Versão extrema do fenômeno pode causar efeitos imprevisíveis
no Sudeste e Centro-Oeste, como secas e inundações.
O aquecimento global pode dobrar o
risco de ocorrência de uma forma extrema do fenômeno La Niña, de acordo com
estudo publicado nesta segunda-feira, 26, na revista Nature Climate Change.
O fenômeno La Niña é oposto ao El
Niño. Caracteriza-se pela intensificação dos ventos alísios - que sopram na
faixa equatorial, no sentido leste -este e pela queda de temperatura no leste
do Oceano Pacífico. No entanto, assim como o El Niño, também provoca mudanças
nas correntes atmosféricas, afetando o clima global. As últimas vezes em que La
Niña se manifestou na versão radical foram nos verões de 1988-1989 e de
2007-2008.
Em geral, nos anos de La Niña
ocorrem no Brasil chuvas mais abundantes nas Regiões Norte e Nordeste e secas
prolongadas na Região Sul. No Sudeste e Centro-Oeste, os efeitos são
imprevisíveis, mas podem incluir secas, inundações e tempestades.
No Brasil, região Sudeste, onde
fica o Sistema Cantareira, enfrenta seca histórica.
Para realizar o estudo, a equipe
liderada por cientistas da Universidade de Exeter (Reino Unido) utilizou
cálculos e simulações produzidas por um modelo climático de última geração. O
objetivo era descobrir como o aquecimento global influenciará a frequência de futuras
ocorrências de La Niña em sua forma mais radical.
Os dados indicam, de acordo com os
autores do estudo, que o aquecimento global deverá dobrar a frequência do
fenômeno, intensificando seus efeitos devastadores.
Os cientistas também concluíram que
a versão radical de La Niña tem 70% de chance de acontecer imediatamente após
um ano com a presença da versão extrema do fenômeno El Niño. Com isso, diversas
partes do mundo poderiam sofrer com mudanças climáticas intensas, oscilando
entre grandes enchentes e secas severas.
O novo estudo sugere que a elevação
da temperatura sobre os continentes, combinada ao aumento na frequência de
eventos extremos de El Niño, deverá levar a versão radical de La Niña a
acontecer em intervalos de 13 anos, em vez da frequência de 23 anos que tem
sido observada pelos pesquisadores.
De acordo um dos autores do estudo,
Mat Collins, da Faculdade de Engenharia, Matemática e Ciências Físicas da
Universidade de Exeter, pesquisas anteriores realizadas pelo grupo mostraram
que o El Niño, em sua versão extrema, já está ocorrendo com duas vezes mais
frequência.
“O novo estudo mostra que a fase
fria do ciclo (La Niña) está seguindo pelo mesmo caminho. Ele mostra novamente
como nós estamos apenas começando a compreender as consequências do aquecimento
global”, afirmou Collins. (OESP)
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