Previsões do JP Morgan consideram que entre maio e dezembro chova 80% da
média histórica e o consumo cresça 3,5% a partir de abril.
Os reservatórios do sistema Sudeste/Centro-Oeste, responsáveis por 70%
do armazenamento do País, podem chegar ao fim de 2014 próximo do limite de
operação. No pior cenário, o nível das represas cairia para 13,3% em dezembro,
segundo relatório do banco americano JP Morgan - o que poderia trazer problemas
para o ano que vem.
Para fazer os cálculos, os analistas da instituição consideraram que
entre maio de dezembro choveria 80% da média histórica (hoje, em pleno período
chuvoso, o volume de chuvas está em 63% da média) e haveria crescimento de 3,5%
do consumo entre abril e dezembro. "Embora esse seja o cenário mais
crítico, temos de considerar que tem chovido menos de 80% da média histórica e
o consumo tem ficado acima de 3,5%. Ou seja, a situação pode piorar",
destacam os analistas Marcos Severine e Henrique Peretti, no relatório.
No melhor cenário, considerando as mesmas premissas de consumo, mas com
chuvas mais abundantes, os reservatórios alcançariam 22,5%. Na sexta-feira, o
Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) publicou mais uma revisão nas
previsões de armazenamento para a região. Agora, a expectativa é terminar o mês
de março com 37,3% da capacidade total. Inicialmente, a previsão era 41,3%.
Ontem, estava em 35,85%.
Apesar das previsões negativas e do nível crítico dos reservatórios, o
banco não acredita que o governo vá decretar um racionamento antes das eleições
presidenciais. "Nessa situação, blecautes poderão começar a ser mais
frequentes", afirmam os analistas. Com base nos dados dos reservatórios,
eles também calcularam o custo das térmicas até o fim do ano no sistema. No
pior cenário, com baixa hidrologia, o custo das usinas seria de R$ 39 bilhões.
Desse total, sem considerar os subsídios do governo, R$ 18 bilhões teriam de
ser repassados para o consumidor - alta de 18,1% na tarifa.
Somando aos gastos com a falta de contratos das distribuidoras para
atender 100% do mercado, o reajuste subiria para 28,6%, calcula o JP Morgan.
Mas, como o governo vai subsidiar parte desse rombo e também usar o dinheiro da
energia de reserva, a conta de luz subiria apenas 5,9% - impacto de 0,2% na
inflação.
Corte
Na avaliação do professor da UFRJ, Nivalde Castro, o setor vive hoje
dois grandes problemas. Um é a falta de chuva para encher os reservatórios. O
outro é financeiro, com o buraco provocado caixa das distribuidoras por causa
da descontratação e da geração termoelétrica. "A dúvida é saber até que
ponto o governo consegue bancar esse rombo." Ele não acredita num
racionamento "à la FHC". Mas, no limite, se precisar reduzir consumo,
a saída seriam cortes seletivos, avalia ele.
Na semana passada, o governo reuniu as associações do setor para
explicar a situação dos reservatórios. Apesar da falta de chuva, o governo
tentou convencer os representantes de que tudo está sob controle. "A
reunião tentou tranquilizar o setor, mas o mais importante foi restabelecer o
contato com governo", afirmou o presidente da Associação Brasileira de
Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace),
Paulo Pedrosa. Segundo ele, pelas premissas apresentadas, o cenário não é
alarmista. Mas a geração térmica continuará intensa durante todo o ano.
Nível da represa de Furnas está em 28,25%
Pouca chuva
“Embora esse o cenário mais crítico, temos de considerar que tem chovido
menos de 80% da média histórica no sistema Sudeste Centro-Oeste) e o consumo de
energia tem ficado acima de 3,5%. Ou seja, a situação pode piorar” (OESP)
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