Parece
que o Brasil está caminhando para uma segunda década perdida. O ultimo
relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI), publicado em abril de 2015,
traz dados sobre o panorama da economia mundial entre 2011 e 2014 e estimativas
para o período 2015 a 2020. Evidentemente o quadro pode mudar nos próximos
anos, mas a comparação entre os países é útil para se avaliar as tendências
passadas e as perspectivas futuras.
Analisando
a variação do Produto Interno Bruto (PIB) na década de 2011-2020 podemos
perceber um quadro desalentador para o Brasil. O conjunto das “economias
emergentes” (termo utilizado pelo FMI) deve crescer a uma média anual de 5,1%
aa, o mundo deve crescer a 3,7% aa, a América Latina e o Caribe devem crescer a
2,6% aa e as economias avançadas (termo utilizado pelo FMI) devem crescer a
1,9% ao ano. O Brasil deve crescer apenas 1,8% ao ano. O pior desempenho.
Nota-se,
portanto, que as economias emergentes (lideradas por China e Índia) são
responsáveis pelas maiores taxas de crescimento. O surpreendente é que a
América Latina e Caribe (ALC) vai crescer bem menos do que o conjunto das
economias emergentes e abaixo da média mundial. O baixo crescimento das
economias avançadas já era esperado, pois trata-se do desempenho de países com
alto nível de desenvolvimento humano e baixo (ou negativo) crescimento
demográfico.
Mas
o que mais surpreende nos dados é o mal desempenho da economia brasileira que,
segundo os dados do FMI, deve crescer apenas 1,8% ao ano na década. Ou seja, o
Brasil não só vai crescer menos que as economias emergentes, menos que a média
mundial, menos do que a ALC, mas, também, menos do que as economias avançadas.
FMI junho/15
Esta
situação não é nova, mas está se agravando. O FMI também mostra que a
participação do PIB brasileiro (em poder de paridade de compra) no PIB mundial
está caindo desde 1980. A maior queda ocorreu entre os governos José Sarney
(1985-1989) e Fernando Collor (1990-1992). Mas o Brasil continuou perdendo
posição relativa nos governos seguintes (uma leve recuperação no início do
Plano Real e entre 2008 e 2010). A perda se acelerou depois do início do
governo Dilma (2011 em diante).
Nos 30 anos entre 1950 e 1980 a taxa de crescimento do PIB brasileiro só não foi maior do que a taxa de crescimento mundial em 4 anos, todos eles de crise política. Em 1956, após o suicídio de Getúlio Vargas e das dificuldades da eleição de Juscelino Kubitschek o PIB brasileiro cresceu 2,9%. Nos anos de 1963, 1964 e 1965, após a renúncia de Jânio Quadros e da crise que se seguiu, o PIB brasileiro cresceu 0,6%, 3,4% e 2,4% respectivamente. Em nenhum ano entre 1950 e 1980 houve decréscimo do PIB. Porém, entre 1987 e 2016 o Brasil só cresceu mais que a economia internacional em 8 anos (1993, 1994, 1995, 2002, 2004, 2007 e 2010). O Brasil cresceu menos do que o mundo em 22 anos entre 1987 e 2016. O pior é que estamos caminhando para uma década perdida entre 2011 e 2020.
Nos 30 anos entre 1950 e 1980 a taxa de crescimento do PIB brasileiro só não foi maior do que a taxa de crescimento mundial em 4 anos, todos eles de crise política. Em 1956, após o suicídio de Getúlio Vargas e das dificuldades da eleição de Juscelino Kubitschek o PIB brasileiro cresceu 2,9%. Nos anos de 1963, 1964 e 1965, após a renúncia de Jânio Quadros e da crise que se seguiu, o PIB brasileiro cresceu 0,6%, 3,4% e 2,4% respectivamente. Em nenhum ano entre 1950 e 1980 houve decréscimo do PIB. Porém, entre 1987 e 2016 o Brasil só cresceu mais que a economia internacional em 8 anos (1993, 1994, 1995, 2002, 2004, 2007 e 2010). O Brasil cresceu menos do que o mundo em 22 anos entre 1987 e 2016. O pior é que estamos caminhando para uma década perdida entre 2011 e 2020.
Parece
que, em vez de se integrar aos BRICS, o Brasil vai submergir e deixar de ser um
protagonista da economia mundial. No máximo será um coadjuvante. O impacto nas
condições de vida da população e nas perspectivas de desenvolvimento do país
será doloroso. O fato é que as políticas macroeconômicas adotadas pelos últimos
governos brasileiros estão fazendo o país ir para o fundo do poço.
Os
dados do FMI indicam uma recuperação da economia brasileira já em 2016 e uma
melhora relativa até 2020. Mas muitos economistas brasileiros acreditam que a
crise brasileira será maior do que o FMI estima. Isto ocorre porque os
desequilíbrios das contas pública se agravaram desde o segundo mandato dos
governos petistas. O segundo governo Lula abandonou a disciplina fiscal e o
primeiro governo Dilma perdeu completamente o controle, na medida em que
adotava um keynesianismo sem resultados. Esta situação já era conhecida na
época da eleição presidencial de 2014, mas o que foi apresentado para a
população na propaganda eleitoral foi um conto da carochinha. Por isto, o
eleitorado considera que houve um “estelionato eleitoral”.
No
final do segundo governo Lula a relação dívida/PIB estava em 51,8%. Quando
encerrou o primeiro mandato de Dilma, chegou a 58,9%. Foi uma subida de 7,1
pontos do PIB em apenas 4 anos. Com o ajuste fiscal de Joaquim Levy e Dilma 2,
em apenas cinco meses, a dívida subiu para 62,5% do PIB. Um aumento de 3,6
pontos, enquanto o ajuste fiscal está fazendo água, pois o exagerado aumento
dos juros agrava o desajuste e coloca dinheiro nas mãos dos rentistas. A
despesa com juros, nos últimos 12 meses, atingiu R$ 409 bilhões (7,2% do PIB)
causando um déficit fiscal de R$ 447 bilhões (7,9% do PIB). Mais um recorde
negativo vergonhoso e preocupante. Desta forma, cresce a possibilidade de o
Brasil perder o chamado grau de investimento.
Caso
isto aconteça, a situação da economia brasileira vai ficar mais deteriorada,
devido aos grandes déficits em transações correntes, reforçando a tendência de
perda relativa em relação ao resto do mundo. Com o crescimento dos “déficits
gêmeos”, o Brasil colocou a cabeça na forca do capital financeiro global. Para
fechar a conta do balanço de pagamentos, o país precisa que o resto do mundo
invista US$ 100 bilhões por ano nas terras tupiniquins. Isto vinha acontecendo
enquanto o Brasil ainda era considerado país emergente e enquanto existia
liquidez internacional. Mas com a crise grega, com a crise europeia e agora com
a crise chinesa haverá restrições de crédito e o Brasil pode se enforcar de vez
no aperto monetário. Com o aumento dos juros nos Estados Unidos, o dólar deve
disparar e pressionar ainda mais a estagflação. Com alta probabilidade, o
Brasil deve voltar a mendigar ajuda do FMI.
Mas
independentemente de qualquer pessimismo extra e externo, os dados já indicam
que o Brasil está com uma economia desequilibrada, completamente desajustada e
se tornou um “patinho feio” da economia internacional, não podendo ser mais
chamado de economia emergente. Se os dados acima se confirmarem, o Brasil vai
entrar em um rápido processo de decadência e se (des) afirmar como um país
submergente. (ecodebate)
Nenhum comentário:
Postar um comentário