Não só impostos: desmatamento
também aumenta no Brasil
Levantamento do INPE aponta degradação quase duas
vezes maior que no ano passado, passando de 5 mil km².
Equivalente a 721 campos de futebol.
Alertas mostram aumento de
69% do desmatamento na Amazônia
Duas semanas depois de o governo federal anunciar que
o desmatamento na Amazônia em 2014 foi o segundo menor da história, um novo
levantamento trouxe um indicativo de que a taxa oficial pode não se portar tão
bem neste ano.
O número de alertas de alteração da cobertura vegetal
na Amazônia entre agosto do ano passado e julho deste ano subiu 68,7% na
comparação com o período de agosto de 2013 a julho de 2014, de acordo com dados
divulgados pelo Deter, monitoramento em tempo real do
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
Deter registrou 5.121,92 km² de floresta desmatada, contra 3.035,93 km² em 2014.
Deter registrou 5.121,92 km² de floresta desmatada, contra 3.035,93 km² em 2014.
O
levantamento registrou corte raso e degradação em uma área de 5.121,92 km² de
floresta no ano que passou, contra 3.035,93 km² no ano anterior. É o número
mais alto dos últimos seis anos e equivale a 3,5 vezes o tamanho da cidade de
São Paulo.
Apesar
de ágil para observar em tempo real o que está acontecendo e enviar alertas
para a fiscalização, o Deter é impreciso. Desse modo, ele não serve para fornecer
o número oficial de perda da cobertura florestal, mas dá uma boa pista de como
ele pode se comportar.
O
valor final da perda é fornecido por outro sistema do INPE, o Prodes, e costuma
ser divulgado em novembro, sendo confirmado no meio do ano seguinte.
É
esse o número oficial do desmatamento e foi o que a ministra do Meio Ambiente,
Izabella Teixeira, anunciou há duas semanas. O último dado do Prodes apontou
que o desmatamento de agosto de 2013 a julho de 2014 foi o segundo menor da
história - 5.012 km².
Se a
tendência do Deter se confirmar, o Prodes poderá também trazer um aumento.
Somente duas vezes desde que o monitoramento começou a ser feito Deter e Prodes
seguiram trajetórias diferentes. Uma delas foi justamente no ano passado. Os
alertas mostravam alta, mas o número final foi de baixa.
Perfil
Para
Luciano Evaristo, diretor de proteção ambiental do IBAMA, uma mudança no perfil
do desmatamento é a principal explicação para essa diferença. "O
desmatador é esperto e aprendeu a evitar o satélite. Sabe que se cortar acima
de 25 hectares vai perder o lucro do seu crime. Então adotou novas técnicas,
como o corte multipontos, que vai comendo a floresta por baixo das copas.
Além
disso, explica, o Deter tem uma resolução muito baixa, de 250 metros, o que dificulta,
por exemplo, diferenciar corte raso (que configura a perda total da floresta)
de degradação. Ele diz que o IBAMA tem buscado usar imagens em alta resolução
de satélites que enxergam cortes menores que 25 hectares, mas são mais lentos,
só rodam de 16 em 16 dias. Assim, afirma, o IBAMA tem conseguido agir antes que
o problema se torne maior. Ele opina que a taxa oficial deve ser parecida com o
ano passado.
De
acordo com Evaristo, o INPE deve lançar em breve o que ele chamou de Deter-B,
um satélite com resolução de 56 metros, rodando a cada cinco dias, para
conseguir lidar com esse desmatamento multipontos. (yahoo)
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