Eduardo
Antunes Dias aborda o fenômeno da defaunação e deflorestação de maneira bem
fundamentada.
Segundo
o relatório da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e
Agricultura) de 2010, entre os anos de 2000 e 2010, cerca de 13 milhões de
hectares foram desflorestados anualmente.
Setenta
por cento da área foi convertida para a agricultura, gerando uma inevitável
perda da diversidade faunística.
Além
do desmatamento, a caça e a invasão de espécies exóticas continuam contribuindo
para o desaparecimento dos animais ou para a diminuição das populações.
Apenas
na Amazônia, 60 milhões de animais são caçados anualmente. O ser humano já vem
contribuindo para a defaunação desde a época do Pleistoceno, há doze mil anos
atrás. Quando viviam mamutes, preguiças gigantes, tigres-dente-de-sabre e
gliptodontes ou “tatus gigantes”.
Uma
das teorias mais aceitas é que o ser humano contribui para a extinção desta
megafauna devido à competição por alimentos e caça, em conjunto com as mudanças
climáticas naturais que aconteceram naquela época.
Não
por acaso estaria ocorrendo agora uma nova extinção em massa e pelos mesmos
motivos, com a diferença de também sermos responsáveis pelas mudanças
climáticas, justamente na era chamada Antropoceno.
Área
com as maiores taxas de defaunação do planeta.
Nos
últimos 500 anos, 322 espécies de vertebrados foram extintas e pelo menos 10
mil espécies continuam a desaparecer anualmente. Antes dos humanos a taxa de
extinção era de uma espécie a cada 10 milhões de anos, agora é cem a mil por
ano, um aumento de mil vezes.
Se
esse ritmo persistir, em 100 anos metade do número de espécies conhecidas
desaparecerá e isso mudará completamente a dinâmica dos ecossistemas.
O
principal processo afetado é a dispersão de sementes realizada pelos animais,
que faz com que a diversidade vegetal fique concentrada em poucas espécies,
diminuindo a área verde.
Essa
situação acaba causando a degradação dos solos e o assoreamento de rios,
atingindo toda homeostase ambiental.
As
florestas também agem nos ciclos das chuvas e o seu desaparecimento pode levar
a períodos de estiagem, sem contar com toda a biomassa lançada na atmosfera na
forma de carbono que acaba impactando diretamente no clima planetário, levando às
mudanças climáticas.
As carências de recursos hídricos que atingiram e ainda afetam grandes áreas do país não deixam dúvidas sobre esta hipótese.
As carências de recursos hídricos que atingiram e ainda afetam grandes áreas do país não deixam dúvidas sobre esta hipótese.
E
ainda há os serviços ambientais, 75% da produção agrícola do mundo são
polinizadas por insetos, morcegos e aves controlam pragas da agricultura.
Ainda
predadores que controlam roedores com potencial de disseminação de doenças,
vertebrados e invertebrados têm importante papel na ciclagem de nutrientes e
também na decomposição. E finalmente os anfíbios controlam a população de algas
e de detritos na água.
Os
Estados Unidos calculam em 45 bilhões de dólares anuais os serviços ambientais
prestados por predadores no combate de pragas da agricultura naquele país.
Mas
da mesma maneira que se destrói, pode-se reconstruir. Existem vários casos de
sucesso na reintrodução de espécies, como o do mico-leão-dourado, um importante
dispersor de sementes da Mata Atlântica, ou do condor californiano, um
importante decompositor.
Com
o desenvolvimento de técnicas modernas de reprodução assistida pela medicina
veterinária, ainda podemos conservar em nitrogênio líquido, o material
genético, embriões e gametas de espécies ameaçadas para usarmos mais tarde para
clonar espécies desaparecidas (“desextinção”) ou mesmo em inseminações
artificiais.
Já a
tecnologia de aparelhos celulares de biólogos ajuda na localização de
populações ameaçadas e na sua preservação.
O
mais indicado e menos custoso, é conservar os animais em seu próprio habitat,
pois se não existissem áreas protegidas no planeta, o número de perdas estaria
20% maior.
O
Brasil, líder mundial de biodiversidade, tem uma função preponderante nisso,
pois sustentabilidade não se faz plantando pasto na Amazônia ou eucaliptos no
Pampa. (ecodebate)
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