sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Elevação nível do mar traz prejuízo para mercado imobiliário de USA


A elevação do nível do mar e os prejuízos para o mercado imobiliário dos EUA

O mercado imobiliário e o mercado de seguros dos Estados Unidos (EUA) não perdem tempo (pois como ensinou Benjamin Franklin, “tempo é dinheiro”) e já estão calculando os possíveis prejuízos do aquecimento global e do aumento do nível do mar. As somas são astronômicas, mostrando que a “sociedade de risco” está cada vez mais vulneráveis aos efeitos antrópicos das mudanças climáticas.

A imobiliária americana Zillow publicou recentemente uma análise com base na estimativa de que o aumento do nível do mar poderia subir 1,8 metros. Neste cenário, cerca de 2 milhões de lares americanos seriam inundados até 2100, um fato que deslocaria milhões de pessoas e resultaria em perdas de propriedades na casa das centenas de bilhões de dólares.
Se o cenário de 1,8 metros de elevação do nível do mar se concretizar, cerca de 300 cidades dos EUA iriam perder pelo menos metade de suas casas, e 36 cidades dos EUA seriam completamente perdidas.
Uma em cada oito casas na Flórida seria subaquática, sendo responsável por quase a metade do valor da habitação perdido todo o país. A Flórida perderia quase um milhão de residências e seria o estado mais afetado dos EUA.
O valor médio de uma casa em risco de ser debaixo d’água é de US$ 296.296. O valor da casa média dos EUA é de US$ 187.000. Portanto, os mais ricos seriam mais afetados. Na verdade, o aquecimento global vai provocar prejuízos tanto como o capital próprio negativo no passado.
Para quantificar o impacto da subida do nível do mar, a Zillow usou mapas divulgados pela National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA) em que estima as partes dos Estados costeiros que estarão debaixo d’água se o nível do mar subir seis pés (1,8 metros). Usando esses dados em conjunto com o banco de dados da imobiliária sobre mais de 100 milhões de lares em todo o país, determinou-se quais as propriedades que estavam em risco de serem submersas (pelo menos os seus pisos térreos) até 2100.
Nacionalmente, 1,9 milhões de domicílios (ou cerca de 2% de todos os lares dos EUA), no valor combinado de US$ 882 bilhões, poderão estar debaixo d’água até o final do século. Sendo que, em alguns estados, a proporção de propriedades em risco subaquático é alarmante. Mais de 1 em 8 propriedades na Florida estarão debaixo d’água se o nível do mar subir 1,8 metros, o que representa mais de US$ 400 bilhões em valor imobiliário atual. No Havaí, quase 1 em cada 10 casas estão em risco.
Mas não é preciso esperar o fim do século para acontecer as tragédias. Depois do furacão Katrina, as chuvas torrenciais que atingiram a Luisiana em agosto de 2016 deixaram um rastro de destruição. O presidente americano, Barack Obama, declarou estado de catástrofe natural na região, o que permite conceder fundos federais de emergência para ajudar as vítimas. Sete pessoas morreram e outras 30 mil precisaram ser socorridas. O governador da região, John Bel Edwards, falou de inundações sem precedentes. Cerca de 14 mil pessoas foram levadas para abrigos, principalmente em Baton Rouge e arredores. Milhares de casas ficaram danificadas.
O avanço das águas salgadas do mar também afetará outras propriedades privadas e públicas. Especialistas da Union of Concerned Scientists (UCS) analisaram o efeito do aquecimento global sobre 18 instalações militares e estimaram que, em 2050, a maioria dessas bases verá multiplicado por 10 o número de inundações. Com um aumento mais rápido dos níveis dos oceanos na segunda metade deste século, as inundações resultantes das marés poderiam tornar-se comuns para algumas das bases, tornando estes territórios inutilizáveis para o treinamento de tropas e o teste de equipamentos. Quatro das bases estudadas, entre elas a estação naval de Key West, na Flórida, e o centro de recrutamento dos Fuzileiros Navais na Carolina do Sul, podem perder de 75% a 95% de seus terrenos até o final do século.
Artigo de Oliver Milman, em The Guardian (14/09/2016) mostra que uma coalizão de 25 peritos militares e de segurança nacional, incluindo as ex-assessores de Ronald Reagan e George W Bush, advertiram que a mudança climática representa um “risco significativo para a segurança nacional dos EUA e a segurança internacional” e requer mais atenção do governo federal dos EUA. Os proeminentes membros da comunidade de segurança nacional alertaram que o aquecimento temperaturas e elevação dos mares irão inundar bases militares e acirrar os conflitos internacionais, inclusive a migração em massa.
Artigo de Justin Gilles no jornal The New York Times (03/09/16), mostra que a inundação do litoral americano causado pelo aquecimento global já começou. O autor diz que o consenso estabelecido no relatório do IPCC em 2013 era de um aumento do nível dos oceanos próximo de um metro (3 pés). Mas agora se avalia um aumento de 1,8 metros a 2,1 metros (6 a 7 pés) até 2100.
A economia americana já caminha para a estagnação secular, não consegue gerar empregos suficientes para absorver adequadamente as novas gerações e não tem gerado renda suficiente para manter o padrão intergeracional de vida. Com estes reveses climáticos o quadro vai ficar ainda pior e o declínio relativo da economia do EUA vai se aprofundar. (ecodebate)

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