Recorte
de imagem do satélite Landsat demonstrando os efeitos da interferência humana
no entorno da Estação Ecológica de Águas Emendadas.
O
Brasil é um país continente e nada mais representativo do que a unidade de
conservação ambiental de Águas Emendadas para simbolizar esta realidade. A
estação ecológica de “Águas Emendadas”, localizada no planalto central do país
registra bem esta dimensão. Lá estão rios que se dirigem para norte e para sul
e integram duas das maiores bacias hidrográficas continentais, a Bacia do Rio
da Prata e a Bacia Amazônica.
Situada
próximo a cidade-satélite de Planaltina no Distrito Federal, há cerca de 50 km
da cidade de Brasília, esta unidade se encontra sob gestão do Instituto
Brasília Ambiental (IBRAM), sendo submetida a um regime de visitação
controlada. A unidade tem área de 10.547 hectares, sendo destinada a proteção
do ambiente natural, realização de pesquisas básicas e aplicadas no campo da
ecologia e à educação ambiental com ênfase nos aspectos conservacionistas.
Data
do século XIX, dos registros realizados pela então comissão Cruls, as primeiras
menções as características da área. Luis Cruls comandou missão exploradora do
planalto central e as manifestações datam do ano de 1.892. Um século depois, a
UNESCO registra e declara a gleba como área nuclear da Reserva da Biosfera do
Cerrado.
A
própria denominação da unidade de conservação tem seu nome inspirado no
fenômeno hidrográfico de dispersão das águas, que fluem de nascentes em veredas
comuns, se dirigindo para lados opostos. Nos chapadões com pouca declividade
que caracterizam a região centro-oeste do país, o escoamento das águas em
algumas regiões não são claramente determinados pelo relevo ou a geomorfologia
local.
Por
isto as águas são “emendadas”. Na grande chapada que se instalam as vertentes
criadoras dos cursos de água determinam que os fluidos que se dirigem para
norte, em direção ao córrego Vereda grande, alimentem posteriormente ao rio
Maranhão, que após desaguar na lagoa da barragem de Serra da Mesa, alimenta o
rio Tocantins, que após se unir ao rio Araguaia deságua no oceano Atlântico na
baía de Marajó, constituindo tributário da margem direita da bacia hidrográfica
do rio Amazonas.
As
águas que descem na direção sul das “Águas Emendadas”, constituem o córrego
Brejinho, que se adiciona ao córrego Fumal, desaguando no denominado rio
Pipiripau que conflui na direção da bacia hidrográfica do rio Mestre d’Armas.
Depois chega no rio denominado São Bartolomeu, que integra a bacia hidrográfica
do Rio Corumbá. As águas seguem deste curso de água em direção ao rio Parnaíba
e este forma o rio Paraná, que deságua na bacia definida pelo estuário do rio
da Prata, no extremo sul do continente sul-americano.
Não
deixa de ser uma sensação indescritível estar pisando sobre uma área que abriga
um fenômeno hidrológico tão espetacular que traz a sensação de englobar toda a
geografia sul-americana a partir de uma gleba tão específica e tão singular e
espetaculosa. Além das maravilhas e do colorido tão peculiar apresentado pelo
bioma representativo dos cerrados brasileiros, com suas árvores de troncos
retorcidos e raízes profundas, que se estendem também para espécies cactáceas
próprias deste ecossistema. Também tão rico em espécies frutíferas e flores de
colorido tão intenso e exuberante.
Neste
local mais do que em qualquer outro, é sentida a sensação de habitar um
país-continente, tamanha é a grandeza transmitida pela estação ecológica das
“Águas Emendadas”, mesmo através de um simples fenômeno geográfico de natureza
hidrológica, que resgata uma grande sensação de integridade e visão holística.
Mais do que um resgate da idéia de preservação ambiental, a unidade ecológica
transmite várias sensações integradoras que dominam o imaginário dos visitantes
e trazem longos e prolongados efeitos.
Não
é necessário utilizar figuras hiperbólicas de grande amplitude para expressar
que este conjunto de propriedades físicas, aliado à condições biológicas de
flora e fauna tão peculiares, transmite uma enorme sensação de responsabilidade
manifestada pela sensação de união e de destinos interligados.
Evidentemente
que cada indivíduo determinará expressão diferenciada deste contato peculiar,
mas é inegável a grandiloquência emocional, que transcende realidades físicas
demonstradas por estéticas inigualáveis no âmbito de expressões florísticas e
nichos de representação faunística.
Além
da promoção informativa sobre esta unidade de conservação, fica aqui expressa e
manifestada a grandiosidade da inclusão deste sítio em todo e qualquer roteiro
de visitação ou de viagens de turismo ou na porção de lazer de viagens
profissionais.
Cada
indivíduo deve experimentar e refletir com extrema autonomia sobre as sensações
que seu íntimo desperta sobre as realidades cuidadosamente descritas, porque a
opinião individual e as sensações causadas sempre serão únicas, permanentes e
indescritíveis por mais que se busque conciliar e harmonizar as palavras.
O
mais fácil e o mais verdadeiro seria intitular esta pequena dissertação como
fenômeno indescritível de manifestação de grandeza e harmonia. Para perceber e
vivenciar a questão socioambiental de forma positiva, era necessário que todas
as pessoas vivenciassem este momento de grandeza, neste ou em outros lugares,
conforme as características e as impressões próprias de cada indivíduo.
(ecodebate)
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