Pesquisa produz poliestireno (plástico) e polimetacrilato
de metila (acrílico) com nanofibras de celulose.
Inovação vai permitir ampliação do uso de polímeros comerciais - poliestireno e polimetacrilato - largamente utilizados na indústria.
Fibras de celulose
Pesquisar
novos materiais – mais resistentes, leves, baratos, sustentáveis ou com
qualquer característica que os tornem mais convenientes para a indústria e
consumidores. Isso é o que faz a engenharia de materiais. Uma pesquisa uniu
duas das tecnologias mais férteis nessa área ao trabalhar com compostos em
escala extremamente reduzida (nanométrica) e, ao mesmo tempo, biodegradável. A
inovação vem da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP, onde
pesquisadores desenvolveram um método para produção de poliestireno (plástico)
e polimetacrilato de metila (acrílico) utilizando fibras e nanofibras de
celulose de eucalipto, bagaço de cana e outros vegetais.
O método
pode ser utilizado para produzir materiais que, além de elevada
resistência mecânica, têm baixo custo – já que as substâncias empregadas
no processo são derivadas de fontes renováveis (celulose). Os poliestirenos
e os acrílicos são largamente utilizados na construção civil, automobilística e
em componentes eletrônicos. A Agência USP de Inovação já patenteou o
produto.
O Brasil é
um dos líderes mundiais de produção de celulose e as inovações tecnológicas
feitas a partir de derivados de fontes renováveis têm recebido atenção dos
cientistas nos últimos anos. Segundo a Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ), o
País ocupa o quarto lugar no ranking dos produtores de celulose de todos os tipos
e o primeiro produtor mundial de celulose de eucalipto. Dessa forma, as fibras
de celulose vêm sendo estudadas como potencial material para substituição das
fibras convencionais.
Devido à
importância comercial do poliestireno (resina do grupo dos termoplásticos) e
por ele ter origem em fontes finitas da natureza (petróleo), a substância foi o
foco das pesquisas do Departamento de Engenharia de Materiais da EESC. Sob
orientação do professor Antonio José Félix de Carvalho, pesquisadores
adicionaram fibras e nanofibras de celulose no poliestireno para saber o que
resultava dessa composição.
Embora a
ideia fosse promissora, por se tratar de um produto biodegradável, e se
soubesse que as propriedades mecânicas da celulose a tornam tão rígida quanto o
próprio aço, a proposta não era tão simples assim. Segundo Carvalho, o problema
residia em como dispersar as fibras nos termoplásticos de poliestireno e
acrílico, uma vez que as fibras de polpas celulósicas ou nanofibras de celulose
tendem a formar aglomerados, o que impedia a sua distribuição nas substâncias
sintéticas da matriz principal (o poliestireno).”
A celulose,
por sua afinidade com água, não se misturava à resina (matriz sintética).
Isso levava à separação entre os componentes no momento de prepararão do compósito
final. “O problema era ainda maior quando a celulose era utilizada de forma
seca, o que tornava praticamente impossível a manipulação dos materiais”,
relata o pesquisador.
A solução
consistiu no desenvolvimento de um novo método para a “preparação dos materiais
compósitos baseado em um processo de coprecipitação (separação das substâncias
sólidas do líquido)”. O objetivo era impedir a aglomeração e garantir uma boa
dispersão das fibras na matriz polimérica para se obter no final um material
homogêneo e com propriedades mecânicas superiores aos produtos convencionais já
existentes no mercado.
Uma
vez resolvida a questão que inviabilizava o emprego das fibras celulósicas,
o trabalho de pesquisa resultou em um compósito com propriedades mecânicas
bastante melhoradas, comparáveis a outros compósitos produzidos a partir de
fibras sintéticas.
Compósitos
Os materiais compósitos estão presentes na natureza, no corpo humano ou em
qualquer outro lugar. São produzidos a partir da junção de dois ou mais
materiais distintos, que combinados resultam em um produto com propriedades de
melhor qualidade do que os materiais de partida. A ciência inova criando
compósitos sob medida para atender à demanda de fabricação de determinados
produtos que substituem os materiais convencionais (aço, ferro, alumínio), que
possuem aplicações limitadas. Os compósitos produzidos em laboratório possuem
características singulares e mais satisfatórias: leveza, resistência mecânica e
tolerância a mudanças de temperaturas e ao contato de compostos químicos e
água.
Poliestireno e polimetacrilato de metila
O
poliestireno é uma resina do grupo dos termoplásticos que tem como
característica principal a flexibilidade sob a ação do calor. Não é
biodegradável e demora cerca de 100 anos para se decompor na natureza. O
material é produzido a partir de fibra de vidro ou de carbono. É matéria-prima
para fabricação de diversos produtos: embalagens, copos descartáveis,
eletrodomésticos, aparelhos eletrônicos, brinquedos, componentes e peças da
indústria naval, automobilística e construção civil. O polimetacrilato de metila
é um tipo de acrílico. É transparente, rígido e de fácil polimento. Substitui
materiais como vidro, madeira e metais leves. (ecodebate)
Nenhum comentário:
Postar um comentário