Baixo nível de represa intermediária do Cantareira ameaça
abastecimento
Crucial para transferir água do volume morto, Reservatório
Cachoeira perdeu 67% da capacidade em um mês.
A queda rápida do nível da Represa Cachoeira, crucial para
transferir a água do volume morto entre os maiores reservatórios do Sistema
Cantareira, pode colocar em xeque o abastecimento para 12 milhões de pessoas
das regiões metropolitanas de São Paulo e Campinas que ainda dependem do manancial
em crise.
Localizado em Piracaia, a 90 quilômetros da capital, o
reservatório Cachoeira perdeu 67% da capacidade em um mês e ficou com o nível
de armazenamento pouco mais de um metro acima do limite mínimo do túnel que
transfere a água por gravidade para a próxima represa do sistema, a Atibainha,
em Nazaré Paulista.
Represa Cachoeira
A queda rápida do nível da Represa Cachoeira, crucial para
transferir a água do volume morto entre os maiores reservatórios do Sistema
Cantareira, pode colocar em xeque o abastecimento para 12 milhões de pessoas
das regiões metropolitanas de São Paulo e Campinas que ainda dependem do
manancial em crise.
Localizado em Piracaia, a 90 quilômetros da capital, o
reservatório Cachoeira perdeu 67% da capacidade em um mês e ficou com o nível
de armazenamento pouco mais de um metro acima do limite mínimo do túnel que
transfere a água por gravidade para a próxima represa do sistema, a Atibainha,
em Nazaré Paulista.
A Sabesp está com dificuldades de retirar água do volume
morto da Jaguari-Jacareí porque o trecho próximo às bombas de captação virou um
córrego raso. Na última sexta-feira, apenas três das 12 bombas estavam em
operação. Cada uma capta até 2 mil litros por segundo. Técnicos da área
acreditam que se todas funcionassem juntas, acabariam puxando o lodo do fundo
da represa e sendo danificadas.
O problema acabou provocando um efeito cascata. Sem
conseguir bombear água da Jaguari-Jacareí, que tem 65% do volume morto total
que será utilizado, a Sabesp foi obrigada a aumentar a retirada da Represa
Cachoeira para a Atibainha.
No mesmo período, foi obrigada a aumentar de 1 mil para 2,5
mil litros por segundo a liberação de água para o Rio Atibaia, que abastece a
região de Campinas.
Captação do volume morto na Jaguari-Jacareí em maio deste
ano.
A empresa, porém, está com dificuldades de retirar água do
volume morto da Jaguari-Jacareí porque o trecho próximo das bombas de captação
virou um córrego raso. Na última sexta-feira, apenas três das 12 bombas estavam
em operação. Cada uma capta até 2 mil litros por segundo. Técnicos da área
acreditam que, se todas funcionassem juntas, acabariam puxando o lodo do fundo
da represa e seriam danificadas.
Atibainha
O problema acabou provocando um efeito cascata. Sem
conseguir bombear água da Jaguari-Jacareí, que tem 65% do volume morto que será
utilizado, a Sabesp foi obrigada a aumentar a retirada da Represa Cachoeira
para a Atibainha. No mesmo período, foi obrigada a aumentar de 1 mil para 2,5
mil litros por segundo a liberação de água para o Rio Atibaia, que abastece a
região de Campinas.
As duas medidas, somadas à falta de chuvas, minou a
estratégia da companhia. Em seu último plano de operação do Cantareira, enviado
no início de outubro à Agência Nacional de Águas (ANA), a Sabesp disse que
manteria o nível do reservatório em Piracaia na cota 815 metros. Anteontem,
contudo, o nível do manancial já estava na cota 812,9 metros, que corresponde a
9% da capacidade.
Caso o nível chegue a 811,72 metros, a Sabesp não conseguirá
mais passar água das represas Jaguari-Jacareí e Cachoeira para o Atibainha, a
não ser por bombeamento. A empresa, no entanto, não fez obras para usar o
volume morto em Piracaia.
Desta forma, o abastecimento de 6,5 milhões de pessoas que
recebem água do Sistema Cantareira na Grande São Paulo ficaria dependente do
reservatório Atibainha, que já está operando dentro da segunda cota do volume
morto.
“A transferência de água do Jaguari-Jacareí está
praticamente parada. Por isso, o Cacheira está esvaziando. Eles (Sabesp) estão
fazendo um barramento no meio da Jacareí para usar a segunda parcela do volume
morto, mas isso ainda deve levar uns 15 dias para ser concluído”, explicou o
engenheiro Antonio Carlos Zuffo, professor de Hidrologia da Unicamp. “Se o
Atibainha continuar baixando, chegará uma hora em que não terá mais água para
mandar para Campinas. Só restará a água do Cachoeira, que já está próximo de
entrar no volume morto.”
Para Francisco Lahoz, secretário executivo do Consórcio PCJ,
a iminente seca da Represa Cachoeira evidencia o “colapso” do Cantareira. “É um
somatório de situações, que passa pela estiagem, o aumento das temperaturas e a
administração do recurso disponível. Cada gota de água tem de ser gerenciada”,
explicou. Lahoz acompanha o sistema desde 1992 e é alarmista em relação ao
futuro. “A partir de agora, será possível ver o sistema entrando em falência.
Corremos o risco de cair em um ponto sem volta, ameaçando a economia do País.”
Limites normais
Em nota, a Sabesp descarta instalar bombas na Represa
Cachoeira para captar um possível volume morto. A companhia informou que está
operando “dentro dos limites normais” de operação do reservatório em Piracaia,
que é o terceiro do sistema em capacidade.
A companhia disse que o volume do manancial faz parte de
tudo que há disponível no Cantareira e “dentro do seu regime de operação, a transferência
de água entre as represas é absolutamente normal, havendo naturais flutuações
em seus níveis”. De acordo com a Sabesp, não há prejuízo na vazão para o PCJ.
(OESP)
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