domingo, 15 de fevereiro de 2015

Aquecimento global torna La Niña frequente

Versão extrema do fenômeno pode causar efeitos imprevisíveis no Sudeste e Centro-Oeste, como secas e inundações.
O aquecimento global pode dobrar o risco de ocorrência de uma forma extrema do fenômeno La Niña, de acordo com estudo publicado nesta segunda-feira, 26, na revista Nature Climate Change.
O fenômeno La Niña é oposto ao El Niño. Caracteriza-se pela intensificação dos ventos alísios - que sopram na faixa equatorial, no sentido leste -este e pela queda de temperatura no leste do Oceano Pacífico. No entanto, assim como o El Niño, também provoca mudanças nas correntes atmosféricas, afetando o clima global. As últimas vezes em que La Niña se manifestou na versão radical foram nos verões de 1988-1989 e de 2007-2008.
Em geral, nos anos de La Niña ocorrem no Brasil chuvas mais abundantes nas Regiões Norte e Nordeste e secas prolongadas na Região Sul. No Sudeste e Centro-Oeste, os efeitos são imprevisíveis, mas podem incluir secas, inundações e tempestades.
No Brasil, região Sudeste, onde fica o Sistema Cantareira, enfrenta seca histórica.
Para realizar o estudo, a equipe liderada por cientistas da Universidade de Exeter (Reino Unido) utilizou cálculos e simulações produzidas por um modelo climático de última geração. O objetivo era descobrir como o aquecimento global influenciará a frequência de futuras ocorrências de La Niña em sua forma mais radical. 
Os dados indicam, de acordo com os autores do estudo, que o aquecimento global deverá dobrar a frequência do fenômeno, intensificando seus efeitos devastadores.
Os cientistas também concluíram que a versão radical de La Niña tem 70% de chance de acontecer imediatamente após um ano com a presença da versão extrema do fenômeno El Niño. Com isso, diversas partes do mundo poderiam sofrer com mudanças climáticas intensas, oscilando entre grandes enchentes e secas severas.
O novo estudo sugere que a elevação da temperatura sobre os continentes, combinada ao aumento na frequência de eventos extremos de El Niño, deverá levar a versão radical de La Niña a acontecer em intervalos de 13 anos, em vez da frequência de 23 anos que tem sido observada pelos pesquisadores.
De acordo um dos autores do estudo, Mat Collins, da Faculdade de Engenharia, Matemática e Ciências Físicas da Universidade de Exeter, pesquisas anteriores realizadas pelo grupo mostraram que o El Niño, em sua versão extrema, já está ocorrendo com duas vezes mais frequência. 
“O novo estudo mostra que a fase fria do ciclo (La Niña) está seguindo pelo mesmo caminho. Ele mostra novamente como nós estamos apenas começando a compreender as consequências do aquecimento global”, afirmou Collins. (OESP)

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