Lá pelo século 19,
Thoreau andava pelo estado de Massachusetts falando sobre a importância de
viver uma vida frugal e em contato com a natureza. Era a época em que esta
região dos Estados Unidos estava em seu mínimo de cobertura florestal. Nunca
antes nem depois haveria tão poucas árvores.
Há duas semanas o SOS
Mata Atlântica divulgou seu monitoramento anual, mostrando que ainda não
chegamos no fundo do poço com a cobertura da Mata Atlântica, apesar do tanto
que este ecossistema já perdeu.
Este monitoramento é
resultado de uma sinfonia muito bem executada. O governo tem os meios técnicos,
um banco pagou a conta e a ONG regeu o processo.
Ao longo dos anos, os
dados destes monitoramentos têm mostrado para esperançosos como eu, que ainda
teremos algumas brigas mais antes de zerar o desmatamento na Mata Atlântica. E
minha esperança não é sem razão, porque levantamentos feitos por mim no Paraná
e por Eduardo Ehlers em São Paulo mostraram o contrário, que a Mata Atlântica
está aumentando.
Então, quem está
errado nesta história?
Ninguém. O
levantamento da SOS não inclui as florestas que estão sendo replantadas. Eles
focam no que é mais valioso, a floresta conservada. No entanto, florestas
restauradas também têm seu valor. Aqui no Paraná, (quarto estado que mais
desmatou) temos visto um significativo aumento da área florestada total.
Neste lixo de
restauração, fica claro que a floresta conservada é incomparavelmente melhor
que a restaurada. A restauração é uma prótese e a conservação, o membro
íntegro.
Tenho um dado que
talvez interesse o SOSMA. Demoramos muito tempo para vender o primeiro Ecologia
da Restauração para Minas Gerais, segundo eles, o estado que mais desmatou. É
mesmo provável que quem mais desmata esteja pouco interessado em restaurar,
razão pela qual está sendo pedida a moratória total do desmatamento em Minas
Gerais.
Thoreau deve ser
lembrado não só por ter vivido no pior momento da floresta da Nova Inglaterra,
mas também pela mensagem de desobediência civil, que parece afinal estar
brotando em todos os cantos do Brasil. (EcoDebate)
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