Demissão, queda na produção e preços altos. Confira como São
Paulo, o estado mais rico do país, tem a economia afetada pela seca.
Como a seca afeta o consumidor.
A crise hídrica em São Paulo não está só criando os
transtornos domésticos do dia a dia. Economicamente, São Paulo também deve ter
prejuízos mesmo que a situação do abastecimento não se agrave. “Dada a
representatividade de São Paulo na composição do PIB nacional, já é possível
estimar uma queda na ordem de 0,8% na economia”, prevê o professor de Economia
do Insper, Otto Nogami. “Se o governo não começar a agir agora, podemos esperar
que o crescimento encolha ainda mais”, completa.
Para se ter uma ideia, A seca que atingiu os Estados Unidos
no verão de 2012 - a mais severa e mais longa dos últimos 25 anos - causou uma
recessão de 0,2 ponto do crescimento da economia americana no segundo trimestre
daquele ano.
Segundo Nogami, com a queda do PIB há um impacto direto na
taxa de juros, impedindo que os preços caiam e dando início, assim, a uma
reação em cadeia, que atinge desde o empresariado até o consumidor final.
“Preços altos alimentam a inflação, que pode chegar a
ultrapassar os atuais 6,5%. A inflação alta desemboca na taxa de câmbio
afetando a produção e, consequentemente, afetando a oferta no mercado interno.
E importar produtos para abastecer o país com uma alta taxa de câmbio,
inevitavelmente, vai impactar no poder de compra do consumidor”, complementa.
Segundo a Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), o
setor já está demitindo por conta do problema. A situação só não é pior porque
a indústria não está trabalhando com capacidade plena, o que reduz o impacto da
escassez de água na produção. “Se a indústria estivesse trabalhando em plena
capacidade, teríamos problemas muito maiores", afirma Nelson Pereira
dos Reis, diretor titular do Departamento de Meio Ambiente da Fiesp.
Represa do Atibainha revela a área antes
ocupada pela água
As safras agrícolas também já apresentam resultados
alarmantes. Uma reportagem do Wall Street Journal relata que as colheitas de
café e cana de açúcar podem ser drasticamente afetadas, fazendo com que a
estiagem tenha outro impacto negativo – o na balança comercial (relação entre
importação e exportação de bens e serviços entre países).
“A medida que o preço de exportação estiver mais atrativo
que o do mercado doméstico, a tendência é que os produtores direcionem ainda
mais sua produção para o mercado externo, refletindo em aumentos de preços no
mercado interno”, observa Nogami.
“Metaforicamente, a situação da economia do país, atualmente,
é a seguinte: estávamos em uma estrada andando de carro, o pneu furou. A parada
- a recessão técnica – já era inevitável, pois alguns parâmetros
macroeconômicos têm de ser revistos. Esta seca que assola o país é como se
caísse uma tempestade na hora em que tivemos que parar para trocar o pneu”,
explica o professor.
Se a seca persistir, Nogami alerta, ainda, que os estados
podem ter de recorrer ao racionamento de energia, uma vez que não haverá água
suficiente para alimentar as usinas hidrelétricas que fornecem a maior parte da
eletricidade do país.
“O potencial de produção das termelétricas - setor que teve
grande investimento no Governo Dilma - também está chegando no seu limite, o
que, em um cenário extremo de falta de água, torna o racionamento inevitável”,
acrescenta o professor de economia.
A crise traz à tona um problema estrutural: nenhuma cidade
brasileira está pronta para lidar com a escassez de água. “As políticas em
matéria de gestão dos recursos hídricos no Brasil são insustentáveis",
afirmou Marcos Heil Costa, cientista climático da Universidade Federal de
Viçosa, à NASA. "É uma combinação de falta de preparação para os baixos
níveis de chuva e a falta de educação ambiental da população. A maioria das
pessoas continuam a usar a água como se estivéssemos em um ano normal”,
finalizou. (yahoo)
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