Documento deve admitir ação humana como base para avanços de
temperatura de até 3,7°C no fim deste século.
Em um esforço para tornar possível
um acordo mundial de redução de emissões dos gases de efeito estufa daqui a
apenas sete meses, o Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC)
iniciou em 27/10/14, em Copenhague, a confecção de um resumo de suas mais
recentes constatações científicas. A premissa de que o aquecimento global trará
consequências “graves, generalizadas e irreversíveis para as populações e os
ecossistemas” já tem consenso para a síntese. O texto final servirá como base
para as negociações políticas da 21.ª Conferência das Partes sobre Mudança
Climática (COP21), marcada para maio, em Paris.
“Ainda temos tempo para construir
um mundo melhor e mais sustentável”, declarou o indiano Rajendra Pachauri,
presidente do IPCC, ao abrir os trabalhos. “Mas temos muito pouco tempo”,
advertiu.
Premissa de que o aquecimento
global trará consequências graves, generalizadas e irreversíveis para as
populações e os ecossistemas já tem consenso.
Pachauri chamou a atenção de
cientistas e de governos para as “graves implicações da inação”. O relatório do
primeiro grupo de trabalho do IPCC, divulgado em 2013, trouxe constatações
devastadoras. De 1750 a 2011, a concentração de gás carbônico (CO2)
aumentou 40%; a de metano (CH4), 150%; a de óxido nitroso (N2O),
20%. A presença de CO2 na atmosfera é, hoje, a maior dos últimos 800
mil anos. O resultado tem sido o aquecimento da Terra. Entre 1951 e 2010, esses
gases contribuíram para aumentar a temperatura média da superfície mundial
entre 0,5ºC e 1,3ºC. Os prognósticos até o fim deste século são piores: no
cenário mais otimista do IPCC, haverá aumento de 1,0ºC. No mais pessimista, de
3,7ºC.
Sem previsão
A negociação para um novo documento
do clima será técnica. “Não posso prever o resultado da negociação. Mas eu sei
que é fundamental para os formuladores de políticas públicas ter suas decisões
orientadas pela ciência. Eu não os invejo. A tarefa deles será formidável”,
afirmou Pachauri.
O rascunho da síntese ressalta a
responsabilidade da atividade humana no aquecimento global desde 1950. EUA e
União Europeia se movem para incluir no texto final clara menção aos custos
“quase insignificantes” da redução das emissões de gases de efeito estufa em
comparação com o crescimento do consumo projetado. Já a Índia sugere a mudança
do critério comparativo para usar projeções do PIB. (OESP)
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