Os cientistas por trás do artigo desenvolveram uma
nova técnica de pesquisa, utilizando modelos de aprendizado de máquina, para
sintetizar uma quantidade sem precedentes de 100.000 estudos empíricos com um
modelo extenso e dados observacionais sobre mudança de temperatura e
precipitação para fornecer uma imagem abrangente e global dos impactos da ação
humana, induzida pela mudança climática até o momento.
O estudo, “Machine-learning-based evidence and
attribution mapping of 100,000 climate impact studies”, foi conduzido sob a
orientação de dois institutos de pesquisa climática: Mercator Research
Institute on Global Commons and Climate Change e Climate Analytics.
“Nosso estudo não deixa dúvidas de que a crise
climática já está sendo sentida em quase todo o mundo. Ela também está
amplamente documentada cientificamente”, explica Max Callaghan, pesquisador de
pós-doutorado no grupo de trabalho Ciência Aplicada de Sustentabilidade do MCC
e principal autor do estudo.
A “lacuna de atribuição”
O documento também identifica uma ‘lacuna de
atribuição’, em que a falta de documentos e dados de países de baixa renda
torna mais difícil entender os impactos climáticos nessas áreas, apesar das
mudanças observadas nos modelos climáticos globais.
Níveis robustos de evidência para impactos atribuíveis são duas vezes mais prevalentes em países de alta renda do que baixo – e 23% da população de países de baixa renda vivem em áreas com evidência de baixo impacto, apesar das tendências parcialmente atribuíveis de temperatura e / ou precipitação.
“Os países em desenvolvimento estão na vanguarda dos impactos climáticos, mas podemos ver em nosso estudo que existem pontos cegos reais quando se trata de dados de impacto climático. A maioria das áreas onde não somos capazes de conectar os pontos em termos de atribuição está na África”, Diz Shruti Nath, autor colaborador e pesquisador da Climate Analytics. Isso tem implicações reais para o planejamento da adaptação e acesso a financiamento nesses lugares”.
Revisões da ciência do clima na era da grande
literatura
A literatura da ciência do clima está crescendo
exponencialmente. Desde o primeiro relatório de avaliação do IPCC em 1990, o
número de estudos sobre os impactos climáticos aumentou mais de 100 vezes.
Os métodos usados neste estudo visam fornecer uma
solução para a era da grande literatura. A equipe usou uma abordagem de
aprendizado profundo de última geração para identificar e classificar cerca de
100.000 artigos científicos, documentando impactos climáticos observados que
vão desde vulnerabilidades sociais a impactos no meio ambiente, de lagos de
água doce a ecossistemas e geleiras.
O algoritmo extrai informações sobre o impacto, o driver climático, bem como a geolocalização da área de estudo. Essas informações são então combinadas com avaliações espacialmente explícitas de tendências na temperatura e precipitação locais que são atribuíveis à mudança climática induzida pelo homem. Combinando essas duas fontes de big data, um grande banco de dados de literatura sem precedentes de impactos climáticos documentados com mudanças atribuíveis pelo homem na temperatura e precipitação locais, fornece um recurso único para informar a ação climática.
Max Callaghan conclui: “Nosso mapa mundial de impactos climáticos fornece orientação para a luta global contra o aquecimento global, para avaliações de risco regionais e locais e também para ações locais sobre adaptação climática”. (ecodebate)
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