Interior
de SP quer cobrar captação de água do Cantareira na próxima outorga
Câmara
técnica dos Comitês das Bacias PCJ aprovou minuta de proposta na qual pede até
10.000 litros por segundo do sistema para atender a região de Campinas.
As
cidades da região de Campinas, no interior paulista, querem dobrar a captação
máxima do Sistema Cantareira na próxima outorga do manancial. A câmara
técnica dos Comitês das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ)
aprovou em 31/07/15, minuta de proposta na qual solicita uma vazão média de até
10 mil litros por segundo, contra 5 mil l/s do acordo vigente.
A
proposta ainda será votada no comitê antes de ser oficialmente apresentada em
agosto à Agência Nacional de Águas (ANA) e ao Departamento de Águas e
Energia Elétrica de São Paulo (DAEE), órgãos gestores do manancial. O pedido do
interior bate de frente com a proposta da Companhia de Saneamento Básico do
Estado de São Paulo (Sabesp), que quer manter o direito de explorar até 33 mil
l/s autorizados em 2004 e deixar os mesmos 5 mil l/s para o PCJ.
Um
funcionário da Sabesp observa a seca na Represa Jaguari, uma das que formam o
Sistema Cantareira, localizada em Bragança Paulista, no interior de São
Paulo.
Por
causa da pior estiagem da história do Cantareira, em 85 anos de registros, a
Sabesp só pode captar hoje até 13,5 mil l/s e o PCJ tem direito a 3,5 mil l/s.
A outorga deveria ter sido renovada em 2014, mas foi adiada para outubro deste
ano por causa da crise. Segundo o presidente da ANA, Vicente Andreu, a
complexidade da discussão e a permanência do cenário crítico podem provocar
novo adiamento.
Em
julho, o Consórcio PCJ, que representa cidades e empresas da região, já havia
defendido uma vazão máxima de 10 mil l/s para o interior, e de 24 mil l/s para
a Grande São Paulo. A entidade defende que a divisão do estoque de água no
manancial seja proporcional ao número de habitantes que dependem do manancial
em cada região: 4 milhões no PCJ e cerca de 9 milhões na Grande São Paulo.
Pela
minuta aprovada em 31/07, a gestão do Cantareira nos próximos 10 anos (a Sabesp
defende um acordo por 30 anos) se dará de acordo com a quantidade de água
armazenada nas represas, definindo níveis de criticidade. Quando os
reservatórios estiverem abaixo de 20% de seu volume útil (estoque acima do
nível dos túneis de captação), o regime de operação será considerado de
estiagem, com a aplicação dos Planos de Contingência indicados por ANA e
DAEE.
O
interior também quer incluir a Represa Paiva Castro, que fica em Mairiporã, na
Grande São Paulo, no cálculo que define a partilha da água do sistema para as
duas regiões. Hoje, a divisão é feita sobre a capacidade das represas
Jaguari/Jacareí (Bragança Paulista), Cachoeira (Piracaia) e Atibainha (Nazaré
Paulista), que formam o chamado "Sistema Equivalente". A Sabesp é
contra essa proposta.
O
grupo pede ainda que a nova outorga seja revisada após cinco anos para analisar
se as condições definidas para melhorar a gestão do sistema estão sendo
realmente cumpridas e se a construção dos reservatórios de Pedreira e Amparo
for concluída. Pela proposta, caso as novas barragens prometidas pelo governo
Geraldo Alckmin (PSDB) para tornar o interior independente do Cantareira não
estejam prontas, a partir de 2020 será acrescido 1 mil l/s por ano às vazões
destinadas ao PCJ até 2025.
“A
comunidade das Bacias PCJ sempre trabalharam com a visão de gestão
compartilhada do sistema, todos esses pleitos feitos pelos Comitês PCJ não
podem ser suprimidos em nenhum item, porque eles foram elaborados pensando na
nossa região e também na Grande São Paulo, visto que as nossas câmaras técnicas
possuem essa capacidade de entendimento da questão”, afirma o
secretário-executivo do Consórcio PCJ, Francisco Lahóz. (OESP)
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