A Footprint Network
apresenta duas medidas úteis para se avaliar o impacto humano sobre o meio
ambiente e a disponibilidade de “capital natural” do mundo. A Pegada
Ecológica serve para avaliar o impacto
que o ser humano exerce sobre a biosfera. A Biocapacidade avalia o montante de
terra e água, biologicamente produtivo, para prover bens e serviços do ecossistema
à demanda humana por consumo, sendo equivalente à capacidade regenerativa da
natureza.
A pegada ecológica
per capita do mundo, em 1961, era de 2,4 hectares globais (gha) e a
biocapacidade per capita era de 3,7 gha. Para uma população de 3,1 bilhões de
habitantes, o impacto global do ser humano era de 7,2 bilhões de gha,
representando apenas 63% dos 11,5 bilhões de hectares globais disponíveis
naquele momento. Portanto, havia um superávit ou reserva ecológica não
utilizada no mundo.
A reserva ecológica
foi sendo reduzida na medida em que cresciam a população e a economia. Em 1975,
a pegada ecológica per capita ficou em 2,8 gha para uma biocapacidade de 2,9
gha. Como a população mundial chegou a 4,1 bilhões de habitantes, o impacto
antrópico ficou em 11,2 gha para uma biocapacidade total de 11,6, representando
um pequeno superávit ambiental de 3,3%.
Mas na segunda metade
da década de 1970 toda a reserva ambiental já havia sido consumida e o
superávit ecológico se transformou em déficit. Em 1980, a pegada ecológica per
capita se manteve nos mesmos 2,8 gha, mas houve redução da biocapacidade para
2,6 gha. Para um população de 4,4 bilhões de habitantes, o impacto global do
ser humano foi de 12,3 bilhões de gha, atingindo 105,8% dos 11,5 bilhões de
hectares globais da biocapacidade.
Nas últimas 3
décadas, a pegada ecológica per capita até diminuiu um pouquinho e chegou a 2,7
gha, em 2007. Mas a biocapacidade per capita caiu em ritmo bem acelerado,
chegando a 1,8 gha, em 2007. Com o acelerado crescimento da população mundial
que chegou a 6,7 bilhões de habitantes, em 2007, o impacto global atingiu 17,9
bilhões de hectares globais (gha). Como o mundo tinha apenas 11,9 bilhões de
gha de terras e águas bioprodutivas, isto significou um déficit ecológico de
50%. Ou dito de outra forma, a humanidade estava gastando em 1 ano o que a
capacidade regenerativada natureza só repunha em um ano e meio.
Evidentemente, este
caminho é insustentável. A humanidade só consegue manter seu modelo de produção
e consumo devido à herança acumulada no passado no seio da Mãe Terra
(Pachamama). Ao sobredimensionar as atividades antrópicas, o ser humano está
esgotando as reservas de combustíveis fósseis, que são fontes energéticas
criadas a milhões de anos pela decomposição de material orgânico. Está também
desmatando as florestas, sobreutilizando as fontes de água limpa, reduzindo os
estoques de peixe e zerando diversos recursos naturais. Existe um processo de
vandalização do meio ambiente.
Desta forma, para
evitar o colapso ambiental nos anos vindouros, será preciso, por um lado,
estabilizar o tamanho da população e, por outro, diminuir o impacto do padrão
de consumo médio da humanidade (o que vai requerer redução das desigualdades
sociais e de renda). A humanidade precisa sair do vermelho do déficit ecológico
e voltar para o verde do superávit ambiental, resgatando as reservas naturais.
(EcoDebate)
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