Portugal:
cooperativa distribui alimentos que não atendem a padrões do mercado
Desperdício
de alimentos.
Uma
cooperativa em Portugal vem distribuindo frutas, legumes e verduras fora do
padrão exigido pelo mercado e hoje já faz a entrega de até cinco toneladas por
semana aos moradores de Lisboa e do Porto. O objetivo é evitar o desperdício.
Outra iniciativa é a Zero Desperdício – Portugal não pode se dar ao lixo, que
aproveita alimentos que seriam jogados fora e que até agora já serviu quase 3
milhões de refeições.
A
União Europeia (UE) registra anualmente perda de 89 milhões de toneladas de
alimentos, o que equivale a 179 quilos de comida por habitante perdidos a cada
ano, segundo relatório do governo português sobre o desperdício alimentar. De
acordo com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação
(FAO), estima-se que, na Europa, sejam desperdiçados entre 30% e 50% dos
produtos ao longo de toda a cadeia alimentar até chegar ao consumidor.
Em
Portugal, o desperdício representa 17% da produção alimentar anual, um valor
aproximado de cerca de 1 milhão de toneladas. No entanto, há iniciativas no
país para reduzir esse número, como é o caso da Cooperativa Fruta Feia, que tem
como objetivo canalizar parte da produção de frutas e hortaliças, que seriam
desperdiçadas por estar fora dos padrões exigidos pelos supermercados, para os
consumidores que não julgam a qualidade pela aparência. Os mercados não
costumam aceitar produtos que não têm o aspecto perfeito em termos de cor,
formato e tamanho.
De
acordo com Isabel Soares, uma das mentoras da Cooperativa Fruta Feia, a ideia
surgiu no fim de 2012, depois de ver alguns documentários e ler artigos sobre o
tema. “Percebi que havia um enorme desperdício alimentar devido à aparência –
cerca de 30% do que é produzido pelos agricultores na Europa. A ideia da Fruta
Feia surgiu assim, naturalmente, como um meio de resposta ao problema, uma
necessidade, uma maneira de canalizar os produtos hortifrutícolas rejeitados
por meras razões estéticas”, afirmou. O lema da cooperativa é “Gente bonita
come fruta feia”.
Isabel
conta que à época vivia em Barcelona e estava ocorrendo em Portugal o concurso
FAZ – Ideias de Origem Portuguesa, dirigido a portugueses que vivem no
estrangeiro e têm ideias de projetos para o país. “Essa foi a motivação
necessária para começar a transformar a ideia da Fruta Feia num projeto que
efetivamente funcionasse. Em junho de 2013, ganhei o segundo prêmio desse
concurso que, juntamente com uma campanha de crowdfunding [financiamento
coletivo], permitiu o lançamento do projeto em novembro de 2013”.
Segundo
Isabel, a distribuição das frutas e hortaliças é feita semanalmente, a partir
da visita a produtores locais, que separam nas suas hortas e pomares os
produtos pequenos, grandes ou disformes que não conseguem escoar. São feitas
cestas com os produtos da estação para que os 1.000 associados (800 em Lisboa e
200 no Porto) recolham em diferentes pontos da cidade. As cestas pequenas
custam 3,5 euros, pesam entre 3 e 4 quilos e vêm com 7 variedades de produtos.
As cestas grandes custam 7 euros, pesam entre 6 e 8 quilos, e vêm com 8
variedades de frutas e hortaliças.
Já
são 96 agricultores envolvidos no projeto que distribui, entre outros produtos,
ameixa, amora, laranja, limão, maça, mirtilo, kiwi, romã, alho, coentro,
cebolas, batatas, feijão, pepino e tomate. A cooperativa evita que cerca de 5
toneladas de produtos sejam jogadas fora a cada semana.
De acordo com estudo da FAO feito em 2011, em Portugal 360 mil pessoas passam fome, 10% das emissões de gases de efeito estufa provêm da produção de alimentos que nunca irão ser consumidos, 50 mil refeições acabam diariamente no lixo dos restaurantes de todo o país e 20% dos resíduos (lixo) são consumidos.
De acordo com estudo da FAO feito em 2011, em Portugal 360 mil pessoas passam fome, 10% das emissões de gases de efeito estufa provêm da produção de alimentos que nunca irão ser consumidos, 50 mil refeições acabam diariamente no lixo dos restaurantes de todo o país e 20% dos resíduos (lixo) são consumidos.
A
iniciativa Zero Desperdício – Portugal não se pode dar ao lixo, de combate ao
desperdício alimentar, recolhe em restaurantes, supermercados e hotéis
refeições que não foram vendidas, cujo prazo de validade está perto de vencer
ou que não foram expostas a clientes, e distribuir para pessoas que necessitem.
Ao
aderir ao selo Zero Desperdício, os restaurantes separam o que iria para o
lixo, embalam e encaminham para entidades participantes, que irão redistribuir
às famílias necessitadas. De acordo com Diogo Lorena, gestor do projeto, já
foram distribuídas quase 3 milhões de refeições por meio desse projeto.
Segundo
a Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares Contra a Fome, apenas em 2015
mais de 420 mil pessoas foram beneficiadas por campanhas de distribuição de
alimentos, por meio de mais de 2.500 instituições cadastradas nos bancos
alimentares em atividade.
A
FAO projeta que, em 2050, a população mundial estará próxima de 9 bilhões de
habitantes. Essa previsão de crescimento demográfico e a necessidade de mais
alimentos exigirão um aumento da produção de 70%, até 2050. Dessa forma, a
redução do desperdício alimentar é fundamental em um mundo onde cerca de um
sexto da população passa fome e 870 milhões de pessoas se encontram em estado
de subnutrição, segundo dados da FAO. (ecodebate)
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