“A natureza não precisa de
pessoas. As pessoas precisam da natureza”
Vivemos
em uma sociedade de risco como mostrou Ulrich Beck. E estes riscos são
crescentes, pois quanto mais se avança no sistema hegemônico de produção e
consumo maiores são as chances de um grande desastre econômico, social e
ambiental. Dentre todos os riscos, o aquecimento global tem o maior potencial
de causar danos irreparáveis.
O
livro “O Choque Climático”, de Gernot Wagner e Martin Weitzman, defende a ideia
da necessidade premente de ação diante das incertezas do clima. Eles apresentam
os dados que mostram que a concentração de dióxido de carbono na atmosfera, que
era de 280 partes por milhão (ppm) antes da revolução industrial chegou a mais
de 400 ppm em 2015. Neste nível, é possível manter o aumento da temperatura
global abaixo de 2º C no século XXI.
Mas,
com a continuidade das emissões de gases de efeito estufa (GEE), podemos chegar
a 550 ppm e a três por cento de aumento do aquecimento global, ou a 700 ppm, o
elevaria o aumento médio na temperatura para a casa de 3,5º C. Assim, manter as
emissões no caminho necessário para limitar o aumento médio para os dois graus
recomendados – efetivando na prática esse resultado – requereria uma revolução.
O
aquecimento global é uma certeza. O ritmo de aumento é incerto. Conforme
aumenta a concentração de GEE, os cientistas dizem que cresce também a
expectativa média do aumento da temperatura e, crucialmente, a probabilidade de
eventos extremos. Com 400 ppm, as chances de um aumento de 6 graus são próximas
de zero. Mas, com 700 ppm, as chances podem passar de uma em dez.
Eles
dizem, se tivéssemos 10% de chance de perder a maior parte do nosso dinheiro,
manteríamos o mesmo portfólio?
Para
a maioria, a resposta seria um contundente não. Qualquer um tomara medidas para
evitar um desastre.
O
mesmo deveria ser feito em relação aos riscos de um desastre climático no
futuro. Deveríamos tomar medidas para reduzir os riscos. Os autores sugerem que
o mínimo que precisamos fazer é impor um preço global sobre as emissões de CO2
em US$ 40 a tonelada. No entanto, atualmente, o custo real imposto sobre as
emissões está mais perto de menos US$ 15 por tonelada, por causa de vastos
subsídios para energia de combustível fóssil no valor de US$ 550 bilhões por
ano. Outra alternativa tem a ver com as novas tecnologias. Mas eles propõem a
formação de um Clube do Clima que garanta preços elevados para as emissões de
carbono em todo o mundo, como um passo essencial em direção a uma política
eficaz para diminuir o aquecimento.
A
incerteza não pode servir para a inação. Somente nas duas últimas décadas o
nível dos mares subiu, em média, quase 8 cm no mundo todo por causa do
aquecimento global, segundo estudo recente da NASA, que alertou que se trata de
uma tendência que se manterá nos próximos anos. Por exemplo, um aumento da
temperatura poderia levar ao completo colapso da capa de gelo da Antártida
Ocidental, o que elevaria o nível dos oceanos em 5 (cinco) metros. Isto
deslocaria milhões e até bilhões de pessoas das regiões costeiras para fugir da
elevação do nível dos oceanos. Neste caso extremo, quase todo o litoral
brasileiro ficaria afetado e haveria perdas incalculáveis.
O ano de 2014 foi o mais quente da história do Holoceno. Mas 2015 deve ser ainda mais quente. O fenômeno meteorológico El Niño, que começou este ano, também pode ser dos mais fortes dos últimos 65 anos. A corrente do El Niño produz uma elevação nas temperaturas do Pacífico equatoriano e pode causar fortes chuvas em algumas partes do mundo e secas em outras, além de elevar a temperatura global. O El Niño começou em março e seus efeitos devem durar por um ano. O calor intenso já deixou milhares de mortos na Índia em 2015. O Iraque teve o verão mais quente, com sensação térmica chegando a 70,5%, o que revoltou a população que protesta contra a falta de energia e a corrupção do governo. Os efeitos do aquecimento global já se fazem sentir em todos os lugares.
O ano de 2014 foi o mais quente da história do Holoceno. Mas 2015 deve ser ainda mais quente. O fenômeno meteorológico El Niño, que começou este ano, também pode ser dos mais fortes dos últimos 65 anos. A corrente do El Niño produz uma elevação nas temperaturas do Pacífico equatoriano e pode causar fortes chuvas em algumas partes do mundo e secas em outras, além de elevar a temperatura global. O El Niño começou em março e seus efeitos devem durar por um ano. O calor intenso já deixou milhares de mortos na Índia em 2015. O Iraque teve o verão mais quente, com sensação térmica chegando a 70,5%, o que revoltou a população que protesta contra a falta de energia e a corrupção do governo. Os efeitos do aquecimento global já se fazem sentir em todos os lugares.
A
Conferência de Paris – a COP21 – terá que avaliar todos os riscos presentes e
futuros e todas as propostas disponíveis, não se furtando de tomar medidas
efetivas para enfrentar o aquecimento global em todas as suas consequências e
evitar o degelo dos glaciares e das calotas polares da Antártida. (ecodebate)
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