Coppe/UFRJ aponta a necessidade de alternativas
sustentáveis de transporte.
Estudo inédito da Coppe/UFRJ aponta para a necessidade de alternativas sustentáveis de transporte.
No
amplo cenário das mudanças climáticas, o setor de transporte é um dos que mais
preocupa e exige mudanças rápidas. Em 2010, foi responsável pela emissão de 7,0
GtCO2 no mundo. Recente estudo apresentado na COP22, em Marrakech,
elaborado pela Coppe/UFRJ, em parceria com a Shell, analisa alternativas
sustentáveis para o transporte rodoviário, usando como parâmetro os projetos de
mobilidade adotados no campus Cidade Universitária, da Universidade Federal do
Rio de Janeiro (UFRJ). A pesquisa tem como objetivo orientar as medidas que
governos podem tomar para reduzir as emissões.
– As
cidades universitárias representam, muitas vezes, uma amostra fidedigna de uma
cidade real e servem como um laboratório para testar possíveis formas de
minimizar os impactos promovidos pelo transporte -, analisa Suzana Kahn,
coordenadora da equipe do laboratório urbano de mobilidade da UFRJ, responsável
pelo estudo, destacando que o campus possui uma área de 5,2 milhões de metros
quadrados, por onde circulam mais de 100 mil pessoas por dia.
Compartilhamento
de carros pode gerar até 54% menos emissões
Somente
em 2015, os mais de 25 mil veículos que passaram diariamente pelo campus foram
responsáveis pela emissão de 2.384 milhões de KgCO2 por mês. Como
forma de reduzir esses impactos, a UFRJ vem testando os benefícios do
aplicativo de carona solidária Caronaê, usado por alunos do campus, além de
analisar o impacto no meio ambiente de outras formas de carona na universidade.
Entre os meses de abril e junho deste ano, compartilhar o carro evitou mais de
123 toneladas de dióxido de carbono na atmosfera e impediu que 38 mil novas
viagens até o campus fossem realizadas. Em países da Europa que adotam o
compartilhamento de automóveis, a redução de emissões chega a 54%.
De
acordo com Suzana Kahn, os dados obtidos somente na universidade comprovam que
é necessário debater formas de criar ações para tornar a mobilidade urbana mais
sustentável.
– As
opções para a redução de emissão de carbono na mobilidade compreendem
alternativas tecnológicas, de gestão e de comportamento. Como exemplo das
opções tecnológicas, temos veículos elétricos, de gestão, temos a questão de
incremento de transporte público e, de comportamento, a preferência por
transporte coletivo e deslocamentos não motorizados. Os desafios mais complexos
estão associados à mudança de comportamento, uma vez que envolvem questões
culturais, mas, no entanto, são os que apresentam maior benefício em longo
prazo.
Carros
elétricos aceleram como opção para sustentabilidade; viabilidade ainda é
impasse.
Com
a perspectiva de crescimento da frota de automóveis para os próximos anos e a
dependência dos combustíveis fósseis, os automóveis híbridos e elétricos
despontam como alternativa para redução de emissões. Veículos elétricos despejam
55% menos dióxido de carbono do que os movidos a gasolina. Em um cenário de
ruptura para tornar a mobilidade urbana menos poluente, o estudo estima a
drástica redução de emissões até 2050, caso o Brasil siga uma tendência mundial
de eletromobilidade. No entanto, impasses como a pesada carga tributária que
incide em veículos desse tipo, falta de rede de carregadores para os
automóveis, sobrecarga na matriz energética, entre outros pontos, podem
dificultar a introdução e a ampla permanência no país
–
Não basta que se eletrifique o setor de transporte, mas que a geração de
energia elétrica tenha bases renováveis. Vale ressaltar que o sucesso do uso em
larga escala da energia renovável está intimamente ligado com o desenvolvimento
de soluções para a armazenagem desta energia.
Segundo
Suzana Kahn, no cenário da UFRJ, a utilização de carros elétricos poderia
reduzir as emissões de CO2 em até 75% até a metade do século e em
68% em relação ao que foi emitido pela Cidade Universitária durante o ano
passado. (ecodebate)
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