A
ameaça que emergiu da recente eleição norte-americana pairou sobre a
Conferência do Clima (COP22) realizada em Marrakech, encerrada em 18/11/16.
Isto ocorreu devido às polêmicas declarações sobre o aquecimento global do
presidente eleito Donald Trump, que afirmou que o conceito “foi criado por
e para os chineses, para que a indústria manufatureira não seja competitiva”
e completou dizendo que “Nova York está congelante, está nevando. Nós
precisamos do aquecimento global”.
Durante
a campanha eleitoral Trump afirmou que retiraria os Estados Unidos do Acordo de
Paris, que já foi ratificado por mais de 100 países e entrou em vigor dia
04/11/16. A ratificação do acordo em prazo recorde constitui um dos maiores
avanços da humanidade no combate às mudanças climáticas.
A
escolha de integrantes de sua equipe de transição parece confirmar as promessas
de campanha e contribui para aumentar a preocupação quanto aos desdobramentos
para o acordo climático. Para tratar as questões energéticas e ambientais,
Trump indicou o lobista da indústria de combustíveis fósseis, Myron Ebell,
reconhecido cético da teoria predominante sobre o aquecimento global.
O
senhor Ebell faz parte de um grupo de intelectuais denominado Cooler Heads
Coalition (Coalizão de cabeças frias, em tradução literal), financiado pela
indústria de petróleo para combater o que qualificam de exageros acerca das
mudanças climáticas. Além disso, Ebell é diretor da organização conservadora
Competitive Enterprise Institute formada também por céticos em relação ao
aquecimento do planeta.
No
mesmo momento em que estes fatos decorrentes da eleição norte-americana
ocorriam, a COP22, em 08/11/16 divulgou dados da Organização Meteorológica
Mundial (OMM) demonstrando que os últimos cinco anos foram os mais quentes dos
registrados. Isto implica num aumento do nível do mar devido à inesperada
rapidez no derretimento da camada de gelo polar. Atualmente o gelo do oceano
ártico dos últimos cinco anos está 28% menor que a média dos 29 anos
anteriores. Segundo a OMM as temperaturas se aproximam perigosamente da meta
estabelecida na COP21.
São
esses dados irrefutáveis e comprovados por várias agências internacionais e
mesmo norte-americanas, como a Agencia Espacial (NASA) e a Administração
Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA), que os seguidores de Trump não aceitam
e pretendem combater.
Mesmo
a hipótese de não retirada imediata dos Estados Unidos da discussão sobre
mudanças climáticas pode ser problemática, pois a tendência é que os
representantes do futuro governo dos Estados Unidos emperrem a continuidade das
pesquisas e do debate, bloqueando as iniciativas que até agora propiciaram
avanços importantes e ajudaram a construir uma unanimidade internacional nunca
antes observada.
Por
outro lado, há um aspecto que pode ser considerado. As posições radicais do
grupo liderado por Trump poderão fazer com que aumente a coesão dos demais
países, fortalecendo posições contrárias aos céticos do aquecimento global.
Esse movimento já começou e fez sua primeira aparição na COP22, que se encerrou
em meados de novembro. Houve uma forte e unânime reação dos países contra as
ameaças de retrocesso no acordo e repudio às ameaças vindas do presidente
eleito.
O
documento final da 22ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças
Climáticas (COP22) constitui uma resposta aos céticos. Foi definido um plano de
ação para implantar e monitorar o Acordo de Paris até dezembro de 2018, e de
forma enfática se reiterou que o “clima global está esquentando em um nível
alarmante e sem precedentes e a comunidade internacional tem o dever urgente de
responder”. (ecodebate)
Nenhum comentário:
Postar um comentário