Fraturamento hidráulico (Fracking) ameaça reservas subterrâneas de água
do Brasil
Sem
água não há produção de alimentos, trabalho e saúde, não há vida. Fundamental
para a sobrevivência de todas as espécies, a preservação das reservas
subterrâneas de água é a garantia de que a vida como conhecemos hoje será
possível no futuro. E esta proteção não é possível nos locais onde há
exploração do gás de xisto pelo método não convencional chamado fraturamento
hidráulico, ou FRACKING em inglês.
A
preocupação só aumenta a partir da divulgação de um trabalho realizado por
especialistas da Embrapa Gestão Territorial (SP) para delinear as áreas do
Cerrado que abrigam águas subterrâneas naturalmente mais sujeitas à
contaminação por agentes químicos. Os lençóis freáticos mais vulneráveis foram
localizados no Sudeste, Centro-oeste e Centro-leste de Mato Grosso, Oeste da
Bahia, Sudoeste de Goiás e Norte de Mato Grosso do Sul.
Além
da contaminação pelo uso indiscriminado de agrotóxicos, essas e outras reservas
brasileiras – também as de superfície – podem também ser severamente impactadas
pelos químicos utilizados no processo de fraturamento hidráulico utilizado para
explorar o gás de xisto, chamado FRACKING. Para fraturar o folhelho
pirobetuminoso de xisto e liberar o metano é preciso injetar por um tubo
milhões de litros de água sob altíssima pressão, misturada à areia e um
coquetel com mais de 600 substância tóxicas, cancerígenas e algumas
radioativas. Parte deste fluído permanece no subsolo contaminando os aquíferos
ao escapar pelas milhares de fissuras. A parte que retorna à superfície pelo
tubo é depositada a céu aberto em ‘piscinas’ que evaporam e poluem o ar, quando
não são carregadas pelas enchentes para rios, córregos e nascentes.
Até
outubro a ANP estará fazendo testes para procurar gás e petróleo na região de
Ribeirão Claro, cidade do Norte Pioneiro no Estado do Paraná. Ribeirão Claro
tem como fronteira natural o Rio Paranapanema, na divisa com Chavantes, no
Estado de São Paulo. É uma região panorâmica com montanhas e colinas cobertas
de vegetação remanescente da Mata Atlântica e que pode ser devastada pelo
Fracking.
“Se
o governo brasileiro insistir em explorar comercialmente o gás de xisto no
Brasil, nossas reservas estarão comprometidas para sempre, uma vez que não há
tecnologia para ‘tratar’ essa contaminação”, alerta o fundador da COESUS –
Coalizão Não Fracking Brasil e pela Sustentabilidade – e coordenador de
Campanhas Climáticas da 350.org, Eng Dr. Juliano Bueno de Araujo.
Juliano
explica que operações de FRACKING também utilizam de milhões de litros de água
que deveriam ser destinados para consumo humano e produção de alimentos. “A
concorrência hídrica é feroz e teremos o agravamento do abastecimento humano”,
completa.
A
campanha Não Fracking Brasil é desenvolvida desde 2013, quando a Agência
Nacional de Petróleo e Gás Natural (ANP) vendeu blocos para exploração de gás
de xisto por FRACKING em 15 estados brasileiros. A maioria dos blocos está localizada
em cima dos principais aquíferos como o Serra Geral, Guarani, Bauru, Parecis,
Parnaíba e Urucuaia.
Mudanças
climáticas
A
luta contra o FRACKING tem como importante parceira a 350.org Brasil, movimento
internacional que denuncia as mudanças climáticas e no país integra e coordena
a Coalizão Não Fracking Brasil. A diretora da 350.org Brasil, que também tem
atuação na América Latina, Nicole Figueiredo de Oliveira, enfatiza que a
campanha contra o fraturamento hidráulico é fundamental para conter as mudanças
climáticas. Ao liberar o gás metano da rocha de xisto, 86 vezes mais
prejudicial que o CO2, o Fracking se torna um intensificador das
alterações do clima e responsável direto pelo aumento da temperatura do
planeta.
“O
círculo vicioso do Fracking, que além de competir pela água disponível por
utilizar imensas quantidades no seu processo, ao emitir metano contribui para
as mudanças climáticas, agravando a escassez hídrica e ao mesmo tempo contamina
as reservas de água subterrâneas irreparavelmente. O Fracking é o sórdido
arqui-inimigo do acesso à água, e não podemos deixá-lo prosperar”, alerta
Nicole.
Em maio, o movimento global LIBERTE-SE DOS COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS mobilizou dezenas de milhares de pessoas em 13 países em seis continentes, entre eles manifestantes brasileiros que foram às ruas se manifestar contra os fósseis e o Fracking em diversas cidades. (ecodebate)
Em maio, o movimento global LIBERTE-SE DOS COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS mobilizou dezenas de milhares de pessoas em 13 países em seis continentes, entre eles manifestantes brasileiros que foram às ruas se manifestar contra os fósseis e o Fracking em diversas cidades. (ecodebate)
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