Obras
de Alckmin não resolvem crise hídrica, diz presidente da ANA
Segundo Vicente Andreu, medidas do governo de SP, orçadas em
R$ 3,5 bilhões, só entrarão em funcionamento em ‘um ano ou dois’.
As obras anunciadas pelo governador de São Paulo, Geraldo
Alckmin, para superar a crise hídrica não resolvem o problema de falta de água
enfrentado pelos paulistas, avalia o presidente da Agência Nacional de Águas
(ANA), Vicente Andreu. "Essas obras entrarão em funcionamento, no melhor
das hipóteses, em um ano ou dois", disse. No total, as ações estão orçadas
em R$ 3,5 bilhões.
Andreu participou de audiência da Comissão de
Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio (CDEIC) da Câmara do Deputados,
onde criticou a atuação do governo paulista e da Companhia de Saneamento Básico
do Estado de São Paulo (Sabesp). "Há um conjunto de obras que, se tivesse
sido feito no prazo, teria reduzido o impacto (da seca)",
afirmou.
O diretor da ANA ironizou as ações de contenção
desenvolvidas pelas Sabesp para contornar a crise hídrica, afirmando que é
preciso um dilúvio para garantir o abastecimento de água no Estado mais
populoso do País. "A solução dessa situação é chover, e muito. Para chegar
a essa situação, até janeiro precisamos de um dilúvio", declarou.
Vicente Andreu afirmou que a Sabesp está descumprindo a cota
estabelecida para o Reservatório Atibainha, um dos cinco que compõem o Sistema
Cantareira. A empresa tem apresentado, de acordo com ele, a soma dos cinco
reservatórios para dizer que não acessou ainda a segunda cota do volume morto,
não apresentando os números individuais de cada reserva.
"Para eles interessa somar tudo e dizer que não passou.
É uma questão de como se trabalha a informação", disse. "A discussão
é se passou para o volume morto dois ou não? Depende do gosto da interpretação.
Se o gosto for dizer que não passou porque tem um pouquinho a mais (de água
em um dos reservatórios). Mas, se você olhar para o reservatório,
passou", observou.
Andreu revelou que a Sabesp se recusou a prestar
esclarecimentos sobre a retirada de água do Sistema Cantareira. "Não só
passou (para o segundo volume morto) como, pela operação do
reservatório, já se identificava que passaria. Nós mandamos correspondência
dizendo 'preparem-se, vocês têm de se preparar, vão baixar a até que ponto?',
mas isso nunca foi respondido", disse.
Segunda cota
O presidente da agência federal afirmou que não cabe à ANA
autorizar ou não o acesso à segunda cota do volume morto, tendo em vista que
dos cinco reservatórios do Cantareira, apenas dois são federais. Segundo ele, a
legislação não dá poderes para que haja uma punição por parte da ANA pelo
descumprimento da vazão acima do permitido pela Sabesp.
"Se eu falar que vou aplicar uma multa, eles dizem que
não, porque o reservatório é estadual. Tem um vazio constitucional em relação a
isso. Quem arbitra em uma situação de conflito? Quando tem dois Estados, em
princípio quem arbitra é a ANA, porque o rio é federal. Mas ali o conflito é
entre a União e o Estado. Isso explicita mais o fato da legislação ser
incompleta", considerou Andreu. (OESP)
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