O Ministério do Meio Ambiente deve anunciar daqui a pouco
que o desmatamento voltou a avançar fortemente na Amazônia no mês de maio. O
site do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) que traz os dados do
sistema Deter mostra que a perda da floresta foi de 464,96 km² no mês, contra
98,85 km² em maio do ano passado, um aumento de quase cinco vezes.
No acumulado desde agosto do ano passado, mês em que se
inicia o calendário de cálculo anual de desmatamento, foram perdidos 2337,79
km², contra 1729,89 km² no período de agosto de 2011 a maio de 2012. O
levantamento mensal do Deter funciona como um sistema de alerta para a
fiscalização e capta somente desmatamentos superiores a 25 hectares
É um revés em um movimento que vem ocorrendo nos últimos
anos de queda contínua da taxa de desmatamento – a principal política ambiental
do governo federal. Os dados fechados do ano anterior, por exemplo, mostraram
que o desmatamento de agosto de 2011 a julho de 2012 foi o menor da história do
monitoramento – caiu 29% em relação ao período anterior, chegando a 4.571 km².
Tradicionalmente, é nos meses de seca, normalmente a partir
de abril, que a motosserra canta mais alto. Mas nos últimos tempos os
desmatadores têm mudado a tática e derrubado a mata mesmo no período de chuva.
Apesar de mais complicado logisticamente, eles têm a vantagem de ficar
“protegidos” pelas nuvens, que dificultam a visualização do monitoramento por
satélite que faz os alertas, e pelas chuvas, que atrasam a chegada de Ibama e
polícia ambiental.
Portanto, os dados agora de maio podem ser um pouco mais
inflados porque estão deixando à mostra o que aconteceu na região na época da
chuva. Mas refletem um alerta que ambientalistas vêm fazendo há algum tempo: de
que, apesar dos ganhos obtidos nos últimos anos, o desmatamento não está
contido.
Em meados do mês passado, o instituto de pesquisa Imazon,
sediado em Belém, e que faz um monitoramento paralelo da perda florestal na
Amazônia, também tinha mostrado essa tendência. Na ocasião, Adalberto Veríssimo,
pesquisador sênior da ONG, comentou que o maior gargalo no momento é o chamado
desmatamento especulativo, principalmente nas regiões do oeste do Pará e
sudeste do Amazonas.
“É gente que derruba com a expectativa de que uma hora vai
conseguir regularizar a terra e vendê-la”, diz. “Praticamente, não se vê mais o
desmate de quem está na cadeia produtiva e quer aumentar sua área para plantar
ou pôr gado. Nesses casos, os mecanismos de comando e controle do governo têm
funcionado. Mas o governo vai ter de mudar a estratégia, talvez deixar claro
que essas áreas desmatadas para especulação não vão nunca ser regularizadas. Aí
cria um prejuízo e pode ser que a prática estanque”, disse ele no mês passado.
Ele alertou também que se esse ritmo se mantiver nos meses
de junho e julho, tradicionalmente os de maior avanço do corte raso, por ser
período de seca, o desmatamento total pode passar de 6 mil km². Segundo ele,
esses dois meses costumam representar 30% do total. (OESP)
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