Um círculo virtuoso: a integração de catadores na
gestão de resíduos sólidos
Catadores
de lixo são os principais atores na recuperação de resíduos para a indústria de
reciclagem. Entre suas demandas está o reconhecimento dos serviços que prestam,
o acesso aos resíduos e o direito de concorrer a contratos de gestão. O Banco
Mundial tem desenvolvido programas para reconhecer e apoiar os catadores como
integrantes do setor de resíduos sólidos.
Mulheres
da Associação dos Catadores de Materiais Recicláveis da Ilha de Vitória
(Amariv).
O
lixo – sua geração, coleta e disposição – é um grande desafio mundial do século
21. A reciclagem de resíduos impulsiona a sustentabilidade ambiental, reduzindo
as emissões de gases de efeito estufa, e estimula a economia, pelo fornecimento
de matérias-primas e materiais de embalagem.
Os
catadores de lixo são os principais atores na recuperação de resíduos para a
indústria de reciclagem. Em todo o mundo, grandes números de pessoas de baixa
renda e de comunidades desfavorecidas ganham a vida coletando e separando lixo,
e depois vendendo resíduos recuperados por meio de intermediários para a
indústria de reciclagem.
Onde
alguns veem restos ou lixo, os catadores veem papel, papelão, vidro e metal.
Eles são hábeis em separar e empacotar diferentes tipos de resíduos por cor e
peso para vender à indústria de reciclagem. No entanto, são raramente
reconhecidos pelo importante papel que desempenham na criação de valor a partir
dos resíduos e na contribuição para a redução das emissões de carbono.
No
entanto, por todo o mundo os catadores têm se organizado, e as cidades tem
promovido esse círculo virtuoso com a integração de catadores na gestão de
resíduos sólidos.
Caso
brasileiro
O
Brasil foi o primeiro país a integrar catadores, por meio de suas cooperativas,
a sistemas de gestão de resíduos sólidos municipais e o primeiro a adotar uma
Política Nacional de Resíduos, reconhecendo as contribuições desses
trabalhadores e proporcionando um enquadramento jurídico para permitir que
cooperativas sejam contratadas como provedores de serviços.
Na
Colômbia, um recente decreto federal determinou que as cidades do país terão de
desenvolver sistemas de gestão de resíduos sólidos contratando organizações de
catadores para coletar, transportar e separar resíduos recicláveis.
Na
Índia, uma cooperativa de catadores denominada SWaCH recebeu um contrato da
cidade de Pune para a coleta de resíduos domésticos.
Em
Joanesburgo, na África do Sul, uma cooperativa de catadores alavancou parcerias
público-privadas para criar um programa de reciclagem em comunidades locais.
Inaugurado em 2014 para servir 3 mil residências, o Centro de Reciclagem Vaal
Park está gradualmente expandindo seu alcance.
O
futuro de milhões de catadores em todo o mundo está em jogo, dependendo em
grande parte das políticas e práticas dos governos municipais.
Tanto
a rede de proteção a trabalhadores informais WIEGO como o Banco Mundial estão
desenvolvendo programas e promovendo políticas que reconheçam e apoiem os
catadores como integrantes do setor de resíduos sólidos, que fazem
contribuições valiosas para cidades, para o meio ambiente e suas comunidades
com a recuperação de materiais recicláveis; proporcionando-lhes espaço e
equipamentos para facilitar este importante trabalho.
O
que os catadores têm a oferecer é bastante claro: serviços de coleta, triagem,
recuperação e reciclagem de resíduos a um custo razoável. O que eles querem
também é bastante claro: o reconhecimento dos serviços que prestam; acesso aos
resíduos; o direito de concorrer a contratos de gestão de resíduos sólidos;
caminhões para transportar resíduos; espaço seguro e equipamentos para
armazenamento, compactação, agregação e processamento de resíduos; e preços
justos para os resíduos que coletam e os materiais reciclados que recuperam,
processam e vendem.
Integrar
os catadores na gestão de resíduos sólidos é a opção mais vantajosa para todos.
(ecodebate)
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