O desmatamento da Amazônia e o possível fim da floresta até
o ano de 2270
Desde 1988, o Ministério do Meio Ambiente (MMA), em parceria
com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) monitora, via satélite,
o desmatamento na Amazônia. Um dos sistemas utilizados é o Programa de
Monitoramento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite (Prodes), utilizado
para identificar visualmente os polígonos de desflorestamento por meio de
imagens.
Os dados são assustadores. O Brasil gastou 500 anos para
destruir 93% da Mata Atlântica. Mas, no ritmo atual, a destruição da Amazônia
(que ocupa 60% do território brasileiro) vai ocorrer em um espaço de tempo
menor.
A Amazônia Legal brasileira possui(a) uma área de
5.217.423 km². De 1988 a 2012, os dados do Prodes mostram que o
desmatamento atingiu o montante de 396.772 km². Essa área desflorestada é maior
do que a soma dos territórios dos estados de São Paulo (248.209 km²), Rio de
Janeiro (43.696 km²), Espírito Santo (46.078 km²), Alagoas (27.768 km²) e
Sergipe (21.910 km²). No total, as cinco Unidades da Federação possuem uma área
de 387.661 km² menor, portanto do que os 397 mil km² destruídos da Floresta
Amazônica entre 1988 e 2012. Outros 400 mil km² foram destruídos entre 1965 e
1988.
Na média dos 25 anos de dados do Prodes o desmatamento foi
de 15.871 km², ao ano. Isto significa, que mantendo-se está média anual a
amazônia brasileira vai ser totalmente destruída em um período de 329 anos (5,2
milhões dividido por 15,8 mil). Porém, como cerca de 20% da floresta já foi
abatida ao longo da história recente, só temos cerca de 270 anos para derrubar
o resto.
Ou seja, as atividades antrópicas desenvolvidas na amazônia
para atender ao consumo da população brasileira e global estão promovendo a
extinção da maior área de biodiversidade do Planeta. A Amazônia está sendo
destruída pelas madeireiras, pelas mineradoras, pelo garimpo, pelas
hidrelétricas, pelas cidades, pelas estradas, pela plantação de soja, pela
criação da gado, pelo tráfico de espécies vegetais e animais e pela cobiça e
egoísmo humano.
Algumas pessoas otimistas olharam os dados de 2004 a 2012 e
perceberam uma diminuição do desmatamento de 27 mil km², em 2004, para 4,5 mil
km², em 2012. Isto alimentou o sonho de que o desmatamento líquido da Amazônia
pudesse chegar a zero ou até mesmo haver uma taxa de desmatamento negativa ou
de reflorestamento positivo.
Todavia, os dados parciais de 2013 mostram uma aceleração da
destruição. Dados de junho mostram que o desmatamento na Amazônia Legal, em
junho de 2013, aumentou 437% em relação a junho de 2012. Se esta tendência
continuar nos próximos meses, nenhuma esperança vai sobreviver, nem mesmo o
Novo Código Florestal.
Para complicar a situação, o desmatamento detectado, em
junho de 2013, comprometeu 3,5 milhões de toneladas de CO2 equivalente. No
acumulado do período (agosto 2012 a junho de 2013) as emissões de CO2
equivalentes comprometidas com o desmatamento totalizaram 97 milhões de
toneladas, o que representa um aumento de 90% em relação ao período anterior
(agosto de 2011 a junho de 2012).
Desta forma, se nada for feito para mudar o ritmo de
destruição da Amazônia, o futuro do Brasil e do mundo será marcado por menor
biodiversidade e maiores níveis de aquecimento global. O Antropoceno – era de
dominação da ganância humana – poderá ser conhecido, talvez pelos
extraterrestres, como o período em que uma espécie mesquinha provocou a
destruição em massa da vida na Terra. (EcoDebate)
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