Brasil tem 26,3 milhões de pessoas com mais de 60 anos.
A renda dos brasileiros com 60 anos ou mais atingiu R$ 446 bilhões em
2013.
Com maior expectativa e qualidade de vida, parte da população de 60 anos
ou mais, que comemora o seu dia, têm viajado mais, estudado, comprado
e ocupado espaços públicos e virtuais. O Dia do Idoso foi instituído pela
Organização das Nações Unidas (ONU) e a data, posteriormente, foi escolhida
para a criação do Estatuto do Idoso, que comemora 11 anos.
“Dá preguiça não fazer nada”, sintetiza Elisabete Carvalho dos Santos,
representante de uma geração que se mantém ativa na velhice. Aposentada, 80
anos, ela dança, canta e vai à igreja. “Já trabalhei muito e não deixo de
trabalhar. Quando estou em casa, gosto de fazer crochê e tricô”, diz.
Os idosos são hoje no país 26,3 milhões, segundo a Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE). O número representa 13% da população. A expectativa é que esse
percentual aumente e que em 2060 chegue a 34%, segundo previsão do próprio
IBGE.
O pesquisador do IBGE Marden Barbosa atribui o aumento do índice e
também da qualidade de vida a uma melhoria na saúde e na condição material dos
idosos, embora “persistam as mesmas desigualdades encontradas entre as
populações mais jovens”, ressalta. “A esperança de vida aumentou muito devido à
redução da mortalidade infantil”, explica. Segundo ele, a esperança de vida em
2000 era 69 anos, em 2014 saltou para 75 e a projeção para 2060 é 81 anos.
A pesquisa Panorama dos
Idosos no Brasil, do Data Popular em parceria com o Instituto
Opinião, mostra que a renda dos brasileiros com 60 anos ou mais atingiu R$ 446
bilhões em 2013, o que corresponde a 21% da renda total da população
brasileira.
“A sociedade tem visão estereotipada do idoso, com doenças, que consomem
recursos da saúde. Que a velhice significa doença e não fazer nada”, constata o
presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, João Bastos
Freire Neto. “É importante dizer que é uma pequena parcela da população idosa
que está nessa condição, não é a maioria dos idosos”, acrescenta.
Segundo ele, uma boa qualidade de vida na juventude, cuidados com a
alimentação e a prática de exercícios ajudam a ter uma velhice mais
saudável. Além do que se pode prevenir, ele destaca os avanços da
medicina. “Uma pessoa com mais de 60 vai ter mais doenças crônicas, mas doenças
como diabetes, doenças coronarianas podem ser controladas [com medicamentos],
sem gerar incapacidade física”.
A idade, no entanto, assusta. Não é raro o medo do envelhecimento. A
preocupação em construir uma imagem diferente para os idosos foi o que motivou
o movimento Nova Cara da 3ª Idade, da agência Garage IM. O alvo da mudança é o
símbolo do idoso, presente em placas e adesivos.
“Hoje, o idoso é retratado como uma pessoa em decadência, curvado e
dependente de uma bengala (como nas imagens que o representam), da ajuda de
terceiros. Isso não é mais verdade. Há perda de vitalidade, mas o idoso hoje
vive mais, está mais saudável, ativo e produtivo. O país está em processo de
envelhecimento e levantar essas questões é uma forma de começar a
conscientização da sociedade sobre o tema”, diz o fundador da Garage IM e
criador do movimento, Max Petrucci.
A agência criou um novo símbolo, no qual uma pessoa aparece ereta ao
lado de 60+. A proposta é que as pessoas imprimam a nova representação e a
espalhem em espaços públicos. “Além da experiência e do conhecimento acumulado,
que são de grande valor para a sociedade, essas pessoas são ativas, bem
dispostas e têm o tempo disponível para viver uma vida em que podem escolher o
que querem fazer e como querem. É um novo momento na vida e é possível passar
longe da imagem do velho resmungão”, acrescenta Petrucci.. (ricmais)
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