gás
carbônico é o gás que é liberado em maior quantidade pelas atividades humanas,
principalmente pela utilização de combustíveis fósseis, e tem a propriedade de
absorver a radiação emitida pela superfície da Terra, segundo Manzi. Os
pesquisadores alertam que o aumento da concentração desse gás na atmosfera
intensifica o efeito estufa natural da atmosfera.
“O que esta
provocando as mudanças climáticas globais são as emissões de gases do efeito
estufa, como vemos frequentemente na mídia. O homem vem retirando uma grande
quantidade de carvão mineral, de petróleo, de gás natural do subsolo, e quando
queima esses combustíveis para gerar energia acaba produzindo e liberando esses
gases para atmosfera, e o de maior quantidade é o gás carbônico”, alerta Manzi.
Decorrente da queima
de combustíveis fósseis desde o início da era industrial e mudança de uso da
terra, principalmente dos desmatamentos das regiões tropicais, a concentração
de dióxido de carbono na atmosfera aumentou cerca de 40%, segundo dados de
monitoramento global de CO2.
“E aqui na Amazônia
esse processo de intensificação do efeito estufa, devido todos esses gases
emitidos desde o século 18, pode prejudicar o processo de fotossíntese por
conta do aumento de temperatura que provoca, que pode tornar esse processo
menos eficiente. Por outro lado o aumento da concentração de CO2 pode beneficiar o processo de fotossíntese,
que é um dos principais aspectos a ser quantificado no experimento”, explanou o
pesquisador do Inpa. (EcoDebate)
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