“Não é o que olhamos que importa,
é o que vemos” - Henry Thoreau (200 anos de seu nascimento)
Nunca
os olhos humanos (desde o surgimento do Homo Sapiens) viram nada igual. O
processo de deglaciação do Ártico, Groenlândia e Antártica está se acelerando
em ritmo alarmante. A perda do volume de gelo jamais foi tão grande e isto
significa a aceleração do aumento do nível do mar e o naufrágio de territórios
costeiros cada vez mais extensos. Os prejuízos para a agropecuária e as
benfeitorias urbanas será cada vez maior.
Até
bem pouco tempo, o rápido degelo ocorria, fundamentalmente, no hemisfério
norte, especialmente no Ártico e na Groenlândia. A área de gelo da Antártica em
2014, 2015 e primeiro semestre de 2016 foi maior do que a média do período
1981-2010. Porém, uma combinação de aceleração do aquecimento global (o ano de
2016 foi o mais quente já registrado) com aumento dos ventos, mudanças
hidrológicas e do fluxo das correntes marinhas no hemisfério sul está fazendo o
degelo da Antártica bater todos os recordes. No segundo semestre de 2016 e nas
primeiras 6 semanas de 2017 a deglaciação do continente do Sul está alarmando
os cientistas e provocando preocupação entre as pessoas que acompanham e reconhecem
o processo antrópico de destruição do meio ambiente.
Ninguém esperava notícias tão ruins, que, coincidentemente, surgiram pouco antes das eleições dos EUA, em outubro do ano passado, e se agravaram, em todos os sentidos, depois da posse do cético e antiecológico presidente Donald Trump. Os gráficos abaixo, do National Snow & Ice Data Center (NSIDC), mostram que os últimos 5 meses (de outubro de 2016 a fevereiro de 2017) houve recorde de degelo no Ártico e na Antártica.
Artigo
de Brad Plumer (17/01/2017), no site Vox, mostra a figura abaixo, da NASA, que
indica a perda da extensão de gelo, comparada com a média histórica das últimas
décadas. A perda é enorme e está se acelerando.
O
gráfico abaixo (último dado plotado em 11/02/2017) viralizou na Internet depois
que ficou claro que a extensão de gelo global (dos dois hemisférios) teve um
declínio abruto após setembro de 2016. Ainda não está claro o que vai acontecer
com a criosfera no restante do ano de 2017, mas os cientistas estão
acompanhando diariamente o volume de perda de gelo, pois esse processo terá grande
impacto no aumento do nível dos oceanos.
Como
escrevi em artigo
anterior, existe uma relação inexorável entre o aumento das
emissões de gases de efeito estufa, provocada pelo aumento das atividades
antrópicas (crescimento demoeconômico do mundo), o aumento da concentração de
CO2 na atmosfera, o aumento do aquecimento global, o aumento do
degelo do Ártico, da Antártica, da Groenlândia e dos glaciares – tudo isto –
provocando o aumento do nível dos oceanos e o naufrágio das áreas costeiras
(urbanas e rurais) de todo o mundo.
No
ritmo atual, a herança maldita provocada pelo aumento da Pegada Ecológica irá
não só impactar negativamente as futuras gerações, mas, inclusive, as gerações
atuais. O ser humano passou séculos se enriquecendo às custas do empobrecimento
dos ecossistemas. Agora, a degradação da natureza vai cobrar seu preço e o
progresso civilizatório pode engatar uma marcha à ré irreversível. (ecodebate)
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