Nos
últimos 40 anos, uma “revolução” sem derramamento de sangue ou armas ocorreu.
Uma revolução que, sendo pacífica, mas não silenciosa, destoa da tradicional ideia
de revolução. Embora sem grandes mudanças no sistema político e estruturas
sociais dos países e não realizada abruptamente, essa “revolução” alterou ideia
implícita do capitalismo: a de que o crescimento econômico a qualquer custo é
desejável.
A
expressão “desenvolvimento sustentável” sintetizou o ideal revolucionário. Não
há um consenso definitivo sobre a expressão. Se três autores escreverem sobre
ela, três compreensões diferentes sobre o tema podem existir.
E
nem poderia ser diferente. Como toda síntese, a expressão desenvolvimento
sustentável foi fruto de disputa e conciliação. Disputa entre os que pretendiam
e os que não pretendiam mudanças na forma tradicional de crescimento econômico
das empresas e países e, finalmente, conciliação entre essas mesmas partes.
Como toda síntese, a expressão desenvolvimento sustentável precisou ser ampla o
suficiente para compatibilizar interesses que pareciam inconciliáveis (para
alguns, ainda o são).
As
divergências existirão não propriamente sobre o conteúdo, mas sim, sobre o peso
destinado a cada um dos componentes da expressão. E conforme o peso dado aos
componentes da expressão, prioriza-se mais um ou outro interesse.
São
componentes da expressão desenvolvimento sustentável: o econômico, o social e o
ambiental. Independente do peso conferido pelo intérprete, a presença dos 3
componentes obriga o intérprete a lidar com todos os componentes, justificando
a sua escolha.
Considerando
os países, os 3 componentes obrigam os países a gerir seus crescimentos
econômicos sem esgotar recursos naturais e a estimular ganhos sociais (melhorar
a situação dos trabalhadores incluídos e incluir grupos historicamente
excluídos são razoáveis parâmetros avaliativos dos ganhos sociais).
Considerando
a Amazônia, a inter-relação dos 3 componentes do desenvolvimento sustentável
deve reconhecer:
# o
crescimento econômico como motor da prosperidade, mas também os riscos do
crescimento econômico concentrado gerando prosperidade para poucos;
# a
diversidade dos grupos amazônicos e suas formas usuais de exploração da
natureza, bem como a capacidade destrutiva do homem sobre a natureza;
# a
relação entre exploração racional dos recursos amazônicos e o aumento do bem
estar das populações amazônicas;
# a
exclusão histórica de determinados grupos amazônicos de qualquer estratégia
desenvolvimentista.
Apesar
das limitações subjetivas, expressões como “desenvolvimento sustentável” impõe
a justificação discursiva de ações, e portanto, a revisão de ações
ambientalmente destrutivas ou socialmente injustas, condicionando o
planejamento da utilização dos bens ambientais além de permitir restrições e
censuras. Essa justificação estimula a análise crítica do desenvolvimento,
possibilitando correções rumo à sustentabilidade.
Agrupando
os 3 componentes, um desenvolvimento sustentável amazônico deve garantir um
crescimento econômico planejado e contínuo, sem esgotar os recursos naturais
para as gerações futuras, e com qualidade de vida para todos. (ecodebate)
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