Mudanças climáticas não poderão acabar com o planeta. Mas e quanto a nós?
Para estudiosos, as mudanças climáticas não poderão
acabar com a vida e com o planeta. Mas a velocidade com que elas ocorrem pode
ser preocupante para várias espécies. Inclusive para a nossa.
Que as agressões ao meio ambiente são uma ameaça ao
planeta terra já é consenso. A poluição, o descarte indevido de substâncias
tóxicas em rios, mares e solos arruína o planeta, causando um desequilíbrio
biológico que destrói faunas e floras. O aumento da temperatura - amplamente
comentado em pesquisas, artigos e até documentários – é apontado como um dos
grandes vilões do nosso planeta nos últimos anos.
Mas para o professor e climatologista Ulrich
Glasmacher, da Universidade de Heidelberg, na Alemanha, as altas temperaturas
são um risco muito maior para a humanidade do que para a Terra. O
professor afirmou, durante a 65ª Reunião da Sociedade Brasileira para o
Progresso da Ciência (SBPC), em Recife (PE), que o planeta já convive com mudanças
climáticas há milhões de anos. “O (período) Cretáceo (há mais de 100 milhões de
anos), por exemplo, foi um dos mais quentes da Terra nos últimos 600 milhões de
anos”, disse Glasmacher.
Ele ainda enfatizou que, naquela época, os níveis
de emissão de CO2 já eram altíssimos, segundo estudos feitos em
fósseis de formigas. Esse é um dado significativo, pois estes insetos respiram
o ar e expiram oxigênio, concentrando grandes quantias de CO em seu organismo.
O professor também afirmou que essas mudanças
climáticas pelas quais a Terra passou não provocaram a extinção em massa de
espécies. Isso se deu por conta dos vulcões, deslocamento das placas tectônicas
e cometas. Mesmo nesses casos, o planeta permaneceu. “Qualquer cenário previsto
como fatal para o planeta é mentiroso e tem o objetivo de causar medo. Por mais
devastadoras que as mudanças climáticas possam ser, a vida e o planeta vão
sobreviver sem nós, humanos”, completou.
E quanto a nós?
Por mais que pareça animadora a constatação de que
uma possível extinção da Terra por questões climáticas não seja tão provável, a
possibilidade da extinção dos humanos não é. A respeito do assunto, Carlos
Nobre, secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do
Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), comenta que “o risco de as
mudanças climáticas causarem o desaparecimento do homem no planeta é, de fato,
muito pequeno, uma vez que os humanos desenvolveram capacidades cognitivas que
os tornaram uma das espécies mais adaptadas e adaptáveis da Terra”.
Outro fator ressaltado pelo pesquisador é de que é
improvável que a concentração de oxigênio seja modificada nos próximos milhões
de anos por efeito das mudanças climáticas, a ponto de ameaçar a vida
no planeta.
Mas nem tudo é alegria no "Planeta dos Macacos".
Segundo Nobre, a preocupação no cenário atual em relação ao aumento da
temperatura da Terra não é o seu valor final e, sim, a velocidade da mudança.
Por estar ocorrendo rápido demais, algumas espécies não teriam tempo de se
adaptar e poderiam ser extintas. “Se a temperatura levasse um milhão de anos
para subir cinco graus, a extinção de espécies seria pequena. Já se isso
acontecer em um período entre 50 e 100 anos, a extinção será muito grande. E se
ocorrer em um prazo de 30 anos, 40% das espécies seria extintas".
Alarme Falso?
O aquecimento global já foi motivo de diversas
previsões catastróficas, como a do ambientalista britânico James Lovelock , em
2006 (veja aqui). Apesar de muitos cenários apocalípticos
terem sido apontados, recentemente, os estudos estão chegando a conclusões
menos alarmantes.
Existe, entre alguns ambientalistas, uma tendência
de questionar tudo o que foi falado por diversas fundações ambientais a
respeito do tema. O professor brasileiro, Luiz Carlos Molion, é um exemplo
disso, chegando a dizer que “o aquecimento global era terrorismo climático” e
que por trás disso só existiam interesses econômicos de países ricos.
Atualmente, ele diz que a tendência é que a Terra passe por um período de
ligeiro esfriamento – algo totalmente contrário a praticamente tudo que é dito
pelos pesquisadores.
Mas as previsões de Molion - apesar de não serem
catastróficas - também não são muito animadoras: o resfriamento será ruim
para todos, pois afetará a produção agrícola, reduzindo as safras em países
como o Brasil.
Com todas as polêmicas e estudos novos sendo
publicados em grande quantidade, ficamos em uma posição de não saber o que
esperar. Mas, certamente, se o que mais existem entre ambientalistas são pontos
para se discordar, também fica claro que o papel do ser humano dentro do
ecossistema é vital: cabe a ele discutir todas as possibilidades de prever
grandes tempestades, furacões, secas e buscar produzir alternativas para que
possamos nos adaptar a isso. (ecycle)
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