Após briga, governador do Rio fala em acordo para usar a
água do Paraíba do Sul no Cantareira; proposta é ‘tecnicamente viável’, diz
ANA.
O presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente
Andreu, afirmou ontem que o acordo pela transposição da água da Bacia do Rio
Paraíba do Sul para as represas do Sistema Cantareira está próximo de sair e
que a proposta é “tecnicamente viável”. A afirmação foi feita durante a
Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Sabesp, na Câmara Municipal de São
Paulo. Segundo ele, houve diversas reuniões técnicas entre os governos de São
Paulo, do Rio e de Minas Gerais com o Departamento de Águas e Energia Elétrica
(DAEE) e a ANA. Para Andreu, é possível “conciliar” os interesses de São Paulo
e do Rio. “Essa é uma questão muito sensível ao Rio porque a região metropolitana
e diversas cidades do Estado têm como único manancial o Rio Paraíba do Sul”,
explicou. A solução técnica para a transposição de água, disse Andreu, está “em
vias” de ser concluída.
O governador Geraldo Alckmin (PSDB) quer transpor 5 mil
litros de água por segundo da Represa Jaguari, da Bacia do Paraíba do Sul, para
a Represa Atibainha, do Sistema Cantareira. A Bacia do Paraíba do Sul é
responsável pelo abastecimento de 15 milhões de pessoas nos três Estados.
Acatar
O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), disse ontem
ao sair do Palácio do Planalto, onde se reuniu com a presidente Dilma Rousseff,
que, se os órgãos federais decidirem pela transposição, ele vai acatar. “Vou
aguardar o posicionamento disso. Ali é um rio federal, que atende à demanda de
três Estados. Se os técnicos chegarem a esta conclusão, só tenho a acatar”,
afirmou.
O posicionamento se contrapõe ao do ex-governador do Rio
Sérgio Cabral, que deixou o cargo em abril. Um mês antes, ele avisou que não ia
aceitar nenhuma ação da União para desviar água de rios que cortam o Estado.
Pezão afirmou que “não está brigando” com Alckmin. “Me relaciono otimamente com
o governador Geraldo Alckmin. Aquele é um rio com regulação federal. Então, é
seguir o que determina os órgãos federais.”
Ele rebateu a defesa de Alckmin de que a água do Paraíba do
Sul é mais importante para São Paulo, porque ali se trata de abastecer a
população da cidade e não apenas geração de energia. “Já foi importante para
geração de energia. Mas o rio é fundamental para o abastecimento de água da
cidade do Rio e da região metropolitana também.” Ele negou que tenha ido até a
presidente para pedir intervenção em favor do Estado.
Já o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) afirmou
que a transposição não tem impacto imediato no abastecimento das cidades
mineiras. O órgão avalia que o projeto oferece risco ao desenvolvimento do
Estado no futuro, por causa da possibilidade de uma maior dependência do Estado
do Rio da água de afluentes mineiros da bacia. Segundo a presidente do Igam,
Marília Carvalho de Melo, a diminuição da vazão com a transposição vai ocorrer
apenas na calha do rio.
Cantareira
O presidente da ANA disse também na CPI na Câmara que a
agência está analisando o plano do DAEE de retirar a água do segundo volume
morto do Sistema Cantareira. O superintende do órgão estadual, Alceu
Semagarchi, que esteve na CPI, disse que pretende usar a segundo cota ainda no
mês de novembro. (OESP)
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