De acordo com o Programa das Nações Unidas para o
Meio Ambiente (Pnuma), a destruição da natureza causa prejuízos anuais de até
R$ 8 trilhões.
E olha que o estrago pode ser até maior, já que o
Pnuma não leva em conta todas as atividades destrutivas no planeta, pois nem
sempre é possível convertê-las em valores monetários. O montante desperdiçado
equivale a mais de 10% do valor do que a natureza gera para a humanidade. Ao
todo, "serviços" como água potável, solos férteis e outros recursos
naturais rendem R$ 79 trilhões por ano. Se o ritmo de devastação não
diminuir, em 40 anos o prejuízo anual pode chegar a 7% da riqueza produzida no
planeta, ou seja, pouco mais de R$ 31 trilhões. Para fazer essas contas
alarmantes, a ME usou relatórios do Pnuma publicados entre 2008 e 2010.
Prejuízo global - Ações do homem e da própria
natureza detonam o meio ambiente e custam caro para o planeta:
Extintos selvagens
Cerca de 21% das espécies de mamíferos, 12% das
aves, 28% dos répteis e 35% dos invertebrados estão ameaçados de extinção.
Desmatamento
Prejuízo anual - R$ 3,5 trilhões
A principal causa dos desmatamentos pelo mundo é a
necessidade de criar mais espaço para agricultura. O resultado disso é a
chamada conversão de habitat - destruição das florestas para fins comerciais. A
América do Sul e a África foram os continentes que registraram maior perda
líquida de florestas nos últimos dez anos. Vale lembrar que as florestas
compõem 31% da superfície terrestre. O consolo é que o ritmo do desmatamento
diminuiu cerca de 18% nesta década.
• Entre 2001 e 2010, foram desmatados 130 mil km2.
Comparando com os anos 90, porém, o mundo deixou de perder uma área florestal
equivalente ao estado de Alagoas.
• Com a média anual de 13 mil km2 desmatados, dá
para dizer que 1 m2 desmatado "custa" R$ 270. Nesta
"cotação", o desmatamento da Amazônia ao longo da história equivale a
R$ 231 trilhões.
• Na África Subsaariana, que inclui 47 países, como
Senegal e Quênia, a erva-bruxa invasora ocasionou cerca de R$ 12 bilhões por
ano de prejuízos nas culturas de milho.
• O desmatamento na Amazônia caiu 74% entre 2003 e
2009.
Espécies invasoras
Prejuízo anual - R$ 2,5 trilhões.
Espécies animais e vegetais que invadem
ecossistemas também causam muito prejuízo mundo afora. No reino animal, os
invasores desequilibram a cadeia alimentar e, entre os vegetais, competem com
espécies cultivadas por recursos essenciais, como água, luz e oxigênio, além de
hospedar pragas. Isso aumenta o custo de produção dos alimentos e compromete a
fertilidade do solo.
• Os coelhos causam R$ 655 milhões de perdas à agricultura
da Austrália todo ano.
• A introdução do parasita Gyrodactylus salaris fez
com que a densidade de salmões na Noruega caísse em 86%, gerando um prejuízo
estimado em R$ 35 milhões.
Pragas Brasilis - Espécies invasoras do Brasil:
* Tiririca (Cyperus rotundus) - Comum nas lavouras
de milho, feijão e cana-de-açúcar.
* Tiriricão (Cyperus esculentus) - Frequente em
culturas de café, cana-de-açúcar, arroz e maçã.
* Grama-seda (Cynodon dactylon) - Marca presença em
pastagens e em culturas de milho, soja e uva.
Outros prejuízos anual - R$ 2 trilhões
Aqui entram vários estragos "menores" no
meio ambiente, como desgaste dos solos, pesca excessiva e extinção de espécies.
De acordo com a agrônoma Patrícia Monquero, da UFSCar, há três formas de
degradação do solo: química (queda de fertilidade), física (erosão,
compactação) e biológica (perda de biodiversidade). A sobrepesca é um problema
tão grave que já atinge 80% dos estoques pesqueiros mundiais.
• Cerca de 25% dos solos estão degradados (30%
dessa área é de florestas, 20% pertencem a áreas agrícolas e 10% a pastos). O
estrago é maior na África, na Austrália, na Ásia e na América do Sul.
• Atualmente, os esforços de pesca são cinco vezes
maiores do que na década de 1970. Ou seja, é preciso gastar cinco vezes mais
tempo e dinheiro para pescar a mesma quantidade de 40 anos atrás.
• Os países que mais sofrem com sobrepesca são os
africanos Mauritânia, Gâmbia, Senegal e Serra Leoa.
• Entre 1995 e 2005, o capim-chorão (Eragrostis
plana) causou R$ 51 milhões em prejuízos à agricultura gaúcha.
• O mexilhão-zebra e a amêijoa-asiática, moluscos
introduzidos por acidente no litoral dos EUA, dão um prejuízo anual de R$ 8,8
bilhões.
• Todo ano, há um prejuízo mundial de R$ 60 bilhões
relativo ao que é pescado e não é consumido. (abril)
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