Cerca de 15 bilhões de árvores são cortadas a cada
ano, de acordo com os cálculos dos pesquisadores.
Quanto isso nos afeta?
Número de árvores no
planeta caiu 46% desde o início da agricultura.
Existem cerca de 3 trilhões de árvores no mundo - um
número quase oito vezes maior que o estimado anteriormente. A conclusão é de um
estudo realizado por um grupo internacional de cientistas e publicado em
03/09/15 na revista Nature.
O estudo também mostra que a atividade humana é
prejudicial para a abundância de árvores no planeta. Cerca de 15 bilhões de
árvores são cortadas a cada ano, de acordo com os cálculos dos pesquisadores.
Desde o início da agricultura, há 12 mil anos, o número de árvores no planeta
caiu cerca de 46%.
Para realizar o estudo, a equipe liderada por Thomas
Crowther, do Instituto Holandês de Ecologia, em Wageningen (Holanda), analisou
dados de 400 mil estimativas já realizadas em todos os continentes, exceto a
Antártica, para produzir um mapa global da densidade das florestas.
Segundo os autores, até agora cientistas e tomadores
de decisão se basearam em imagens de satélite para fazer estimativas da
cobertura florestal global. No entanto, essas técnicas de sensoriamento remoto
não levam em conta o número de árvores e a densidade das florestas - ou
estoques de biomassa - que são importantes para entender a estrutura e os
processos dos ecossistemas.
Os cientistas utilizaram uma combinação de imagens de
satélite, inventários de florestas, tecnologias de supercomputação para
produzir o mapa global de populações de árvores em escala de um quilômetro
quadrado. De acordo com o mapa, o número global estimado é de 3,04 trilhões de
árvores.
"As árvores estão entre os organismos mais
críticos da Terra, ainda que só recentemente estejamos começando a compreender
seu alcance e sua distribuição globais", disse Crowther, autor principal
do estudo e pós-doutorando na Escola de Estudos Florestais e Ambientais da
Universidade Yale (Estados Unidos).
Crowther explicou que as árvores armazenam imensas quantidades
de carbono, são essenciais para os ciclos de nutrientes, para a qualidade da
água e do ar e por inúmeros serviços para os humanos.
"Quando você pede a uma pessoa que estime, dentro
de uma ordem de magnitude, quantas árvores existem, ela nem sabe por onde
começar. Eu não sei o que eu teria sugerido, mas certamente eu ficaria surpreso
ao descobrir que estamos falando de trilhões", afirmou Crowther.
De acordo com os autores, o estudo foi inspirado por
um pedido da Plant for the Planet, uma iniciativa global que lidera o programa
Um Bilhão de Árvores, do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
(Pnuma). Há dois anos, o grupo entrou em contato com Crowther para pedir uma
estimativa do número de árvores em escalas regionais e globais, a fim de avaliar
a contribuição dos esforços do programa e planejar futuras iniciativas de
plantio de árvores.
Na época, a única estimativa global era de que haviam
cerca de 400 bilhões de árvores em todo o planeta, o que equivale a 61 árvores
por pessoa na Terra. Aquela predição havia sido gerada com o uso de imagens de
satélite e estimativas de área florestal, mas não incorporava nenhum tipo de
informação obtida em campo.
O número estimado com pelo novo estudo, de 3,04
trilhões de árvores, equivale a aproximadamente 422 árvores por pessoa.
O novo estudo também foi capaz de avaliar como o
número de árvores em cada área está relacionado às características locais como
clima, topografia, vegetação, condições do solo e impactos humanos.
"A diversidade da amostra de dados disponíveis
atualmente nos permitiu construir modelos de previsão para estimar o número de
árvores em níveis regionais", disse outro dos autores do estudo, Henry
Glick, da Universidade Yale.
O mapa gerado pelos cientistas, segundo eles, tem o
potencial para fornecer informações sobre a estrutura dos ecossistemas
florestais em diferentes regiões e pode ser usado para aprimorar previsões
sobre estoques de carbono e biodiversidade no planeta.
As mais altas densidades de árvores foram encontradas
nas florestas boreais e das regiões subárticas da Rússia, Escandinávia e
América do Norte. Mas as maiores áreas de florestas, de longe, estão nos
trópicos, que abrigam cerca de 43% de todas as árvores do mundo. Cerca de 24%
das árvores estão nas densas florestas boreais e 22% nas florestas das zonas
temperadas.
Os resultados ilustram como a densidade de árvores
muda de acordo com o tipo de floresta. Os cientistas descobriram que o clima
pode ajudar a prever a densidade de árvores na maior parte dos biomas. Em áreas
mais úmidas, por exemplo, mais árvores podem crescer. No entanto, os efeitos
positivos da umidade são revertidos em algumas regiões porque humanos
tipicamente preferem as áreas mais úmidas e produtivas para a agricultura.
Segundo Crowther, a atividade humana é o principal
fator relacionado ao número de árvores em todo o mundo. Enquanto o impacto
negativo das atividades humanas sobre os ecossistemas naturais é claramente
visível em áreas pequenas, o estudo fornece uma nova medida da escala dos
efeitos antropogênicos, mostrando como as decisões históricas de uso da terra
deram forma aos ecossistemas naturais em escala global.
De acordo com o estudo, a densidade das árvores
geralmente despenca onde as populações humanas aumentam. O desmatamento, a
mudança de uso do solo e o manejo florestal são responsáveis pela perda bruta
de mais de 15 bilhões de árvores anualmente.
"Nós praticamente cortamos à metade o número de
árvores no planeta e vemos os impactos disso no clima e na saúde humana. Esse
estudo indica como vai ser necessário um esforço muito maior se quisermos
restaurar a saúde das florestas no planeta", afirmou Crowther. (yahoo)
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