Estação no campus tem
importante papel no monitoramento de temperatura em áreas da agricultura no
interior.
Com
334 mm de chuva, o mês de janeiro encerrou como o 11º janeiro mais chuvoso dos
últimos 100 anos. Dados do Posto Meteorológico da Escola Superior de
Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) da USP mostram que o volume de chuva
registrado no primeiro mês de 2017 está acima da média, o que ficou claro com
as situações de alagamento vivenciadas pela população em Piracicaba.
As
medidas dos índices climáticos na ESALQ tiveram início em 1917 e revelam também
uma tendência de aquecimento no município, já que a temperatura subiu em média
1,48º C em 100 anos. “A longevidade da nossa série permite constatar essa
mudança climática, pois o aumento da temperatura média foi registrado como
tendência de longo prazo”, aponta o professor de Agrometeorologia do
Departamento de Engenharia de Biossistemas, Paulo Cesar Sentelhas.
Posto
centenário
A
instalação do posto meteorológico na ESALQ teve início em 1916 e os índices
começaram a ser registrados no ano seguinte. Além da estação convencional, a
escola tem ainda em operação uma estação automática, inaugurada há duas
décadas. Todo o banco de dados está disponibilizado de forma gratuita na
internet, com informações sobre temperatura máxima e mínima, umidade relativa,
velocidade do vento, variação solar e quantidade de chuva. “Para nós aqui no
interior, onde a agricultura é uma atividade totalmente dependente das
condições do tempo, a importância que se tem de uma estação meteorológica é
muito grande”, salienta o docente.
Agrometeorologia
A ESALQ
tem papel importante na formação da agrometeorologia no País. Os profissionais
dessa área estabeleceram a agrometeorologia como uma ciência aplicada, que faz
parte da formação de políticas públicas, de tomadas de decisão nas empresas,
que fazem usos de dados agrometeorológicos para agregar valor aos seus
produtos.
“Grande
parte dos profissionais que atuam em agrometeorologia no Brasil se formaram
aqui, a partir da década de 1960, quando começaram os programas de pós. Além
dos nossos egressos disseminarem esse conhecimento, muitos outros egressos de
outras instituições vieram estudar aqui na pós e acabaram treinando outros
profissionais. Esse é um legado importante da ESALQ como berço da
agrometeorologia brasileira”, comenta o professor Sentelhas.
Pesquisa
e extensão
Um
estudo recente utilizou os dados da série histórica de 100 anos na simulação de
modelos estatísticos para estimar a produtividade de cana ao longo do período,
com a finalidade de avaliar o potencial de palha para a cogeração de energia e
etanol de segunda geração. Outros projetos, desenvolvidos na graduação e
pós-graduação, possibilitam que os estudantes tenham pleno conhecimento sobre
as nuances da variabilidade climática.
A
Defesa Civil, o Departamento de Água e Esgoto, os veículos de imprensa fazem
uso dos dados provenientes da ESALQ. Além disso, o Departamento de Engenharia
de Biossistemas, que gerencia o posto, emite laudos meteorológicos para fins de
seguro, além de prestar serviços para empresas que testam materiais sob o
efeito das intempéries climáticas. Atualmente, por exemplo, uma empresa avalia
o comportamento de uma cobertura plástica exposta à radiação solar.
Além dos relatórios diários e mensais, o
equipamento do Posto da ESALQ disponibiliza dados meteorológicos on-line a cada
15 minutos.
“Em um país com enorme
carência de dados, séries históricas longas de dados meteorológicos
publicamente disponíveis são fundamentais para estudos, planejamento e
dimensionamentos urbanos e rurais. O Departamento de Engenharia de Biossistemas
da ESALQ, com seu corpo docente e de funcionários, do passado e do presente,
tem grande satisfação e orgulho em prestar informação meteorológica à sociedade
em um período que coincide com a história da ESALQ”, comenta o professor Marcos
Vinicius Folegatti, chefe do Departamento de Engenharia de Biossistemas em
exercício. (ecodebate)
Nenhum comentário:
Postar um comentário