A pirâmide
global da riqueza sempre foi desigual, mas conseguiu apresentar uma
desigualdade ainda maior nos últimos anos. O relatório sobre a riqueza global
2017, do banco Credit Suisse (The Credit Suisse Global Wealth Report 2017)
renova o quadro amplo e esclarecedor da má distribuição da riqueza (patrimônio)
das pessoas adultas do mundo. A riqueza global foi estimada em USD$ 280
trilhões em 2017 (meados do ano). Como havia 4,92 bilhões de pessoas adultas no
mundo, a riqueza per capita por adultos foi de USD$ 56.540,00 (cinquenta e seis
e quinhentos e quarenta mil dólares).
Na base da
pirâmide estão as pessoas com a riqueza menor do que 10 mil dólares. Nesta
imensa base havia 3,474 bilhões de adultos, em 2017, o que representava 70,1%
do total de pessoas na maioridade no mundo. O montante de toda a “riqueza”
deste enorme contingente foi de USD$ 7,6 trilhões, o que representava somente
2,7% da riqueza global de USD$ 280 trilhões. Ou seja, pouco mais de dois terços
(2/3) dos adultos do mundo possuíam menos de 3% do patrimônio global da
riqueza. A riqueza per capita deste grupo foi de USD$ 2.187,00
No grupo de
riqueza entre USD$ 10.000,00 e USD$ 100.000,00 havia 1,054 bilhão de adultos, o
que representava 21,3% do total de pessoas na maioridade no mundo. O montante
de toda a riqueza deste contingente intermediário foi de USD$ 32,5 trilhões, o
que representava 11,6% da riqueza global. Ou seja, cerca de um quinto (1/5) dos
adultos do mundo possuíam 11,6% do patrimônio global da riqueza. A riqueza per
capita deste grupo foi de USD$ 30,8 mil.
No grupo de
riqueza entre USD$ 100.000,00 (cem mil dólares) e USD$ 1.000.000,00 (um milhão
de dólares) havia 391 milhões de adultos, o que representava 7,9% do total de
pessoas na maioridade no mundo. O montante de toda a riqueza deste contingente
intermediário foi de USD$ 111,4 trilhões, o que representava 39,7% da riqueza
global. Ou seja, menos de um décimo (1/10) dos adultos do mundo possuíam 39,7%
do patrimônio global da riqueza. A riqueza per capita deste grupo foi de USD$
285 mil.
Os
milionários, aqueles com patrimônio acima de USD$ 1.000.000,00 (um milhão de
dólares) eram somente 36 milhões de adultos, representando 0,6% do total de
adultos do mundo, mas concentravam 45,9% da riqueza mundial, um montante de
USD$ 128,7 trilhões. A riqueza per capita deste grupo foi de USD$ 3.575,00.
Chama a
atenção na distribuição da riqueza que os 36 milhões de adultos do alto da
pirâmide possuíam uma riqueza 17 vezes o patrimônio dos 3,47 bilhões de pessoas
da base da pirâmide. A renda per capita dos adultos do topo estava 1.634 vezes
maior do que a média dos adultos da base da pirâmide.
Nota-se
que a desigualdade apresentada no relatório 2017 do Credit Suisse é maior do
que a desigualdade apresentada no relatório de 2012, como pode ser verificado
na figura abaixo.
Ainda de
acordo com relatório Global Wealth Report 2017, a riqueza total dos brasileiros
foi de USD$ 2,5 trilhões para 146 milhões de adultos, uma média de USD$ 13,532
por adultos. O 1% dos brasileiros do topo da pirâmide (227 mil adultos) acumula
uma riqueza equivalente ao patrimônio de 44% dos brasileiros da base da
pirâmide. Segundo a projeção do banco Credit Suisse, o número de milionários no
Brasil poderá chegar a 296 mil até 2022, o que representaria uma alta de 81%
ante os atuais 164 mil brasileiros com mais de US$ 1 milhão.
Não é
surpresa que o mundo seja tão desigual e esteja ficando com uma desigualdade
ainda maior. O Brasil é um dos países mais desiguais em um mundo tão desigual.
Evidentemente, uma redução da alta concentração da riqueza poderia reduzir a
pobreza e poderia também gerar recursos para a proteção do meio ambiente.
A riqueza
global foi estimada em USD$ 223 trilhões em 2012 e em USD$ 280 trilhões em
2017, um crescimento de 26% em 5 anos. Ou seja, o mundo humano está ficando
mais rico e mais desigual. Ao mesmo, tempo o meio ambiente está ficando cada
vez mais pobre e degradado. Desta forma, não resta dúvidas de que o atual
modelo de desenvolvimento é insustentável e que o século XXI poderá assistir a
um “choque marxista” em decorrência das injustiças sociais e um “choque
ambiental” devido à ultrapassagem da capacidade de carga do Planeta (Alves, 2015).
Fica a cada
dia mais evidente que é impossível manter o crescimento da engrenagem insana de
acumulação de capital que gera, ao mesmo tempo, riqueza (para poucos), pobreza
relativa (para muitos) e, de forma ampla, geral e irrestrita, uma degradação
dos ecossistemas e da biodiversidade. Sem justiça social e sem base ecológica
não haverá como manter a estrutura piramidal da civilização antropocêntrica.
(ecodebate)
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