Atual modelo de
urbanização é insustentável, diz ONU-Habitat em relatório
O atual modelo de urbanização global é insustentável,
sendo necessário criar novos padrões para responder a desafios como
desigualdades sociais e a proliferação de favelas especialmente nos países em
desenvolvimento, concluiu relatório “Cidades do Mundo”, divulgado esta semana
pelo ONU-Habitat.
Favela em Jacarta, Indonésia.
Favela em Jacarta, Indonésia.
O atual modelo de urbanização global é insustentável,
sendo necessário criar novos padrões para responder a desafios como
desigualdades sociais e a proliferação de favelas, especialmente
nos países em desenvolvimento, concluiu relatório “Cidades do Mundo”, divulgado esta semana pelo
Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat).
O documento analisa o desenvolvimento urbano no mundo
nos últimos 20 anos, e traz evidências de que “novas formas de colaboração,
cooperação, planejamento, governança, financiamento” são necessárias para
trazer mudanças positivas nas cidades globalmente.
Atualmente, 54% da população mundial vive em cidades,
e a expectativa é que em meados deste século esse percentual suba para 66%,
segundo projeções das Nações Unidas.
Cidades grandes e mega dobraram em 20 anos
O relatório mostrou que, nos últimos 20 anos, houve
um forte aumento do número de grandes e megacidades no mundo — sendo as cidades
grandes aquelas com de 5 milhões a 10 milhões de habitantes, e as megacidades
aquelas com mais de 10 milhões de habitantes.
Enquanto em 1995 havia 22 grandes cidades e 14
megacidades no mundo, em 2015 esse número era de 44 e 29, respectivamente. A
maior parte das megacidades está localizada em países em desenvolvimento,
tendência que deve continuar já que muitas cidades de Ásia, América Latina e
África devem se tornar megacidades até 2030, segundo o relatório.
Atualmente, as 600 principais cidades do mundo têm
1/5 da população mundial e geram 60% do Produto Interno Bruto (PIB) global, e
estão localizadas principalmente em países desenvolvidos.
Em 2025, a previsão é de que a contribuição dessas
cidades para a economia mundial permaneça a mesma, mas sua composição irá
mudar, com uma maior presença de municipalidades de China, Índia e América
Latina — um indicativo de que o centro de gravidade do mundo urbano está se
movendo para os países em desenvolvimento, particularmente para o sudeste da
Ásia.
Problema das favelas continua
Muitas cidades do mundo não conseguiram resolver o
problema das favelas e das moradias precárias, um problema já presente há 20
anos, particularmente nos países em desenvolvimento, lembrou o documento.
“Sem uma ação séria e concertada por parte das
autoridades municipais, nacionais e atores da sociedade civil e da comunidade
internacional, o número de favelas deve crescer na maior parte dos países
em desenvolvimento”, disse o documento.
Apesar de o problema persistir, houve uma queda da
proporção da população dos países em desenvolvimento vivendo em favelas nos
últimos 20 anos. Esse percentual caiu de 46,2% em 1990 para 29,7% em 2014,
disse o ONU-Habitat. No entanto, o número absoluto subiu no mesmo
período, de 689 milhões em 1990 para 880 milhões em 2014.
“Isso significa que ainda há um longo caminho a percorrer em muitos países para reduzir a grande lacuna entre os moradores de favelas e o restante da população urbana vivendo em habitações adequadas com acesso a serviços básicos”, afirmou o relatório.
“Isso significa que ainda há um longo caminho a percorrer em muitos países para reduzir a grande lacuna entre os moradores de favelas e o restante da população urbana vivendo em habitações adequadas com acesso a serviços básicos”, afirmou o relatório.
Para o ONU-Habitat, os problemas das cidades serão
enfrentados com base nas propostas da chamada Nova Agenda Urbana. Prevista para
ser lançada na Habitat III — Conferência das Nações Unidas para a Habitação e o
Desenvolvimento Urbano Sustentável, em Quito, entre 17 e 20 de outubro —, a Nova
Agenda Urbana envolve propostas de novas regulações para projetos urbanos e
novos mecanismos de financiamento municipal. (ecodebate)
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