Cortinas verdes é alternativa para controlar excesso de
incidência solar
Aplicação de cortinas verdes na arquitetura como
alternativa para controlar o excesso de incidência de sol.
School of the Arts, Singapura – WOHA Arquitetos
Em
Paris, na França, já é lei: prédios comerciais devem ter tetos verdes ou
painéis solares em suas construções. Soluções sustentáveis têm sido cada vez
mais discutidas e pensadas nas grandes cidades do mundo. Foi justamente a
crescente proposição das cortinas verdes como alternativa para controlar o
excesso de incidência solar no interior dos edifícios que motivou a
pesquisadora Minéia
Scherer a desenvolver, como tese de doutorado, o trabalho Cortinas verdes na
Arquitetura: desempenho no controle solar e na eficiência energética de
edificações. “Tem-se observado o aumento do uso desse tipo de
elemento em projetos de arquitetura, sobretudo em países da Europa e Ásia. No
Brasil, seu uso ainda é incipiente, com poucas obras executadas. A maioria são
adaptações posteriores, não propriamente usando a cortina verde como elemento
de concepção projetual”, afirma Minéia.
A
pesquisa foi desenvolvida em três etapas: o estudo teórico sobre o tema, o
acompanhamento de um experimento de campo com algumas espécies e a realização
de simulações computacionais para a verificação da eficiência
energética. A capacidade de sombreamento de cada espécie também foi
considerada. “O uso da vegetação trepadeira para esse fim traz inúmeras
vantagens, por ser um componente natural, que não absorve calor, como ocorre
com concreto ou metais. Ao contrário, a vegetação resfria e umidifica o ar ao seu
redor.”
No experimento, foram analisados quatro tipos de
vegetação trepadeira adaptadas ao clima da Região Sul: Glicínia,
Trombeta-chinesa, Jasmim-leite e Madressilva-creme. O comportamento das
espécies foi diferente, dependendo da situação do clima: “De uma forma geral, a
Glicínia foi a que teve melhor desempenho para o caso do Sul do Brasil, de
clima subtropical. Desta forma, pode-se concluir que as trepadeiras apropriadas
dependerão de cada região”, conta.
De
acordo com a tese, com um bom planejamento, podem-se utilizar as cortinas
verdes em qualquer tipo de edificação, seja residencial ou comercial, térrea ou
com vários andares: “A vegetação trepadeira pode ser plantada diretamente no
solo ou em grandes jardineiras, o que viabiliza seu uso inclusive em pavimentos
superiores”, explica a pesquisadora.
Segundo
Minéia, o uso dessas plantas incorporadas ao edifício, seja na forma de
cortinas verdes ou de outro tipo de jardim vertical, é uma tendência da
produção arquitetônica contemporânea, já que os benefícios para o meio ambiente
e para as pessoas estão constantemente sendo comprovados. “A maior contribuição
desta pesquisa é a de demonstrar a viabilidade de um sistema alternativo para
evitar o excesso de incidência solar, que utiliza um componente de baixo
impacto ambiental e que vai ao encontro das premissas de uma arquitetura mais
sustentável”, reflete. Para a pesquisadora, um dos grandes problemas
enfrentados pelo modelo de arquitetura no Brasil é o grande uso de vidro e, por
consequência, o excesso de energia solar que se transforma em calor no interior
dos prédios: “Essa elevada carga térmica gera a necessidade do uso de sistemas
de climatização praticamente o ano todo, o que muitas vezes é um desperdício de
energia”, completa.
A pesquisa Cortinas verdes na Arquitetura:
desempenho no controle solar e na eficiência energética de edificações foi
premiada pela UFRGS como a melhor tese apresentada na área de Ciências Sociais
e Aplicadas em 2014.
BRT Arquitetos, Munique, Alemanha (ecodebate)
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