As erupções
vulcânicas podem explicar uma "pausa" de cerca de 15 anos no processo
de aquecimento global, afirmam os cientistas norte-americanos ao estudar o
efeito de 17 erupções ocorridas desde 2000, sobre a temperatura à superfície da
Terra. Durante uma erupção vulcânica há libertação para a atmosfera de dióxido
de enxofre, que ao atingir a camada superior da atmosfera transforma-se em
pequenas gotas de ácido sulfúrico, que funcionam como pequenos espelhos,
refletindo a luz solar e impedindo que o calor atinja a superfície da Terra.
Como exemplo, depois da erupção do Monte Pinatubo, em 1991, a superfície
terrestre arrefeceu 0,72ºC, de acordo com o USGS (United States Geological
Survey).
Uma publicação
recente na Nature Geoscience apresentou evidências que estas gotas/espelho
podem ter reduzido a taxa de alteração climática. Até então, os climatologistas
não tinham em conta o efeito "refrescante" dos vulcões na elaboração
dos seus modelos.
Com a emissão de
gases de efeito estufa continuamente a crescer e muitos cientistas passaram a
considerar, com seriedade, a hipótese de modificar artificialmente o clima da
Terra, através de "erupções artificiais". Investigadores da
Universidade de Reading, no Reino Unido, decidiram testar a hipótese usando
para tais modelos computacionais que simularam os efeitos desse tipo de
alteração artificial no planeta. Os resultados, publicados na revista
científica Environmental Research Letters, mostraram que esta intervenção pode
funcionar, mas os efeitos colaterais não serão nada agradáveis.
Num cenário
hipotético, em que anualmente seriam lançadas 60 milhões de toneladas de
dióxido de enxofre para a estratosfera, o equivalente a cinco erupções
vulcânicas, o resultado seria a redução para zero no aumento das médias de
temperatura causado pelo CO2, ou seja, na simulação o vulcão
artificial acabaria com o aquecimento global. Contudo, o modelo computacional
também identificou um efeito colateral. Ao lançar as partículas na
estratosfera, a técnica modifica a temperatura nas camadas da atmosfera onde as
nuvens se formam, resultando numa redução de até 30% da frequência de chuvas na
região dos trópicos, com impactos nocivos na América do Sul, Ásia e África. Por
outras palavras, a ideia do vulcão artificial parece resolver um problema, mas
criar outro. (cvarg)
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