A afirmação de Geraldo Alckmin de que ‘São Paulo
não enfrenta mais problemas de falta de água’ não corresponde aos fatos e é
mais uma manifestação do Governador alienada da realidade lembrando o
lamentável episódio de aceitar um prêmio de boa gestão dos recursos hídricos
quando as regiões mais populosas do Estado estavam sob gravíssimas restrições
de abastecimento.
A periferia continua sofrendo com a redução de
pressão e o fechamento de registros, segundo constatado em reportagens
veiculadas pela imprensa após a declaração do Governador. Estas medidas foram o
principal fator de economia de água por reduzir as perdas nos vazamentos das
redes da Sabesp. Quando o abastecimento for normalizado voltaremos a índices de
perdas de um em cada três litros produzidos?
O problema é que a crise não serviu para que o
Governo e a Sabesp mudassem a forma de gerir o saneamento na Região
Metropolitana de São Paulo (RMSP). Nenhuma medida que se diferenciasse da
prática anterior à crise foi tomada ou anunciada.
A lógica que prevalece é a da transposição de
bacias, das grandes obras ao invés de estimular a o uso responsável e de fontes
alternativas. As obras emergenciais foram realizadas sem planejamento, sem
licitação e com graves impactos ambientais.
Os contratos de demanda firme continuam vigorando.
Não foi formulado um plano de emergência/contingência sério, com participação
da sociedade. A recuperação dos corpos d’água não aparece como
alternativa. Ao contrário, foram suspensas as obras de implantação de coletores
para tratar os esgotos. Os municípios da RMSP, que compram água no atacado da
Sabesp não tiveram os volumes de água necessários para o abastecimento dos
usuários restabelecidos.
A prioridade do governo, nesse momento, é retomar a
receita perdida no último período e prestar contas aos acionistas retomando os
altos lucros. Reduziu o programa de bônus para quem economiza água e
manteve a multa para quem gasta acima da média. Cogita também em aumentar
novamente a tarifa.
Continuamos defendendo a criação de um programa estadual
de cisternas, a criação de um programa de incentivos fiscais para aquisição de
equipamentos hidráulicos de baixo consumo, distribuição de caixas d’água com
participação dos movimentos sociais, manutenção de campanha permanente de
consumo consciente de água e a elaboração de um plano de
emergência/contingência para enfrentamento de crises como a que vivemos.
Estamos longe de termos superado as dificuldades
relacionadas ao abastecimento de água na RMSP e o enfrentamento de crises só é
possível com transparência e garantia de participação da sociedade.
As afirmações do Governador Geraldo Alckmin são no
mínimo temerárias e só desestimulam a continuidade do consumo racional da água
exercitado até agora pela população. (sindaen)
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