A
Pegada Ecológica mede a quantidade de recursos naturais necessários para manter
o padrão de consumo dos seres humanos. Tudo o que usamos e o ar que respiramos
vêm da natureza e jamais deixará de pertencer à natureza. Em geral, a
civilização produz luxo e descarta lixo. O avanço humano tem ocorrido em
detrimento da saúde do Planeta.
O
desenvolvimento humano está altamente correlacionado com o aumento da pegada
ecológica. Países com alto Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) possuem
pegada ecológica elevada e países com baixo IDH possuem pegada ecológica baixa.
Isto quer dizer que o estilo de desenvolvimento adotado tem ocorrido às custas
da degradação ambiental e em prejuízo da biocapacidade.
No
quadrante superior direito da figura acima estão principalmente os países da
América do Norte, da Europa e do Oriente Médio produtores de petróleo. Ou seja,
são países que possuem alto IDH e também alta pegada ecológica. A grande
maioria dos países da África possuem baixo IDH e baixa pegada ecológica.
Estes
dados são da rede “Global Footprint Network” que trabalha com duas medidas para
se avaliar o déficit ambiental. A Pegada Ecológica serve para avaliar o impacto
humano sobre a biosfera. A Biocapacidade avalia o montante de terra e água – o
saldo biologicamente produtivo – para prover bens e serviços ecossistêmicos. A
unidade de medida é o hectare global (gha).
Nos
últimos 45 anos a Pegada Ecológica mundial ultrapassou a biocapacidade do
Planeta. Desde o início dos anos 1970, o déficit ambiental vem subindo
constantemente. Em 2012, o mundo tinha uma população 7,1 bilhões de pessoas,
com uma pegada ecológica per capita de 2,84 hectares globais (gha) e uma
biocapacidade per capita de 1,73 gha, conforme anunciou a Global Footprint
Network, em março de 2016.
O
mundo tinha em 2012 uma biocapacidade total de 12,2 bilhões de hectares
globais, mas tinha uma pegada ecológica de 20,1 bilhões de hectares globais.
Portanto, a pegada ecológica ultrapassava a biocapacidade em 64%. Ou dito de
outra maneira, o mundo estava consumindo o equivalente a 1,64 planetas.
Portanto, a população mundial vive no vermelho e provoca um déficit ambiental
que cresce a cada ano.
Evidentemente,
este caminho é insustentável. A humanidade só consegue manter seu modelo de
produção e consumo devido à herança acumulada no passado. Por exemplo, ao
avançar com as atividades antrópicas e utilizar montantes crescentes de
energia, o ser humano está esgotando as reservas de combustíveis fósseis. A
queima desta herança fóssil reduz os estoques de hidrocarbonetos do subsolo e
aumenta a emissão de gases de efeito estufa que provocam o aquecimento global.
A perda
da biocapacidade ocorre devido ao desmatamento, à degradação dos solos, à
sobreutilização das nascentes, rios, lagos e aquíferos, à redução do montante
de peixe, à acidificação dos mares, à poluição generalizada, à degradação das
riquezas naturais, etc. O progresso do ser humano está ocorrendo em função do
regresso do meio ambiente e da redução da biodiversidade. Tudo isto contribui
para o déficit ambiental.
Óbvio, são as parcelas mais
ricas da população que mais contribuem para o aumento da pegada ecológica, como
mostra o gráfico do IDH. Porém, mesmo que houvesse uma justa distribuição da
riqueza dentro dos países e entre os países, a pegada ecológica média superaria
ainda assim a biocapacidade média global. Existe um conflito social
internacional e nacional, pois alguns países possuem alto IDH e a maioria
possui baixo IDH, assim como no plano nacional uma parcela da população possui
alto IDH e outra parcela excluída ou parcialmente incluída possui baixo IDH.
Além
disto, o desenvolvimento da base material do progresso humano (aumento do IDH)
tem gerado grandes déficits ambientais. A escala da presença humana no mundo
ultrapassou os limites da sustentabilidade. Quanto maior for o IDH mundial,
menor será a base ecológica que sustenta a vida na Terra. O tripé inclusão
econômica justiça social e sustentabilidade ambiental virou trilema.
Sem
dúvida, para evitar o colapso ambiental é preciso reduzir a pegada ecológica e
para evitar as injustiças sociais é preciso reduzir os níveis de desigualdade.
A solução não pode ser o crescimento econômico ilimitado. Ao contrário, será
necessário não só o decrescimento da população mundial, mas também o
decrescimento do padrão de consumo médio das pessoas, com equidade social.
Acima de tudo, a humanidade precisa sair do déficit ecológico e voltar para o
superávit ambiental, resgatando as reservas naturais, para o bem de todos os
seres vivos da Terra. (ecodebate)
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