INPE e SOS Mata Atlântica lançam dados do Atlas dos
Remanescentes Florestais no período de 2014 a 2015.
A
Fundação SOS Mata Atlântica e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(INPE) apresentaram os novos dados do Atlas dos Remanescentes Florestais da
Mata Atlântica, no período de 2014 a 2015. A divulgação aconteceu em 25/05/16,
na semana em que se comemora o Dia Nacional da Mata Atlântica (27 de maio).
O
estudo aponta desmatamento de 18.433 hectares (ha), ou 184 Km², de remanescentes
florestais nos 17 Estados da Mata Atlântica no período de 2014 a 2015, um
aumento de apenas 1% em relação ao período anterior (2013-2014), que registrou
18.267 ha.
Minas
Gerais, que vinha de dois anos de queda nos níveis de desmatamento, voltou a
liderar o desmatamento no país, com decréscimo de 7.702 ha (alta de 37% na
perda da floresta). A vice-liderança fica com a Bahia, com 3.997 ha desmatados,
14% a menos do que o período anterior. Já o Piauí, campeão de desmatamento
entre 2013 e 2014, ocupa agora o terceiro lugar, após reduzir o desmatamento em
48%, caindo de 5.626 ha para 2.926 ha.
A
exemplo dos últimos anos, os três estados se destacam no ranking por conta do
desmatamento identificado nos limites do Cerrado. O Piauí abriga o município Alvorada
do Gurguéia, responsável pela maior área desmatada entre todas as cidades do
Brasil. Entre 2014 e 2015, foi identificado decremento florestal de 1.972
hectares no local. Os municípios baianos de Baianópolis (824 ha) e Brejolândia
(498 ha) vêm logo atrás, seguidos pelas cidades mineiras de Curral de Dentro
(492 ha) e Jequitinhonha (370 ha), localizadas na região conhecida como
triângulo do desmatamento, que abriga ainda Águas Vermelhas (338 ha), Ponto dos
Volantes (208 ha) e Pedra Azul (73ha).
Em
Minas Gerais, a principal perda de florestas foi da atividade de mineração. Um
fato marcante foi o registro de um desmatamento de 258 hectares na cidade de
Mariana, 65% deles (169 ha) decorrentes do rompimento de uma barragem em
novembro do ano passado. Há cerca de três semanas, a Fundação SOS Mata
Atlântica entregou relatórios de desmatamento do município e de qualidade da
água do Rio Doce a uma comitiva formada pelo ministro do Meio Ambiente, Sarney
Filho, pelo prefeito de Mariana, vereadores e autoridades locais, durante
visita à região. Mapas compilados em parceria com o INPE mostraram o impacto do
maior desastre ambiental já ocorrido na Mata Atlântica. Acompanharam também a
visita a Associação Mineira de Defesa do Ambiente (Amda), representantes do
movimento Mar e Serras de Minas, da Samarco e de movimentos de comunidades
locais. Porém, a maior parte do total de desmatamento no estado aconteceu na
região de Jequitinhonha, no noroeste do estado, denominado Triângulo do
desmatamento.
Além
de Minas Gerais, Piauí e Bahia, o Paraná também se encontra em estado de
atenção. Enquanto os três primeiros lideram a lista geral, o Paraná foi o que
apresentou o aumento mais brusco, saltando 116%, de 921 ha de florestas nativas
entre 2013-2014 para 1.988 ha no último período. O retorno do desmatamento nas
florestas com araucária é o principal ponto de alerta, responsável por 89%
(1.777 ha) do total de desflorestamento no estado paranaense no período
2014-2015. Restam somente 3% das florestas que abrigam a Araucaria angustifolia,
espécie ameaçada de extinção conhecida também como pinheiro brasileiro.
Nesta
edição, todos os 17 Estados apresentaram desmatamento. Enquanto o período
anterior trouxe 9 estados no nível do desmatamento zero, ou seja, com menos de
100 hectares de desflorestamento, nesta edição há apenas 7 nesta situação: São
Paulo (45 ha), Goiás (34 ha), Paraíba (11 ha), Alagoas (4 ha), Rio de Janeiro
(27 ha), Ceará (3 ha) e Rio Grande do Norte (23 ha).
No
período de 2014 a 2015 foi identificada supressão da vegetação de mangue apenas
em Santa Catarina, em uma área total de 4 hectares. Bahia (62.638 ha), Paraná
(33.403 ha), São Paulo (25.891 ha) e Sergipe (22.959 ha) são os Estados que
possuem as maiores extensões de mangue.
Já a
supressão de vegetação de restinga foi de 680 ha. O maior desmatamento ocorreu
novamente Ceará, com 336 ha, seguido do Piauí (224 ha), Santa Catarina (55 ha),
Paraíba (49 ha), Paraná (12 ha) e Rio Grande do Norte (4 ha).
Os
dados completos e o relatório técnico podem ser acessados nos sites www.sosma.org.br e www.inpe.br.
Histórico
Criado
em 1985, o monitoramento feito pelo Atlas permite nesta edição quantificar o
desmatamento acumulado em alguns Estados nos últimos 30 anos. O Paraná lidera
este ranking, com 456.514 hectares desmatados, seguido por Minas Gerais
(383.637 ha) e Santa Catarina (283.168 ha). O total consolidado de desmatamento
identificado pelo Atlas desde a sua criação, que não incluiu alguns Estados em
determinados períodos, chega a 1.887.596 hectares.
Flávio
Jorge Ponzoni, pesquisador e coordenador técnico do estudo pelo INPE, ressalta
os avanços tecnológicos obtidos ao longo dos anos de monitoramento. “O trabalho
começou em formato analógico, tudo era feito no papel e identificávamos
fragmentos acima de 40 hectares. Hoje, na tela do computador, observamos áreas
acima de 3 hectares. E há total transparência, tudo o que mapeamos e produzimos
é aberto ao público de maneira gratuita. É um serviço que prestamos para toda a
sociedade com o objetivo final de garantir a conservação de um patrimônio
nacional”, diz o pesquisador do INPE.
Minas
Gerais voltou a ser campeã de desmatamento.
Confira
o total de desflorestamento na Mata Atlântica identificados pelo estudo em cada
período (em hectares):
Desmate
observado
|
Tt
desmatado (ha)
|
Intervalo
(anos)
|
Taxa
anual (ha)
|
Período de 2014 a 2015
|
18.433
|
1
|
18.433
|
Período de 2013 a 2014
|
18.267
|
1
|
18.267
|
Período de 2012 a 2013
|
23.948
|
1
|
23.948
|
Período de 2011 a 2012
|
21.977
|
1
|
21.977
|
Período de 2010 a 2011
|
14.090
|
1
|
14.090
|
Período de 2008 a 2010
|
30.366
|
2
|
15.183
|
Período de 2005 a 2008
|
102.938
|
3
|
34.313
|
Período de 2000 a 2005
|
174.828
|
5
|
34.966
|
Período de 1995 a 2000
|
445.952
|
5
|
89.190
|
Período de 1990 a 1995
|
500.317
|
5
|
100.063
|
Período de 1985 a 1990
|
536.480
|
5
|
107.296
|
(ecodebate)
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