Com
falta de chuvas, cachoeiras viram filetes d’água no Rio/RJ.
Não
chove forte no Estado desde outubro; estiagem favorece os incêndios e a perda
de biodiversidade e qualidade do solo.
O estudante Alexandre Oliveira, de
23 anos, frequenta desde a infância a ducha de água natural da Floresta da
Tijuca, perto do Corcovado, na zona sul do Rio. Com a falta de chuvas, ele não
reconhece o lugar. “Esse ‘chuveiro’ tinha quatro vezes mais água. Era tão forte
que massageava o corpo. Nunca vi isso assim”, contou o rapaz, nesta
quarta-feira, 12, sob o filete d’água que caía sobre a calçada - em condições
normais, a pressão é tamanha que molha até o meio da pista de carros.
Não chove forte no Rio desde o
começo de outubro. A seca é uma preocupação não só no Parque Nacional da
Tijuca, mas também nos parques estaduais do Grajaú, Pedra Branca e Mendanha. A
falta de chuva favorece os incêndios e a perda de biodiversidade e qualidade do
solo, além de dificultar a captação de água por agricultores e famílias.
Gestores estão sob tensão.
A "ducha" da Tijuca, em
2010 e hoje. "Nunca vi isso assim", afirma o estudante Oliveira
No Parque Nacional da Tijuca, o
mais visitado do Brasil, as cachoeiras, grandes atrações turísticas, estão
quase secas. A famosa Cascatinha, logo na entrada da sede, no Alto da Boa
Vista, está irreconhecível. “A chuva tem sido tão fraca que não é suficiente
para recuperar o ambiente”, disse o coordenador de proteção do parque, Leonard
Schumm.
Na Pedra Branca, a situação é
“muito triste e delicada”, alerta Guido Gelli, diretor de áreas de
biodiversidade e áreas protegidas do Instituto Estadual do Ambiente (Inea). “A
seca afeta a irrigação do subsolo, a fauna e a flora dependente dos rios, que
se tornaram filetes. O parque está seco. Qualquer fagulha acaba em combustão.
Imagine balões ou fogos de artifício. A vegetação mais arbustiva é a que mais
sofre”, afirma.
No Grajaú, a secura se evidencia na
cor da vegetação, que perdeu o verde viçoso. No Mendanha, área de lazer de
moradores da Baixada Fluminense e da zona oeste, cursos secundários dos rios
estão completamente secos, contou o chefe do parque, Carlos Dário Moreira. “Os
agricultores relatam dificuldades. Há 30 dias, vimos vários focos de incêndio
no lado mais perto da Baixada. São criminosos, gente que quer área para pasto.”
Bloqueios
Meteorologista da Climatempo,
Daniele Lima lembra que a seca no Rio, e no Sudeste de uma forma geral, se deve
à sucessão atípica de períodos sem precipitações, provocados, em parte, por
dois bloqueios atmosféricos nos Oceanos Atlântico e Pacífico. “O verão foi
muito quente e seco, quando deveria ter sido chuvoso.” Para os próximos dias,
ela prevê chuva “de moderada a forte”, mas não se sabe se será suficiente para
reverter a situação nos parques e rios. (OESP)
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