Estiagem
no Sistema Cantareira deve durar mais 10 anos.
Teorias sobre fenômenos
climáticos longos e cíclicos têm sido usadas por para explicar a queda
significativa no volume de água.
Estiagem no Cantareira era
previsível e deve durar ao menos mais 10 anos.
Duas diferentes teorias sobre fenômenos climáticos
longos e cíclicos têm sido usadas por pesquisadores para explicar a queda
significativa no volume de água que entrou no Sistema Cantareira na última
década. Tanto a tese que considera a temperatura do Oceano Pacífico quanto a
dos ciclos solares concluem que a região do manancial atravessa um período de
estiagem previsível, que deve durar ao menos mais dez anos.
"Esta última década está inserida na fase fria da
oscilação decadal do Pacífico, que começou em 1999 e tem o efeito de um El Niño
ou La Niña de longa duração, até 30 anos. Ela é marcada por uma redução das
precipitações, como se tivéssemos um mês chuvoso a menos do que na fase
quente", explica o professor da Universidade de São Paulo (USP) e coordenador
da Rede Internacional de Estudos Sobre Meio Ambiente e Sustentabilidade, Pedro
Luiz Côrtes.
Segundo ele, essa fase seca deve durar pelo menos até
2025, o que dificultará a recuperação do Cantareira. Um estudo feito por Côrtes
projeta que o manancial só deve atingir um nível de segurança, de 38% da
capacidade sem incluir o volume morto, em oito anos. "As fases frias e
quentes do Pacífico têm impacto direto nas vazões dos rios. Por isso chamo
atenção para que esse prognóstico climático de médio e longo prazo seja
incluído na nova forma de operação do sistema", diz.
O diretor do Departamento de Recursos Hídricos da
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Antonio Carlos Zuffo, vê nos
ciclos solares, que influenciam a circulação atmosférica e a temperatura
oceânica, a explicação para eventos climáticos extremos no mundo, como a seca
do Cantareira.
Segundo ele, a temperatura máxima média da Terra
apresenta tendência de queda desde 1998 - embora 2014 tenha sido o ano mais
quente da história, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU) -, semelhante
à observada entre 1930 e 1970, que coincide com o período mais seco da região
do Cantareira até a atual crise de estiagem.
Zuffo diz que o sistema foi concluído em 1974 e suas
dimensões definidas com base em um período seco, de baixas precipitações,
enquanto que sua operação pelos 30 anos seguintes ocorreram em período
predominantemente chuvoso, aumentando os riscos de enchentes. Ele alerta que
cenário inverso ocorre desde a outorga de 2004.
"O comportamento se repete. De 1930 a 1970, as
precipitações caíram; de 70 até 2003, aumentaram. E, agora, de 2004 para cá,
têm caído novamente. Então, temos ainda mais três décadas em que as chuvas
devem diminuir e ficar abaixo da média." Segundo a Sabesp, a chance de uma
seca como a de 2014 ocorrer era de 0,004.
Assista ao vídeo: https://br.noticias.yahoo.com/video/cantareira-só-deixará-volume-morto-201303548.html
Cantareira só deixará o volume morto com chuva de 100
dias. (yahoo)
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