Às vésperas da COP 23, ONU
aponta riscos para efetivação do Acordo de Paris sobre mudanças climáticas.
A
Organização Meteorológica Mundial (OMM) divulgou boletim que mostra que a
concentração de dióxido de carbono na atmosfera bateu recorde em 2017.
Há dois anos, 195 países
firmaram o Acordo de Paris,
fruto da Conferência Mundial do Clima (COP21) sobre a redução de emissões de
gases de efeito estufa. Era a primeira vez na história que governos reconheciam
conjuntamente os riscos associadas ao aquecimento global e pactuavam um acordo
global sobre o clima.
Apesar da relevância do
acordo, um estudo divulgado em 31/10/17 pela ONU Meio Ambiente afirma que o
acordo está em risco. Mesmo se fossem cumpridos todos os compromissos
assumidos, isso representaria apenas um terço do que é necessário alcançar até
2030 para que os piores impactos das mudanças climáticas sejam evitados, de
acordo com a agência da ONU que é a principal autoridade global em meio ambiente.
Divulgada a uma semana do
início da COP 23, Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que
ocorre em Bonn, na Alemanha, entre 6 e 17 de novembro, a oitava edição do
Relatório da ONU Meio Ambiente sobre a lacuna das emissões, intitulada Emissions Gap Report, alerta que são necessárias medidas urgentes para que
o acordo possa entrar em vigor em 2020, conforme previsto na COP 21. “Os
governos e os atores não estatais precisam aumentar urgentemente sua ambição
para garantir que os objetivos do Acordo de Paris ainda possam ser alcançados,
de acordo com uma nova avaliação da ONU”, diz o relatório.
A principal meta em questão é
limitar o aquecimento máximo do planeta a uma temperatura média “bem abaixo de
2°C acima dos níveis pré-revolução industrial”, com esforços para limitar o
aumento de temperatura a 1,5°C, nos termos fixados em 2015.
“As ações para se chegar à
redução proposta em Paris são definidas por cada país, que diz como pode
contribuir com esse objetivo global comum”, explica o coordenador de emissões
do Observatório do Clima, Tasso Azevedo. Ele detalha que as propostas atuais
fazem com que as emissões de 2030 provavelmente alcancem 11 a 13,5
gigatoneladas de dióxido de carbono equivalente (GtCO2e) acima do
nível necessário à adoção de uma trajetória condizente com o objetivo de evitar
o aquecimento de 2ºC.
Nesse rumo, de acordo com as
Nações Unidas, é “muito provável” que haja aumento da temperatura de pelo menos
3°C até 2100. O cenário pode se tornar ainda mais grave caso os Estados Unidos
sustentem a intenção declarada de deixar o Acordo de Paris em 2020, alerta o
estudo. “Ainda falta muito esforço a ser feito, por isso o que o relatório
apresenta um apelo para que, até 2020, quando vai ocorrer a primeira revisão das
metas, elas sejam fortalecidas para a gente diminuir essa distância entre as
propostas fixadas pelos países e a meta global”, destaca Azevedo, que antecipa
que, “se a gente não der mais ambição para essas metas, estaremos numa situação
ruim”.
Dióxido de carbono
Nesse contexto, a Organização
Meteorológica Mundial (OMM) divulgou em 30/10/17 que mostra que a concentração
de dióxido de carbono na atmosfera bateu recorde neste
ano, chegando a 403,3 partes por milhão (ppm).
O relatório apresenta formas
práticas de envolver diversos agentes, inclusive municípios e setor privado, no
esforço de reduzir as emissões em diferentes setores, por meio de ações como
adoção de energia solar e eólica, desenvolvimento de carros de passageiros
eficientes e reflorestamento.
Esses agentes também podem
contribuir com o fim do desmatamento, a eliminação do uso e produção de
hidrofluorcarbonos – produtos químicos usados principalmente em aparelhos de
ar-condicionado, refrigeração e isolamento de espuma – e reduzindo poluentes
climáticos como o carbono preto e o metano.
Para a ONU, é preciso garantir investimentos
para a adotação de tecnologias limpas. A organização calcula que o investimento
de menos de US$ 100 por tonelada de CO2 evitado poderia
economizar até 36 GtCO2e, a cada ano, até 2030.
Outro ponto que o relatório
destaca é a necessidade de efetivação de mudanças na matriz energética. Evitar
novas usinas a carvão e eliminar as já existentes é uma das recomendações das
Nações Unidas nesse sentido. O relatório aponta que existem cerca de 6.683
usinas a carvão em funcionamento no mundo, com uma capacidade combinada de
1.964 gigawatt (GW).
Se essas usinas funcionarem
até o final de sua vida útil sem se adaptar à Captura e Armazenamento de
Carbono, de acordo com o estudo, elas vão emitir um total de 190 gigatonelada
(Gt) de CO2. (ecodebate)
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