Alckmin anuncia que São Paulo usará água de reuso para consumo
Alckmin anuncia uso de esgoto tratado para consumo humano na
Grande SP.
Governador Geraldo Alckmin anuncia
construção de estações que enviarão água de reuso de volta para bacias de dois
sistemas.
O governador Geraldo Alckmin (PSDB)
anunciou em 05/11, que a Grande São Paulo vai usar esgoto tratado
na produção de água para consumo humano a partir de dezembro de 2015.
Alternativa para reduzir a dependência do Sistema Cantareira, a medida vai
resultar na produção de mais 3 mil litros de água por segundo, suficientes para
abastecer 900 mil pessoas.
Duas Estações de Produção de Água
de Reuso (Epar) serão construídas. Elas farão o tratamento do esgoto para
depois despejar a água na Represa do Guarapiranga, na zona sul da capital, e no
Rio Cotia, em Barueri, na Grande São Paulo - ambos os mananciais são
responsáveis pelo abastecimento de parte da população da região.
O modelo é semelhante ao anunciado
pela prefeitura de Campinas na semana passada. A água de reuso, embora não seja
potável, tem 99% de pureza - desse modo, pode ser despejada nas represas.
A Epar Guarapiranga será construída
às margens do Rio Pinheiros, na altura do Autódromo de Interlagos, e terá
capacidade para despejar na represa 2 mil litros de água de reuso por segundo.
“Há uma lei da Química (que diz) ‘nada se cria, nada se perde, tudo se
transforma’. Então, esse esgoto da região sul, em vez de ir lá para Barueri
para ser tratado, você intercepta na altura da Ponte Transamérica, puxa de
volta para a Epar e, por uma adutora, devolve para a Represa do Guarapiranga.
Nós teremos 2 m3 por segundo a mais (2 mil litros),
independentemente de chuva, porque a água já foi consumida e vai ser
devolvida”, disse Alckmin.
A outra Epar será instalada em
Barueri e vai abastecer a Represa Isolina, formada pelo Rio Cotia. Ela terá
capacidade para produzir 1 mil litros de água por segundo a partir de esgoto.
As duas estações deverão ficar prontas no fim do próximo ano.
O incremento na produção de água
nas duas represas, possibilitado pela água de reuso, vai aliviar também a
demanda sobre o Cantareira. Hoje, 2,3 milhões de clientes atendidos
anteriormente pelo sistema são abastecidos pelo Guarapiranga e Alto Tietê.
O governador afirmou que o volume
excedente incorporado à Represa do Guarapiranga por meio da água de reuso vai
equilibrar o aumento da captação do sistema, previsto para ser iniciado no
próximo dia 15. “Vamos retirar 1 mil litros a mais a partir deste mês e outros
1 mil litros em setembro de 2015. Esse valor que estamos tirando a mais do
Guarapiranga vai ser compensado com a água de reuso”, disse Alckmin.
Avaliação
Já adotada em outros países, a água
de reuso para consumo é defendida por especialistas em recursos hídricos, uma
vez que, após ser jogada no manancial, essa água passa novamente por tratamento
antes de chegar à torneira. “Isso não é um problema, mas o esgoto precisa ter
um nível alto de tratamento para ser jogado na Represa do Guarapiranga”, disse
Benedito Braga, presidente do Conselho Mundial de Água.
Braga ressaltou que, atualmente, as
invasões nas margens da Guarapiranga despejam esgoto sem tratamento no
manancial. No entanto, após o tratamento, a água se torna adequada para o
consumo.
De acordo com a Companhia de
Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), em uma Epar, o esgoto passa
por duas fases de tratamento antes de ser despejado no manancial: primeiro, é
feito o tratamento, cujo produto final é um líquido já despoluído. Essa água,
antes de ser devolvida para a natureza, passa por um novo tratamento no mesmo
local, virando água de reuso.
Depois, a água segue para uma
adutora, que joga a água de esgoto tratada dentro da represa. De acordo com a
Sabesp, o processo segue leis nacionais.
Para Malu Ribeiro, coordenadora da
Rede Água da SOS Mata Atlântica, a população deve ser conscientizada sobre o
processo. “Tecnologias temos disponíveis e a população não pode achar que vai
beber esgoto. A sociedade deve deixar de ter a cultura da abundância de água”,
disse a especialista. (OESP)
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